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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

“Firmeza e constância” em nossas boas ações


As epístolas de Paulo constituem autênticos repositórios de sabedoria, incentivo e estímulo aos que buscam alcançar algo mais transcendente na vida, além, obviamente, da simples satisfação dos sentidos e prazeres pessoais. Elas abordam, impreterivelmente, temas da mais alta relevância e, por essa razão, são muito úteis àqueles que já despertaram para a necessidade de aperfeiçoarem o seu Espírito. Ou seja, são assuntos e recomendações para pessoas que acordaram para a responsabilidade de perseguir igualmente outros deveres mais elevados. Infelizmente, muitos ainda não acordaram para tal imperativo e, assim, não focam no que realmente importa para a sua felicidade.

Posto isto, o Apóstolo dos Gentios nos recomenda, entre outras coisas, a sermos firmes e constantes na execução das obras do Pai, tendo-se em vista que a nossa contribuição não é destituída de valor e reconhecimento (1ª Epístola aos Coríntios, 15:58). O Espírito Emmanuel, a seu turno, examina o conteúdo dessa epístola em particular, na obra Fonte Viva (psicografia de Francisco Cândido Xavier), extraindo-lhe sábia interpretação que vale ressaltar. Assim sendo, a iluminada entidade espiritual sugere que muitos abraçam a fé por meio de gesto mecânico e, sobretudo, “êxtase improdutivo”, não avançando muito além disso. Por isso, ele esclarece que:

“Fé representa visão.

“Visão é conhecimento e capacidade de auxiliar.

“Quem penetrou a ‘terra espiritual da verdade’, encontrou o trabalho por graça maior.

“O Senhor e os discípulos não viveram apenas na contemplação.”

Portanto, a par do estímulo impulsionado pela fé, do profitente espera-se ações concretas no que concerne à materialização dos ideais sublimes e, acima de tudo, muito trabalho. Como bem recorda Emmanuel, “A prece e a reflexão constituem o lubrificante sutil em nossa máquina de experiências cotidianas”. No entanto, tais recursos não nos isentam do esforço redentor na atividade que nos compete executar na obra divina. O estado contemplativo permanente, aliás, não nos ajuda a cooperar e muito menos avançar nos caminhos que nos cabem trilhar. Nesse sentido, destaca o eminente mentor “... que o Mestre e os aprendizes lutaram, serviram e sofreram na lavoura ativa do bem e que o Evangelho estabelece incessante trabalho para quantos lhe esposam os princípios salvadores”.

Para Emmanuel, a aceitação dos postulados cristãos representa uma renovação “para as Alturas”, para a qual “só o clima do serviço consegue reestruturar o Espírito e santificar-lhe o destino”. Note-se, assim, que o caminho para a autoiluminação inevitavelmente implica o devotamento ao trabalho voltado ao bem maior. Em outras palavras, “Agir ajudando, criar alegria, concórdia e esperanças, abrir novos horizontes ao conhecimento superior e melhorar a vida, onde estivermos, é o apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova”.

Por fim, reitera Emmanuel para que cultivemos a prece para enfrentarmos as contendas, bem como para, “... não nos esqueçamos de acionar os nossos sentimentos, raciocínios e braços, no progresso e aperfeiçoamento de nós mesmos, de todos e de tudo, compreendendo que Jesus reclama obreiros diligentes para a edificação de seu Reino em toda a Terra”. Desse modo, apliquemos de forma positiva e construtiva o cabedal de conhecimentos ou habilidades que eventualmente possuímos para fazermos jus a tão importante apelo do mais alto. Ademais, como acertadamente pondera o referido mentor em outra extraordinária obra sua, Vinha de Luz (também psicografada por Francisco Cândido Xavier)as nossas vidas não consistem na abundância dos bens que possuímos, mas na abundância dos benefícios que proporcionamos, consoante os desígnios do Criador. 

Em síntese, só com muita “firmeza e constância” de nossa parte, como asseverou Paulo, poderemos algo fazer de proveitoso à humanidade e a nós mesmos, por extensão. A hora presente repleta de sombras e escândalos demanda trabalhadores e cooperadores sinceros e devotados à definitiva implantação das imortais lições de Jesus nos corações humanos para que as tão desejadas transformações planetárias com vistas ao progresso sejam, enfim, consumadas.
 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita