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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

O que fazem os médicos depois da morte? Dormem, sonham, estudam ou trabalham? Ganham por isso?


Esta semana estive no velório de pessoa muito querida. Ela vinha nos visitar enquanto sua irmã (que morava na mesma chácara) era encarnada. Sempre que possível eu colhia frutas e verduras e levava para ela, que não precisava desse favor, pois vivia bem, mas adorava receber e agradecia.

Entramos no cemitério e um jovem forte, bonitão, preto, 46 anos, orientava como colocar o caixão no carrinho de rodas grandes, e como caminhar dentro das alamedas, que estão recebendo os benefícios da limpeza.

Como o conheço há tempos, brinquei: “Amigo, você está aqui orientando sempre alguém para os túmulos, sem fazer distinção, mas prefiro ser eu a levar você neste carrinho”, ao que ele respondeu: “Só se você viver duzentos anos”... Imagine que loucura ficar entravado no corpo sem poder se movimentar, sem ouvir, sem falar – porque nosso instrumento de permanência nesta Terra ainda não foi preparado para viver tanto tempo.

Passando pelas lápides, vi nomes importantes de nossa comunidade, que já viveram momentos de esplendor, sucesso, poder, sabedoria ou amor, e outros simples e sem expressão na memória da cidade, em carneiras mal arrumadas...

De uma coisa estou certo: todos voltaram para o Reino de Deus. É então que podemos dizer algo sobre a individualidade que vestiu um corpo físico e no fim da existência material foi expulso dele, porque não erra mais aqui.

Três médicos que viveram na Terra agora estão domiciliados numa pequena cidadela espiritual, Mansão da Paz, onde fazem residência para voltarem à carne no futuro. Servem de apoio a hospital de movimentada cidade terrestre; naquele momento, auxiliavam Laudemira, que estava grávida, e chegara a hora do parto.

O instrutor clínico Silas comandava o atendimento. Solicitou aos médicos André Luiz e Hilário que auxiliassem em oração, pois cabia à paciente receber mais três crianças no templo do lar, antigos companheiros de crueldade que, na feição de filhos, com ela se levantariam para serviços regeneradores.

O facultativo do Além, Silas, com a mão direita colada na testa da parturiente, começou a fazer, com a outra mão, operações magnéticas sobre o colo uterino. Uma substância irradiava de sua mão. Não demorou para que surgissem contrações, que foram se acentuando. Silas controlava a evolução do parto, até que o cirurgião encarnado penetrou o recinto. O organismo de Laudemira reagira brilhantemente.

Ninguém morre, apenas o corpo. Depois da passagem desta vida para a outra, os médicos podem dormir, como na Terra, sonhar com um futuro melhor, estudar e trabalhar socorrendo os mortos em sofrimento e os que estão aqui no corpo, e ganhar experiência e a consciência tranquila de fazerem o bem, que se reverterá em seu benefício em nova permanência, num corpo futuro.

Portanto, amigos, façamos que nossa estadia na vida, em qualquer plano que estejamos habitando, seja para encantar as pessoas com gestos de bondade, compreensão e carinho.


Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Gráfica e Editora EME.

 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita