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por Rogério Coelho

 

Infalíveis metodologias de aprimoramento espiritual

 

Trabalho, oração, fé e esforço são caminhos da redenção.


“(...) Como o passado nos significa dor e arrependimento, o hoje faz surgir a abençoada hora de   recuperação e produtividade para o futuro de paz e alegria que nos espera”. - 
Irmã Angélica[1]


Em uma página psicografada[2] no dia 16.08.1867, intitulada “Acontecimentos”, um Espírito afirmou: “(...) Do mesmo modo que o desenvolvimento do indivíduo é acompanhado de certas perturbações físicas e intelectuais, peculiares, particularmente, a determinados períodos da vida, também a Humanidade tem suas crises de crescimento e seus transtornos morais.   

Atravessais uma dessas grandes épocas, que encerram um período e dão começo a outro.   Participando simultaneamente das coisas do passado e das do futuro, dos sistemas que ruem e das verdades que se fundam, tende o cuidado, meus amigos, de colocar-vos do lado da solidez, da progressividade e da lógica, se não quiserdes ser arrastados ao sabor das ondas; tende o cuidado de abandonar palácios suntuosos na aparência, mas vacilantes em suas bases e que não tardarão a sepultar nas suas ruínas os infelizes que insensatamente não quiserem deles sair, a despeito dos avisos de toda sorte que lhes são prodigalizados...  Todas as frontes se anuviam e a calma aparente de que gozais apenas serve para acumular maior quantidade de elementos destruidores.

Algumas vezes, antes da tempestade que destrói os frutos dos suores de um ano, surgem precursores que permitem se tomem as precauções necessárias a evitar, tanto quanto possível, as devastações.   Desta vez, assim não será.   Parecerá que o Céu, depois de estar sombreado, se aclara; as nuvens fugirão; em seguida, de súbito, todos os furores, por longo tempo comprimidos, se desencadearão com inaudita violência...   Ai dos que não hajam preparado para si um abrigo!  Ai dos fanfarrões que forem ao encontro do perigo com o braço desarmado e o peito descoberto!   Ai dos que afrontarem o perigo empunhando a taça!   Que terrível decepção os espera!  A taça que empunham não lhes chegará aos lábios, antes que eles sejam atingidos!

À obra, pois, espíritas, e não esqueçais que todos deveis ter prudência e previdência.  Tendes um escudo, sabei servir-vos dele.  Tendes uma âncora de salvação, não a desprezeis”.

Allan Kardec desenha[3] o perfil do homem de bem, isto é, daquele que possui as virtudes suscetíveis de elevá-lo aos cimos gloriosos da emancipação espiritual, e, portanto, não será levado de roldão no turbilhão que se avizinha, ou seja, aquele que

“(...) cumpre a lei de justiça, de amor e caridade na sua maior pureza; interroga a própria consciência auscultando a profundidade do ser em isenta e minuciosa avaliação de seus feitos; deposita fé em Deus; tem fé no futuro; faz o bem sem ostentação e sem esperar paga alguma, nem mesmo reconhecimento; retribui o mal com o bem; toma a defesa do fraco contra o forte; encontra satisfação nos benefícios que espalha; nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos; é bom, humano, benevolente para com todos; é respeitador; em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor; não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado; é  indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo:  “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”  Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los.  Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal; estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las; todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera; não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros; não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado; usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas”...

Aí estão enumerados alguns dos tópicos facilitadores da conquista das infalíveis metodologias de aprimoramento espiritual.  Mas ainda não é tudo e tampouco o suficiente, pois na equação do progresso espiritual não podemos deixar de apreciar dois fatores essenciais: o trabalho e a reencarnação.

Conforme nos ensina Irmã Angélica1,

“(...) O trabalho edificante bem direcionado; o culto do dever, conscientemente realizado; a integração numa ética otimista qual a evangélica, constituem metodologias de aprimoramento, em cuja aplicação pessoal ninguém fracassa...  A reencarnação representa uma das revelações mais antigas de que a Humanidade terrestre tem conhecimento.   Krishna, na antiguíssima Índia; Hermes, no remoto Egito; Lau-Tseu, na velhíssima China, herdaram das culturas ancestrais desaparecidas o conhecimento da palingenesia e transmitiram às Escolas Esotéricas e aos Templários das civilizações orientais a informação salutar dos renascimentos, armando os homens com os recursos hábeis para o êxito durante a vilegiatura humana, preparatória para a libertação do Espírito, após os compromissos realizados...

 Sócrates, na Grécia; Jesus, em Israel, confirmando os ensinos essênios; Buda, também, na Índia; Pitágoras, em Crotona; os druidas, nas Gálias e outros missionários quais Plotino, Porfírio, Orígenes, Tertuliano, no Cristianismo primitivo confirmaram este formoso mecanismo de crescimento para Deus, conclamando os homens à luta e à liberdade do mal que neles se demora, a fim de lograrem o bem que os aguarda.

Allan Kardec, ouvindo e meditando em torno dos sublimes ensinos dos Imortais, atualizou os postulados reencarnacionistas utilizando-se de uma dialética profundamente racional e científica que pôde, qual vem sucedendo com êxito, enfrentar o cepticismo e a negação, oferecendo a antevisão do futuro feliz que se encontra ao alcance de quantos se empenhem, honesta e sinceramente, por conquistá-lo.

 Todavia, levantam-se personalidades arraigadas ao conceito nadaísta da vida e à descrença, estabelecendo campos de sistemas de dúvida, de contradição, elaborando sofismas com que per­turbam as mentes mais fracas e inquietam um bom número de pessoas não estruturadas pelo estudo e pela meditação dessa verdade. Outrossim, combatem o conceito verdade, estabelecendo que tal pertence a cada um, sem dar-se conta de que há verdades e “verdades”, que existem e pululam em toda parte.  Certamente que há a verdade de cada pessoa, que luta por demonstrá-la, mais por paixão personalista do que através do seu conteúdo filosófico, tanto quanto aquelas que são veiculadas por escolas de variada formação ética, no campo do pensa­mento filosófico ou científico...   Indubitavelmente, há verdades que surgem e ressurgem periodicamente, conforme a estratificação cultural dos povos e dos séculos, desaparecendo e renascendo em roupagens novas, no entanto, apresentando sempre a mesma estrutura.  É o caso da reencarnação, que em cada período ressuma daquele que lhe é anterior, em composição compatível com o conhecimento vigente, trazendo no seu bojo as mesmas afirmações e advertências éticas, numa abordagem de consequências morais, com o objetivo de promover e felicitar a vida, o homem...

Seja nas assertivas das remo­tas revelações ocorridas nos santuários dos povos do passado, seja na eloquência de Jesus e Allan Kardec ou nas conclusões dos modernos estudiosos da Parapsicologia e da Psicotrônica que, não obstante nomearem o fenômeno do renascimento carnal do Espírito com designações novas, tais “memória extracerebral”, “bloco energético sobrevivente”, “campo de vida”, para explicarem a constatação do retorno da individualidade a qual a morte não destruiu, o conteúdo é o mesmo:  pro­var a necessidade do aproveitamento sábio do tempo e da vida.

(...) Não descoroçoemos jamais ante o esforço de redenção, aconteça o que acontecer, buscando na oração as fontes inspirativas da verdade, adquirindo forças para prosseguir e jamais desesperar”.

 


[1] - FRANCO, Divaldo. Painéis da Obsessão. 8.ed. Salvador: LEAL, 2002, cap. 8.

[2] - KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 25.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1990, 2ª parte, p.p. 278-279.

[3] - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 125.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. XVII, item 3.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita