Correio mediúnico

Espírito: Dalva de Assis

Na viagem do mundo


“Quem me segue não anda em trevas…” — prometeu-nos o Eterno Amigo.

Se avanças, assim, em companhia do Mestre, sob o nevoeiro do mundo, muitas vezes serás interpelado pela sombra, através daqueles que te palmilham a senda.

Em plena estrada, dir-te-á pelo rebelde:

— Perdão é covardia. O ódio alimenta. Incendeia o caminho. Oprime e passa.

Dir-te-á pelo ambicioso:

— Não cogites dos meios para alcançar os fins. Dar é tolice. O interesse acima de tudo. Mais vale um vintém na Terra que um tesouro nos Céus.

Exclamará para os teus ouvidos pela boca dos viciosos:

— Nada além da carne. Come e bebe. Goza o dia. Embriaga-te e esquece.

Exortar-te-á pelo usurário:

— Não desdenhes a bolsa farta. Serviço é privilégio da ignorância. Migalha bem furtada, riqueza justa. Ajuda a ti mesmo, antes que os outros te desajudem.

Dir-te-á pelo pessimista:

— Nada mais a fazer. Que te importa o destino? Não vale a pena… Tudo é ilusão.

Exortar-te-á pelos filhos do orgulho:

— Jamais te humilhes. O mundo é teu. Nada além de ti mesmo. Vence e domina.

Em teu santuário de serviço, dir-te-á pelo chefe:

— Não reclames. Obedece e cala-te. Estou fatigado… Não me perturbes.

Pela voz do subordinado, gritará, inquietante:

— Não te aproximes. Não te suporto. Pagar-me-ás a injustiça. Maldito sejas.

E acentuará pela boca do companheiro:

— Desaparece. Não me aborreças. Estou farto. A culpa é tua…

Em casa, dir-te-á pelos mais amados:

— És a nossa vergonha. Enlouqueceste… Que fizeste de nós? Não passas de um fraco…

Mas, no imo d’alma, escutarás a palavra do Senhor, na acústica do coração:

— Brilhe tua luz. Ama sem exigência. Serve a todos. Ampara indistintamente. Não desesperes. Tem bom ânimo. Ora pelos adversários. Ajuda a quem te calunia. Perdoa setenta vezes sete. A quem te pedir a túnica, oferece também a capa. Ao que te pedir a jornada de mil passos, caminha com ele dois mil. Renúncia é conquista. A dor é bênção. Sacrifício é glória. O trabalho é superação. A luta é pão da vida. A cruz é triunfo. A morte é ressurreição.

Se souberes ouvir o Celeste Orientador, aprenderás servindo e servirás amando…

E, reconhecendo a tua condição de simples viajante no mundo, usarás, cada dia, a bússola da bondade e da fé, no divino silêncio, nutrindo a certeza de que aportarás, amanhã, sob a inspiração de Jesus, na grande praia da verdade, onde encontrarás, enfim, a tua Vitória Eterna.

 

Do livro Instruções psicofônicas, obra de autoria de Espíritos diversos pelo médium Francisco Cândido Xavier.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita