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por Fernando Rosemberg Patrocínio

 

A Matemática e o burro


Conta-se que Chico, certa vez, falando com Emmanuel, lhe expusera sua dificuldade em entender certas coisas da Mediunidade, e que gostaria de saber mais sobre tal potencialidade psíquica, esta, pois, inerente a todo e qualquer Ser humano, com o que obteve do seu protetor a seguinte resposta:

“Não se tem como ensinar Matemática pra um burro!”

Dita resposta, algo grosseira, mas também algo jocosa, não se destinara, penso eu, e propriamente falando, ao Chico, mas sim aos tantos sabichões que acham saber tudo de Espiritismo, onde se inclui, óbvio, a Mediunidade.

Ora, Chico, além de ter sido um dos maiores autodidatas do século 20, fora igualmente um médium que, desde seus primeiros anos de idade, já falava, via mediúnica, com o Espírito de sua mãezinha, que o reconfortava de suas tristezas, seus problemas vários da vida terrena.

Donde o Chico, mais ainda, comentava saber, desde tenra idade, de todas as passagens de um dos mais importantes livros codificados no Século 19: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), de Allan Kardec; e isso desconhecendo o referido livro; e, portanto, como é que se explica tal fato da vida do Chico, do seu saber quando ainda não sabia, pelo menos do ponto de vista humano e material, quando não havia estudado tal obra no Mundo terreno.

Logo, Chico fora mais que um médium, fora um ‘Extraordinário Sábio Doutrinário’ e, além do mais, dotado de uma humildade e de um amor incondicional a todos, coisa que, aliás, estamos longe de alcançar em termos evangélicos e espirituais.

Por outro lado, Chico foi detentor de 75 anos de mediunidade, e, portanto, fora um conhecedor da Vida em seu mais amplo aspecto: físico e transcendental que nos circunda a todos, e, portanto, cremos que a resposta de Emmanuel fora sim, dirigida aos mais diversos sabichões que, estudando tão só “O Livro dos Médiuns”, já se acham doutores em matéria tão complexa, como o é a questão da mediunidade, desse intercâmbio psíquico que se faz tanto daqui pra lá, como de lá pra cá, em todo o percurso de nossas vidas terrenais.

Ora:

“Semelhante atrai semelhante!”

Não é mesmo?

Por outro lado, as renomadas obras do Espírito André Luiz, de Emmanuel e de muitos outros sábios da Vida Espiritual – e não só tais obras do Chico – têm-nos alertado sobre o problema mediúnico, de suas dificuldades, sucessos e insucessos.

Na obra de André Luiz, por exemplo, “Nos Domínios da Mediunidade” (1954-Feb), vemos, no capítulo 1, o referido autor tratar do tema como sendo inerente ao que se pode classificar, pasmem, como: “Ciências Mediúnicas”.

Donde se conclui que o sábio Espírito Aulus detinha, ou detém, notável “riqueza cultural e o mais entranhado patrimônio de Amor”, adquiridos, ambos, em muitos anos de trabalho em tal setor humano e científico da mediunidade, pois que:

“Interessara-se pelas experimentações mediúnicas desde 1779, quando conhecera Mesmer, em Paris, no estudo das célebres proposições lançadas a público pelo famoso magnetizador. Reencarnando-se no início do século passado (século 19), apreciara, de perto, as realizações de Allan Kardec na codificação do Espiritismo, e privara com Cahagnet e Balzac, com Theophile Gautier e Victor Hugo, acabando seus dias na França depois de vários decênios consagrados à mediunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da Europa. No mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, observando e trabalhando em seu apostolado educativo”. (Opus Cit.).

E reitera estar o sábio da mediunidade:

“Dedicando-se, agora, à obra de espiritualização no Brasil, e isto há mais de 30 anos, donde comentava, otimista, as esperanças do novo campo de ação, dando-nos a conhecer a primorosa bagagem de memórias e experiências de que se fazia portador”. (Opus Cit.).

Logo, e, por si só, tal lembrete da obra de André Luiz nos faz refletir sobre quanto temos de estudar e de aprender sobre tal aspecto inerente à grandiosa Ciência do Espírito, quando, então, e no tocante, ainda, ao que dissera Emmanuel a Chico, podemos até não ser burros em tal disciplina pelo fato de já conhecermos os mais distintos sábios do Século 19, do Século 20 e deste início do Século 21 no tocante a um tema tão vasto como também complexo, o que nos coloca, pois, e, quiçá, com algum saber sobre o tema – mediunidade - em questão.

Porém, a mediunidade, como qualquer outra faculdade psíquica, é igualmente evolutiva e, pois, avança e se distende pelos mais diversos Mundos superiores ao nosso, possibilitando fenômenos cada vez mais grandiosos em suas potências que não cessam jamais.

Ora, o Nosso Senhor Jesus era, em sua tamanha superioridade espiritual, e, como se sabe: médium; ou melhor, Ele ainda o é, até hoje, como sabemos:

“Um Médium de Deus”.

Logo, nós todos, ainda, não somos doutores em tal disciplina, e, tampouco o somos em coisa alguma, não passando Eu, Você, como todos nós, de aprendizes um tanto indisciplinados de tão importante aspecto de nossas vidas terrenas, donde a mediunidade, como faculdade em expansão, se inicia nos animais e se enriquece pelas humanidades afora, prosseguindo, ainda, muito além do que o possamos imaginar!

Creio que humildade em tal aspecto é tudo quanto possamos ter nestas horas de difícil transição planetária para um Mundo melhor: o Regenerador.

Para encerrar, reiteremos que somos todos nós, ainda, iniciantes quanto ao fenômeno da complexa mediunidade em nossas vidas comuns, pois sabemos que os grandes instrumentais mediúnicos, mesmo eles, foram também suscetíveis de algum deslize, alguma falha de suas faculdades no intercâmbio com o Mundo Maior.

Emmanuel, em “O Consolador”, falara, em suas páginas finalizantes, sobre o problema da filtragem mediúnica, donde ocorrera algum equívoco na transmissão de suas ideias no referido livro.

E Pietro Ubaldi, em “Comentários”, também aludira a tais pontos de filtragem no tocante à obra “A Grande Síntese”, sinceramente declarando: “poder-se-á discutir da obra algum termo, algum pormenor, poder-se-á levantar a acusação de alguma inexatidão”, e etc. etc., revelando, com isso, pois, sua extrema humildade, donde “Sua-Voz” se lhe mostrava num plano de inteligência crística, globalizante, e, pois, de altíssimas vibrações psíquicas.

E seu autor mediúnico - Ubaldi – por sua vez, se achava num plano constrito pela materialidade de um Mundo provacional donde as ideias daquele (Sua-Voz) haveriam de sofrer alguma distorção pelas circunstâncias distintas, “quiçá longínquas”, de tais planos mentais e, em nosso caso, biologicamente densos e materiais.

Boas reflexões a todos!

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita