Brasil
por Lílian Reis

Ano 18 - N° 869 - 28 de Abril de 2024

 

 

 
Nosso comportamento na transição planetária foi o tema do IX Congresso Espírita do Distrito Federal


Sob a música-tema “Nossa Natureza”, iniciou-se o IX Congresso Espírita do Distrito Federal na noite de 19 de abril, sexta-feira, em Brasília. Os participantes foram envolvidos em canções elevadas e consoladoras graças à apresentação musical de Alexandre Paredes, do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estevão, na Asa Norte.

Na abertura oficial, o presidente da Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF), Paulo Maia, destacou o sentimento de gratidão pela realização do Congresso e da retomada das casas espíritas pós-pandemia. Segundo Paulo, Evangelho e Ecologia é um tema que não tem mais como postergar, pois o momento é de ação imediata. “Que a gente não saia daqui só meditando e sim com atitudes planejadas e organizadas para que mudemos nossa forma de agir na nossa casa espírita, nosso lar, nossa família”, encorajou.

Público

Na sequência, o presidente da Legião da Boa Vontade, Paulo Medeiros, agradeceu a parceria com a federativa e a presença do Congresso Espírita no Centro de Convenções da LBV visto que o parlamento ecumênico é um fórum de debates de ideias que proporciona dias melhores à sociedade. Contou a história da instituição e reforçou que somos criações que fazem parte da Natureza, por isso precisamos nos conscientizar de nosso dever no mundo. “A destruição da Natureza é a extinção da raça humana”, bradou.

Por fim, o representante da Federação Espírita Brasileira (FEB), João Rabelo, asseverou que as respostas de nosso papel na transição planetária estão no próprio Evangelho. Relembrou a atuação de Paulo de Tarso, Maria de Nazaré, Francisco de Assis, vultos que exemplificaram a harmonia do homem com o mundo. E retomando o tema do Congresso, Rabelo alertou sobre a importância de “colocarmos o Mestre nos nossos sentimentos, nos nossos corações”, de reafirmarmos o nosso compromisso com o Cristo. “Os dias difíceis são um convite para que cresçamos, nos alarguemos em entendimento e as nossas luzes se acendam para iluminar o mundo”, encerrou.

 

*

 

Na sequência, eis uma visão panorâmica do que foi apresentado nos três dias de realização do Congresso.

 

Evangelho e Ecologia: a união necessária para a transição planetária


“Mas por que o planeta está sendo destruído? Porque estamos afastados da lei divina. Somos egoístas e predadores” (Haroldo Dutra)
 

Haroldo Dutra

Uma visão evangélica da Ecologia. Essa a proposta do painel de abertura do 9º Congresso Espírita do DF, conduzido pelos oradores Saulo César e Haroldo Dutra Dias, que abordaram o tema Meu papel na transformação planetária.

Saulo César deu início à exposição valendo-se do benfeitor Emmanuel, que utiliza a natureza para explicar o Evangelho e retratar as leis de Deus. Segundo o espírito, existem três níveis de responsabilidade e débitos: para com a vida, a natureza e os semelhantes. O expositor salienta, no entanto, como o ser humano, em momento de transição planetária, tem se comportado mal no que tange a esses valores evangélicos, à Ecologia e à natureza. “Muitas vezes não cuidamos nem mesmo do ecossistema da nossa saúde”, enfatizou.

Segundo ele, a natureza tem uma forma implacável de agir: tudo que não está ajustado ao bem tem data para acabar. “Há uma lei escrita para a nossa felicidade e ela inclui o nosso comportamento diante da natureza”, disse. Ele exortou todos a desenvolverem o senso de cuidado, respeito e carinho para com a natureza como condição fundamental para construirmos um planeta de regeneração: “Sem isso, a transição planetária vai ocorrer de qualquer forma, mas é preciso repensar com urgência e seriedade os nossos comportamentos e posturas diante da natureza”.

Saulo César (foto) finalizou a explanação com uma frase do benfeitor Emmanuel: “A ocasião de viver em harmonia com
o Senhor, com o semelhante e com a natureza é uma glória comum a todos”. Porém, sublinhou o palestrante, somente com a nossa vontade poderemos vivenciá-la.


Ecologia, para o Espiritismo, é muito mais que preservar espécies

Haroldo Dutra complementou as reflexões sobre o tema questionando a falta de envolvimento e ponderação do movimento espírita no debate sobre a Ecologia. Segundo ele, enquanto espíritas não se envolvem efetivamente com a questão ecológica, ativistas promovem debates perturbados e cheios de ódio. “Nossa proposta é de equilíbrio”, disse.

Para o orador, entrar em comunhão com a lei divina (o Evangelho) que rege a natureza e o Universo deve ser a nossa prioridade, pois a natureza retrata o pensamento divino. “A natureza é exuberância, beleza e abundância. Mas por que o planeta está sendo destruído? Porque estamos afastados da lei divina. Somos egoístas e predadores”, ressaltou.

O ponto importante para Haroldo Dutra está na divisão que o homem estabeleceu entre religiosidade e natureza, e deu o exemplo da guerra entre Israel e Irã, na qual duas nações religiosas estão se destruindo. “Ecologia, para o Espiritismo, é muito mais do que preservar as espécies do planeta Terra. É respeitar a natureza, que é a criação divina”. E condenou a relação predatória que o homem tem tido com o meio ambiente.

Ao concluir a exposição, Haroldo Dutra ressaltou que na natureza vigora um padrão diferente do existente entre os seres humanos: o da máxima diversidade e máxima colaboração.  É desta forma que funciona um bioma em perfeita harmonia. Já no ecossistema humano vigora ainda a grande dificuldade em aceitar a diversidade. “O padrão moral do Cristo reflete o padrão da natureza: ele sempre acolheu todos com a máxima equidade e respeito, dando a cada um a oportunidade da regeneração; nunca condenou a vida de ninguém, nem dos maus”. Fica, portanto, o questionamento: como podemos utilizar o Evangelho em benefício da Ecologia e qual o nosso papel na transformação planetária? (Ana Cristina Sampaio Alves, jornalista espírita.)

 

Passageiro ou tripulante? André Trigueiro chama atenção ao papel do espírita de cuidar da nave-mãe Terra

 

“Um dia todos nós seremos anjos

vamos trabalhar e acreditar

que um dia todos nós seremos anjos

num planeta onde o amor, unicamente o amor

há de reinar. E assim será.”

(Grupo Acorde)

 

Com o auditório da Legião da Boa Vontade harmonizado pela apresentação musical de Diego Azevedo, o jornalista, escritor, professor, ambientalista André Trigueiro subiu ao palco para a primeira apresentação do 2º dia do Congresso Espírita do Distrito Federal. Com o tema “A hora é de ação, a sabedoria do Evangelho”, Trigueiro fez um alerta aos espíritas sobre a importância do cuidado com o meio ambiente ser uma tarefa assumida por todos.

O palestrante iniciou trazendo dados indicando como as mudanças climáticas afetam a todos. Na área da saúde, o Brasil iniciou 2024
enfrentando uma epidemia de dengue: são mais de 3,5 milhões de casos e 1.500 mortes da doença provocada pelo mosquito aedes aegypt. “10 em 10 especialistas explicam que a epidemia tem relação com as mudanças climáticas”, salientou.

A inflação que pesa sobre os alimentos também foi outra questão levantada na palestra. Trigueiro explicou que tempestades acima da média e longos períodos de seca têm prejudicado as colheitas. Segundo ele, parte da explicação científica para esses efeitos extremos vem da devastação de biomas como a Amazônia e o Cerrado, onde fica o DF.

“Nós estamos falando de um fenômeno que não é natural. A humanidade está modificando o clima. A temperatura média do planeta está se elevando”, explicou André Trigueiro. “Isso causa inúmeros problemas à saúde pública, à economia, à fauna. Isso está acontecendo em uma progressão impressionante”, alertou.

 

Negacionismo climático

Após citar esses dados, André Trigueiro enfatizou a necessidade de o espírita levar a Ciência a sério. Ele lembrou que a credibilidade da Doutrina Espírita se deve muito ao método científico utilizado por Allan Kardec para evitar mistificações e fraudes. O palestrante afirmou que “o apreço à Ciência nos caracteriza. O negacionismo científico não combina com o Espiritismo”.

A apresentação seguiu apontando como o Evangelho de Jesus combina e muito com a ecologia. André Trigueiro citou que Jesus é considerado por Joanna de Ângelis como o sublime ecólogo. “O que Jesus pensa quando a gente depreda a casa que com tanto carinho Ele criou para a gente?”, questionou.

Segundo Trigueiro, “se Jesus é nosso modelo e guia, mas não estamos nem aí para o meio ambiente, há uma contradição". E completou dizendo a importância de falar sobre o tema, ainda que seja um desafio: “Não é possível defender um mundo melhor e mais justo, um mundo onde a gente desacelere a destruição ambiental e o agravamento da crise climática, sem incomodar”.

 

Tarefa de todos - O jornalista também apontou hábitos sustentáveis, para mitigar as mudanças climáticas, que podem ser adotados tanto por espíritas, como pelos centros em todo o País. Ele elogiou a postura sustentável da organização Congresso, feito pela Federação Espírita do Distrito Federal, de não disponibilizar copos descartáveis de plástico, materiais poluentes que levam séculos para se decompor e ainda se espalham pelos biomas na forma de micro plástico.

André Trigueiro aconselhou ao público a adotar hábitos sustentáveis de consumo para evitar desperdício de água e energia elétrica e também para poluir menos, como evitar o uso do carro em trajetos curtos e também separar os resíduos recicláveis e orgânicos.


Questionamentos

Os últimos 20 minutos da palestra foram dedicados às perguntas do público. Uma delas foi sobre o papel dos centros espíritas na luta pela sustentabilidade. Além de evitar copos descartáveis, Trigueiro deu outras dicas: adoção de medidas de eficiência energética, telhados ecológicos, coletores de água da chuva e coleta de óleo de cozinha. Outro conselho foi o incentivo à carona solidária, para ter menos carros rodando pelas ruas.

E como uma das recomendações deixadas por Kardec aos espíritas, André Trigueiro também incentivou o estudo da relação entre Ecologia e Espiritismo. Fazendo uma homenagem à obra de Carlos Alberto Pastorino, o palestrante citou um trecho do livro Minutos de Sabedoria: “A Terra espera pelo seu auxílio. Ela lhe dá o ar para respirar, desde que nasceu, a água para dessedentá-lo, o alimento para sustentá-lo, a residência para protegê-lo, e você, que é que dá em retribuição? Está contribuindo para a prosperidade da Terra que o recebe de braços abertos permitindo-lhe a evolução e o aprendizado? Não se esqueça de que a Terra espera pelo auxílio!”

André Trigueiro finalizou sua primeira palestra na 9ª edição do Congresso lembrando que a Terra é uma nave viajando pelo cosmos, logo, todos estamos navegando nela e podemos assumir um papel: “você se sente tripulante ou passageiro? O passageiro senta e espera a viagem terminar. O tripulante está em missão. Ele colabora para o projeto da viagem. Eu quero quer que nessa nave da LBV, hoje, todos os assentos desse auditório estão ocupados por tripulantes.” (Antônio Trindade, jornalista espírita.)

 

Mayse Braga: mais do que ecológicos, precisamos ser verdadeiros cristãos


Inquilinos do planeta Terra, a natureza reflete o mundo interior do Homem


A oradora Mayse Braga fez palestra na tarde deste sábado no 9º Congresso Espírita do DF, com o tema Terra: Não somos proprietários deste “imóvel”. Com sua irreverência habitual e acostumada a palestrar há 51 anos, Mayse deu início à sua fala lembrando que “não somos proprietários, mas inquilinos recorrentes do planeta”.

Para ela, mais do que ecológicos, o conhecimento da Doutrina Espírita precisa fazer os homens solidários em todas as situações difíceis. Por isso, ela acredita que o Terceiro Milênio só vai começar quando a mudança mais importante acontecer “portas adentro do nosso coração”.  

Segundo a oradora, a Terra passa por uma mescla de almas criminosas que reencarnam, almas medianas e alguns espíritos preparados para nos apontar caminhos. “Há quem já esteja construindo o céu na Terra, mas não são fáceis de encontrar”, disse. No entanto, salientou, não há como preservar a natureza sem cuidar do mundo íntimo de cada um.

Ao contar histórias de milionários como Rockfeller e Onassis, que passaram por graves problemas de saúde e familiares, Mayse trouxe a mensagem da importância do trabalho em função do próximo. “Se não nos dedicamos a fazer algo pelo nosso semelhante, nosso caminho está frustrado em todos os aspectos. Por isso, ao falar em preservação do planeta, estamos falando dessa busca interior de nos encontrarmos conosco mesmos”, afirmou.

Mayse Braga elogiou a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, hoje com 21 anos, que teve a coragem de perguntar a todos os adultos qual planeta eles estavam deixando para seus filhos.  “Tudo que doamos à vida, ela nos devolve. Por isso é tão importante, mais do que ecológicos, sermos verdadeiros cristãos”, sublinhou. A oradora reiterou que o homem vai retornar ao planeta Terra quantas vezes forem necessárias, enquanto não tiver cumprido a sua parte. (Ana Cristina Sampaio Alves, jornalista espírita.)

 

Jacobson Trovão alerta que a paz efetiva é a do Cristo que atende a lei divina


No segundo dia do congresso, palestrante discorre sobre desenvolvimento da consciência para evitar automatismos e domínios mentais


“A paz efetiva é diferente da idealizada, pois tem a ver com o trabalho, com a consciência do dever cumprido e está em sintonia com a lei suprema”, conceituou Jacobson Trovão em palestra proferida no segundo dia do 9º Congresso do Espírita do DF, no fim da tarde de sábado, dia 20 de abril.

Jacobson Trovão afirmou que essa paz efetiva está em harmonia com a divindade, com os semelhantes e com a natureza, a fim de fazer uma conexão com o tema do evento, ou seja, ecologia e espiritismo.

Nos primeiros momentos da explanação, Jacobson Trovão referiu-se à obra de André Luiz, que ao abordar sobre estágios da evolução dividiu a consciência em três estágios – recorrendo a uma metáfora a partir da comparação com os pisos de uma casa.

Por essa conceituação, o primeiro nível (subsolo) é do subconsciente, o segundo (piso médio), da consciência e o terceiro (piso superior) da superconsciência. “A maioria de nós está estacionada nos porões, repetindo hábitos adquiridos ao longo de várias encarnações, que nos prende a um automatismo indesejável”, detalhou o palestrante.

O entendimento é que muitas pessoas, ainda que não se perceba, estão subjugadas, escravizadas por esses hábitos e, consequentemente, repetindo comportamentos negativos. Isso tem a ver com a questão nº 479, do Livro dos Espíritos, sobre até que ponto os encarnados podem ser influenciados pelos desencarnados. 

A esse respeito, Jacobson Trovão comparou que enquanto os espíritos superiores nessa relação entre dois planos, se limitam a nos inspirar em lugar de nos dirigir, os inferiores não têm escrúpulos, pois se empenham por determinar e impor comportamentos viciosos. Essa dependência se traduz e amplia o automatismo e o domínio mental.

Uma evidência de que o ser humano permanece nos porões da consciência pode ser verificada na conduta se ainda ser reativo. Revidar no mesmo tom ao ser agredido, guardar mágoa, ódio, e se manter na intolerância. “Essas são características do estágio subconsciencial, quando os impulsos do passado determinam o atual modo de ser”, complementa Jacobson Trovão.

Outra citação do palestrante foi ao personagem Lameque, descrito no livro de Gênesis, da Bíblia hebraica. A narrativa aponta que esse patriarca assassinou um homem que o tinha ferido, na verdade, havia o pisoteado. A vingança que o ofendido escolheu foi a de agredir setenta vezes sete o suposto adversário. Em outras palavras, uma reação ilimitada.

Jacobson Trovão utilizou essa passagem para defender que o ideal é que se pense de forma totalmente inversa. A revolta, o ciúme, o ódio, a mágoa são faixas mentais perigosas, que abrem brechas para mentes oportunistas que se aproveitam para influenciar negativamente e em alguns casos levar ao crime. “Se alguém, me ofendeu eu não preciso retribuir da mesma forma”, recomendou o palestrante.

Na verdade, Jacobson Trovão propôs, em oposição ao exemplo de Lameque, que o ideal é o avanço no exercício de amar as outras pessoas, na direção da indulgência e da benevolência, caminhos que levam ao perdão. “Precisamos identificar a faixa psíquica em que estamos. Ao tomarmos consciência, abrirmos a possibilidade da escolha”, complementa.

Outro exemplo utilizado foi o de Chico Xavier sobre a necessidade de evangelizar encarnados e desencarnados. Em algumas situações, o obsessor é um amigo do passado, que está preso em equívocos que o outrora companheiro se libertou e não quer dar continuidade.

Palestrante requisitado nacionalmente, Jacobson Trovão é autor dos livros Psicofonia na Obra de André Luiz e ABC da Juventude. Profissionalmente, é professor de direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás e procurador jurídico em Goiânia-GO. (Sionei Ricardo Leão, palestrante espírita.)

 

Despertando consciências para uma sociedade sustentável


Palestrantes no 9º Congresso Espírita do Distrito Federal debatem sobre Educação Moral e Subsistência Sustentável


No sábado, dia 20 de abril, o 9º Congresso Espírita do Distrito Federal proporcionou uma profunda reflexão sobre o tema "Educação Moral para uma Subsistência Sustentável" durante uma roda de conversa realizada na Legião da Boa Vontade (LBV) em Brasília. Com a participação dos palestrantes Adeilson Salles, André Trigueiro, Berenice Santos, Jacobson Trovão, Saulo César e Thiago Toledo, o evento trouxe à tona questões cruciais sobre o papel individual e coletivo na transição planetária.

O diálogo, mediado pelo jornalista André Trigueiro, levantou questões como o papel da mulher, a importância de um ecossistema equilibrado para a prática mediúnica, a responsabilidade das próximas gerações e o consumismo desenfreado. Berenice Santos, única mulher entre os palestrantes, enfatizou o potencial do empoderamento feminino na construção de um mundo regenerado: "As mulheres podem atuar de maneira diferente, já que, de acordo com a sociedade patriarcal, os líderes homens fizeram escolhas que levaram nosso planeta ao estado ambiental em que estamos hoje", afirmou.

Jacobson Trovão trouxe à tona uma questão crucial quando foi indagado sobre a relação entre um meio ambiente equilibrado e a prática mediúnica. De acordo com o palestrante, a atividade mediúnica está intimamente ligada com a natureza, com os recursos da natureza. “No próprio passe, o que é transfundido para o paciente é um recurso misto com liberação ectoplasmática do médium, do espírito e dos recursos da natureza que são retirados de plantas, animais e também das águas”, explicou, lembrando conceitos esclarecidos por André Luiz no livro Nosso Lar

Em pergunta dirigida a Saulo César, André Trigueiro, questionou a importância de uma educação moral em um contexto marcado pelo consumismo desenfreado e pela alienação ambiental. "É possível nos dias de hoje promover a educação moral com o consumismo, o uso perdulário dos recursos, o desprezo pelos recursos naturais?", indagou Trigueiro.  Em resposta, Saulo César enfatizou a importância urgente de uma educação moral robusta para enfrentar a crise ambiental sem precedentes que enfrentamos.

“A ausência de educação moral que leva a esse estado de coisas. É por meio da educação moral que vamos alterar esse estado de coisas. Não é uma tarefa simples e vai exigir muita coragem para enfrentar aquilo que é comum, mas não é normal como, por exemplo, a falta de cuidado com os recursos hídricos”, respondeu.

O debate reiterou a importância da educação moral como um pilar essencial na construção de uma sociedade sustentável e consciente. As reflexões dos palestrantes inspiraram os participantes a considerar suas próprias responsabilidades individuais e coletivas na transformação planetária. (Ana Beatriz Guimarães, jornalista espírita.)

 

O necessário e o supérfluo: Qual o limite?
 

A resposta à pergunta, tema do painel apresentado na tarde do segundo dia do 9º Congresso Espírita do DF, está no Livro dos Espíritos,
segundo explica o palestrante e escritor de 96 livros, Adeilson Salles (foto).

O tema foi compartilhado com Berenice Santos, da Federação Espírita do Rio grande do Sul e colaboradora do projeto Saber Ambiental.

Nas questões 715 a 717 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos benfeitores como o homem deve utilizar-se dos recursos do planeta sem causar prejuízos materiais e espirituais. Eles dão duas respostas: ter apenas a posse do necessário na vida material e ter paz e consciência na vida espiritual.

