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por Altamirando Carneiro

 

Por um amor vale a vida


Este assunto é relatado no livro Gênesis, do Antigo Testamento, a partir do capítulo 12. Sintetizemos o que lá se escreve:

Abraão, considerado o primeiro grande patriarca do povo hebreu, de cuja descendência surgiria o Messias, era natural da cidade de Ur, na Caldeia, situada no vale da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, no Golfo Pérsico, atual Iraque.

Por volta do século 20 antes de Cristo, ele deixa Ur e dirige-se para Harã, ao norte, acompanhado de seu pai. Era casado com sua prima Sara.

Depois da morte de seu pai, Abraão deixa a casa paterna e segue em busca da Terra Prometida. Foi até Siquém, no vale do rio Jordão, onde havia terras boas para cultura. Ali instalou-se e viveu a maior parte de sua vida. Após ter sido testado por Deus, por quem ia sacrificar o próprio filho Isaac, Abraão construiu um altar, formou sua aliança com os mentores espirituais e deu início à religião monoteísta.

Houve uma época de grande seca, quando Abraão se deslocou para o Egito com a família e o rebanho. Na volta à Terra Prometida, via Negueb, não foram bem recebidos pelos cananeus, principalmente pelos desentendimentos de seu sobrinho Lot, que também se desentendeu com os pastores do rebanho de Abraão. Por isso, tio e sobrinho separam-se e, a conselho de Abraão, Lot instala-se com sua tribo na planície do Jordão, ao sul do Mar Morto.

Abraão teve vários filhos. Deles, os mais citados foram Ismael, filho de Agar, escrava de sua mulher, e Isaac, filho de sua mulher Sara. Isaac casa-se aos 40 anos com Rebeca, irmã de Labão, com quem teve dois filhos, os irmãos gêmeos Esaú e Jacó. Esaú, por ter nascido primeiro, tinha direito à progenitura, mas trocou-a com Jacó por um prato de lentilhas.

Por determinação de Isaac, Jacó é enviado à casa de Labão, em Harã, onde conhece sua prima Raquel e apaixona-se por ela. Labão exige que, para recebê-la em casamento, Isaac trabalhe para ele durante sete anos. Findo o prazo, astuciosamente, em lugar de Raquel lhe dá Lia. Após ter uma semana nupcial, Labão entregou-lhe Raquel, com a exigência de que, para desposá-la, Jacó teria que trabalhar mais sete anos.

Durante a viagem até Harã, Jacó sonhou com uma escada que se erguia na Terra e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Esta escada representa o processo de evolução dos Espíritos na Terra. Na volta da viagem para Canaã, Jacó sonhou que lutou com um anjo até o amanhecer. Como não foi vencido, o anjo lhe deu o nome de Israel e lhe disse que esse seria o seu nome daí por diante, pois dos seus descendentes, que seriam doze, se originariam as doze tribos de Israel. Como sabemos, na divisão de Canaã, cada uma das terras recebeu o nome de um dos filhos de Jacó. Esta é a origem do povo de Israel.

Segundo São Jerônimo, estudioso e compilador da primeira Bíblia em Latim, o sonho de Jacó é uma mensagem do combate espiritual e perseverante do homem com sua inferioridade – a Reforma Íntima, como nós espíritas c conhecemos.  

Luiz Vaz de Camões, o grande poeta português, assim descreve a "saga" de Jacó:


Sete anos de pastor Jacó servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
que a ela só por prêmio pretendia.
 
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se por vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe deu a Lia.
 
Vendo o triste pastor que com enganos
assim lhe fora negada a sua pastora,
como se não a tivera merecida;
 
Começa a servir outros sete anos,
dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita