Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Em 1940, Chico Xavier enfrentou outra prova médica. De repente, deixou de urinar. A bexiga inchou e o doente, como simples mortal, procurou um médico em vez de recorrer aos céus. O diagnóstico não foi nada animador. Se a retenção urinária se prolongasse por mais 24 horas, o ataque de uremia seria inevitável e fatal. Diante da perspectiva da morte, Chico pediu ajuda a Emmanuel. Desta vez, nem insinuou um pedido de cura. Queria apenas ser recebido por ele no "outro mundo". Nada feito. Emmanuel tinha mais o que fazer. “Estarei ocupado”, disse-lhe ele. “Mas se você sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do Luiz Gonzaga e, depois, não se descuide das sessões de quarta-feira [dedicadas aos espíritos sofredores]. Espere pacientemente a sua vez de ser atendido. Você não é melhor do que os outros.”

Chico se livrou da retenção urinária e, aliviado, animou-se até a criar uma letra para a marcha composta por seu companheiro de trabalho, Oswaldo Gonçalo do Carmo, autor do hino de Pedro Leopoldo. Escreveu Nossa Festa e, para evitar o assédio da crítica, atribuiu os versos a uma amiga dos dois, Maria Geralda Carrusca, a Zinha, que o tinha ajudado em algumas rimas. Nem sinal de Augusto dos Anjos no poema:

 

Muita música, maestro

No programa colossal

Todo Sete de Setembro

É nossa data ideal

Cantemos a nossa festa

que alegria não faz mal

Pandeiros e tamborins

Cantemos de coração

É mais um ano que passa

De harmonia e vibração

Marchas, sambas, rumbas, foxes

Nossa gente é do barulho

Cantemos a noite inteira

Nosso jazz é nosso orgulho.

 

Chico tinha pouco tempo para estripulias profanas. Carregava um vulcão na cabeça. As erupções, incessantes, geravam bateladas de livros. Em 1940, ele lançou três novos títulos e ainda faltavam dezenove para ele atingir a cota de trinta combinada com Emmanuel.

 

Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita