Tema: Simplicidade
A casa de Mazalu
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Era uma vez um sapo que se chamava Mazalu. O sapo Mazalu
vivia muito quieto debaixo de uma pedra junto ao rio.
Certa manhã, o
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sapo Mazalu saiu a passeio e encontrou o seu
amigo tatu. O tatu chamava-se Pavio. |
– Como vai, amigo Mazalu? Como tem passado?
O sapo respondeu:
– Vou bem, obrigado, amigo Pavio.
Disse então o tatu:
– Qualquer dia eu apareço lá por sua casa. Vou fazer-lhe
uma visita.
O sapo tremeu. E sabem por quê? Ele não tinha casa.
Morava embaixo de uma pedra num lugar frio e cheio de
lama. Como receber a visita de um amigo tão elegante
como o Pavio?
Depois de pensar um pouco, o sapo respondeu delicado:
– Apareça, amigo tatu, apareça. Vá um dia jantar comigo.
– Está bem, amigo sapo. Brevemente irei passar a tarde
em sua casa.
Nesse mesmo dia, o sapo tratou de arranjar uma casa onde
pudesse receber a visita do tatu.
Ele ouvira dizer que uma ave chamada joão-de-barro fazia
casas. E casas bonitas! Mais bonitas que as casas feitas
pelos engenheiros. Dali mesmo ele foi procurar o
joão-de-barro.
– Você pode fazer uma casa para mim, João-de-Barro?
O João-de-Barro respondeu:
– Não há nada mais fácil. Farei para você uma casa muito
bonita com portas e varanda. Custa só cem reais.
– Está bem, respondeu o sapo.
E pagou os cem reais para o João-de-Barro. No dia
seguinte o sapo foi ver a casa construída pelo
João-de-Barro.
Era muito bonita, bem feita e tinha porta e varanda, mas
ficava muito alta, no galho de uma árvore e o sapo não
podia chegar até lá. Mazalu foi obrigado a desistir da
casa feita pelo João-de-Barro.
"Só a formiga saúva será capaz de fazer uma casa que
sirva", pensou o sapo. "Vou falar com a formiga saúva".
Mas a formiga morava em formigueiros horríveis onde não
entra água.
E a casa feita pela formiga saúva não serviu ao sapo.
Era pequena, muito seca e abafada.
O sapo gostava de lugares úmidos e frios. O sapo
lembrou-se da velha coruja, que passa o dia recolhida e
só sai à noite para passear. A coruja sim é que sabe
fazer casas magníficas. E o sapo resolveu comprar uma
casa da coruja.
Mas a casa da coruja não ia servir para ele; era um
buraco feito no tronco de uma velha mangueira e o sapo,
por mais que pulasse, não conseguiria alcançar a porta
de sua nova moradia.
Pobre Mazalu! Mal sabia ele que casa de coruja não serve
para sapo.
Muito triste, o sapo procurou o macaco, que vivia a
saltar pelas árvores.
– Macaco, você pode fazer uma casa para mim?
– Ora se posso! – respondeu o macaco.
E sabe o que fez o macaco?
Arranjou um caixote sem tampo e desse caixote fez uma
casa para o sapo.
– Agora sim – disse o sapo – posso receber a visita do
meu amigo tatu.
Mas no dia da visita o tatu ficou muito triste. Não
podia entrar na casa do sapo. O caixote era muito
pequeno; ele não cabia lá dentro.
– Amigo sapo – disse o tatu – a casa é para mim pequena
e desagradável. Pensei que você morasse debaixo de um a
pedra junto ao rio. Era lá que eu queria jantar com
você.
Ao ouvir isso, o sapo ficou muito espantado. Tivera
tanto trabalho e despesa para arranjar aquela casa e, no
entanto, o tatu queria encontrá-lo como ele vivia,
modesto e tranquilo debaixo de uma pedra junto ao rio.
O sapo voltou para o seu lugar e lá recebeu muitas
visitas.
Cada vez que o tatu ia visitá-lo, levava um belo
presente para o amigo.
Texto de Malba Tahan, do site Passatempo
Espírita.