Como psicanalista, Adeilson destacou uma frase comum na sua área: “Todo excesso esconde uma falta”.  E está ligado às nossas carências, complementa. Por isso, recorrem a abusos como rota de fuga. Para escaparem, praticam tudo em excesso: jogos, sexo, bebidas, compras etc.

Ele explica que é algo subjetivo para cada um. Não há receita, mas, pode-se usar de bom senso na quantidade de sapatos, de roupas que cada um tem, por exemplo.

Berenice expôs o funcionamento do projeto - atualmente programa - do Saber Ambiental e o papel que ele vem desenvolvendo junto às casas espíritas desde 2016, quando foi criado. Aborda os aspectos: material e espiritual. Trabalha com a sociedade na gestão ambiental e com os centros espíritas com treinamentos e especializações. Questionada sobre qual a relação entre gestão ambiental e Espiritismo, Berenice respondeu: “Queremos voltar quando desencarnarmos, e o que iremos encontrar aqui? O planeta não precisa de nós, e sim, nós precisamos dele”.

Para Adeilson, a degradação ambiental é proporcional à nossa depredação interna. “Precisamos despoluir a nós mesmos, expurgar os resíduos tóxicos, onde o passado é um dos maiores poluentes”. O palestrante atento para a despoluição do ecológico espiritual de cada um, por meio do perdão, da tolerância e da empatia, considera que ainda há falta de sentimentos dentro de nós.

Berenice encerrou a palestra sugerindo uma reflexão: “Como estamos, hoje, em nível de sustentabilidade espiritual? Está na hora de adotarmos um estilo de vida mais agradável com o meio ambiente”, finaliza. (Diva Ferreira, jornalista espírita.)

 

Ética Espírita: Respeitar a vida em toda a sua diversidade

Com a participação de Saulo César e Marta Antunes, Geraldo Campetti conduziu a roda de conversa da tarde do segundo dia do Congresso Espírita do DF. O fio condutor do bate-papo consistia em perguntas e respostas.

O mediador começou perguntando à Marta Antunes se estamos fazendo a nossa parte e prontamente ela respondeu que não. Citou O Livro dos Espíritos, que aborda os reinos da Natureza. “Somos um todo dentro de um ecossistema orgânico e inorgânico, onde precisamos interagir”, afirmou. Citou ainda A Gênese, mostrando os graus evolutivos entre os minerais, as plantas, os animais e todos os seres, inclusive os micróbios. A palestrante ressaltou que precisamos ter uma consciência cósmica da vida.

Saulo César falou sobre a inclusão e a diversidade entre todos os seres da Natureza e o que o Espiritismo ensina. “Precisamos olhar além da matéria, trazendo como exemplo o encontro de Jesus com Publio Lentulus. Jesus viu que aquele senador seria Emmanuel dali há dois mil anos. Os nossos olhos só veem o que nasce, vive e morre. É preciso olhar ao lado, ao redor. Jesus nunca enxergava como a pessoa estava e sim aonde ela chegaria”, destacou Saulo.

Sobre os vegetais e os animais, Marta afirmou sermos todos codependentes em um processo evolutivo e gregário. “Devemos aprender com o reino animal e vegetal a sermos simples, pois nesses reinos nada falta e nada sobra. Paulo de Tarso ensina como se contentar com o que temos. León Denis encontrou Deus na Natureza. Enfim, evoluímos em grupos”, considerou.

Saulo César, indagado sobre o sentimento dos Espíritos que desencarnaram sem terem alcançado algum nível de consciência ecológica, argumentou que vale o quanto o Espírito conseguiu internalizar conhecimentos enquanto encarnado, o quanto se conscientizou e acrescenta, “está encarnado, está vivo num planeta, caminhando para a regeneração, é uma oportunidade, uma honra e uma responsabilidade”, concluiu. (Diva Ferreira, jornalista espírita.)


Nota da Redação
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Lílian Reis é jornalista e espíritaColaboraram nesta reportagem os jornalistas espíritas Antônio Trindade, Diva Ferreira, Ana Beatriz Guimarães e Ana Cristina Sampaio Alves, bem como o palestrante espírita Sionei Ricardo Leão.


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita