Artigos

por Rogério Coelho

 

O melhor tratado de imunologia


A saúde, na essência, é harmonia de vibrações

 
“(...) O Evangelho de Jesus é a mais profunda e perfeita afirmação de alegria e paz que se conhece”. 
Joanna de Ângelis[1]


A saúde é um bem precioso e necessário a todas as criaturas em sua caminhada evolutiva.  Mas, infelizmente, nas estâncias de provas e expiações, como é o caso da Terra, são raríssimas as pessoas que têm juízo suficiente para lograr e manter saúde perfeita. Os vícios, os excessos de vária ordem, os despautérios, as incontinências emocionais grassam infrenes... Daí os cenários expostos à nossa vista no proscênio terrestre.

O egoísmo é o “carro-chefe” fomentador das desgraças humanas.

Para fazer face a todo esse amontoado de iniquidades, imunizando-nos contra seus efeitos deletérios, nada melhor do que o conhecimento e a prática do Evangelho do Cristo, esse singular e insubstituível tratado de imunologia colocado ao alcance de todos.

Joaquim Murtinho (Espírito) ensina com sabedoria[2]: “(...) se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo se consagraria à vida simples, com o trabalho ativo e a fraternidade legítima por normas de verdadeira felicidade.

A escravização aos sintomas e aos remédios não passa, na maioria das ocasiões, de fruto dos desequilíbrios a que nos impusemos. Quanto maior o desvio, mais dispendioso o esforço de recuperação. Assim também, cresce o número das enfermidades à proporção que se nos multiplicam os desacertos, e, exacerbadas as doenças, tornam-se cada vez mais difíceis e complicados os processos de tratamento, levando milhões de criaturas a se algemarem a preocupações e atividades que adiam, indefinidamente, a verdadeira obra de educação que o mundo necessita.

O homem é inquilino da carne, com obrigações naturais de preservação e defesa do patrimônio que temporariamente usufrui.  Não se compreende que uma pessoa instruída amontoe lixo e lama, ou crie insetos patogênicos no próprio âmbito doméstico.   Existe, no entanto, muita gente de boa leitura e de hábitos respeitáveis, que não se lhe dá atochar dos mais variados tóxicos a residência corpórea e que não acha mal no libertar a cólera e a irritação, de minuto a minuto dando pasto a pensamentos aviltantes, cujos efeitos por muito tempo se fazem sentir na vida diária.

(...) Ninguém é tentado a descansar ou a edificar-se em recintos empedrados ou espinhosos.  Assim também, a palavra agradável que proferimos ou recebemos, as manifestações de simpatia, as atitudes fraternais e a compreensão sempre disposta a auxiliar, constituem recursos medicamentosos dos mais eficientes, porque a saúde, na essência, é harmonia de vibrações. Portanto, quando nossa alma se encontra realmente tranquila, o veículo que lhe obedece está em paz. A mente aflita despede raios de energia desordenada que se precipitam sobre os órgãos, à guisa de dardos ferinos, de consequências deploráveis para as funções orgânicas. O homem comumente apenas regista efeitos, sem consignar as causas profundas... E que dizer das paixões insopitadas, das enormes crises de ódio e de ciúme, dos martírios ocultos do remorso, que rasgam feridas e semeiam padecimentos inomináveis na delicada constituição da alma?  Que dizer da hórrida multidão dos pensamentos agressivos duma razão desorientada, que tantos malefícios trazem, não só ao indivíduo, mas, igual­mente, aos que se achem com ele sintonizados? (...) Caracteriza-se a mente também por peso específico, e é na própria massa do Planeta que o homem enrodilhado em pensamentos inferiores se demorará, depois da morte, no serviço de purificação.  

Os instrutores religiosos, mais do que doutrinadores, são médicos do Espírito que raramente ouvimos com a devida atenção, enquanto na carne. Os ensinamentos da fé constituem receituário permanente para a cura positiva das antigas enfermidades que acompanham a alma, século após século.

Todos os sentimentos que nos ponham em desarmonia com o ambiente, onde fomos chamados a viver, geram emoções que desorganizam, não só as colônias celulares do corpo físico, mas também o tecido sutil da alma, agravando a anarquia do psiquismo. Qualquer criatura, conscientemente ou não, mobiliza as faculdades magnéticas que lhe são peculiares nas atividades do meio em que vive.  Atrai e repele. Do modo pelo qual se utiliza de semelhantes forças depende, em grande parte, a conservação dos fatores naturais de saúde.  O Espírito rebelde ou impulsivo que foge às necessidades de adaptação assemelha-se a um molinete elétrico, armado de pontas, cuja energia carrega e, simultaneamente, repele as moléculas do ar ambiente; assim, esse Espírito cria em torno de si um campo magnético sem dúvida adverso, o qual, a seu turno, há de repeli-lo, precipitando-o numa roda-viva por ele mesmo forjada.

Transformando-se em núcleo de correntes irregulares, a mente perturbada emite linhas de força, que interferirão como tóxicos invisíveis sobre o sistema endocrínico, comprometendo-lhe a normalidade das funções.  Mas não são somente a hipófise, a tireóide ou as cápsulas suprarrenais as únicas vítimas da viciação.  Múltiplas doenças surgem para a infelicidade do Espírito desavisado que as invoca.  Moléstias como o aborto, a encefalite letárgica, a esplenite, a apoplexia cerebral, a loucura, a nevralgia, a tuberculose, a coreia, a epilepsia, a paralisia, as afecções do coração, as úlceras gástricas e as duodenais, a cirrose, a icterícia, a histeria e todas as formas de câncer podem nascer dos desequilíbrios do pensamento.

Em muitos casos, são inúteis quaisquer recursos medicamentosos, porquanto só a modificação do movimento vibratório da mente, à base de ondas simpáticas, poderá oferecer ao doente as necessárias condições de harmonia.

Geralmente, a desencarnação prematura é o resultado do longo duelo vivido pela alma invigilante; e mesmo após o decesso físico esses conflitos prosseguem na profundeza da consciência, dificultando a ligação entre a alma e os poderes restauradores que governam a vida.

A extrema vibratilidade da alma produz estados de hipersensibilidade, os quais, em muitas circunstâncias, se fazem seguir de verdadeiros desastres organopsíquicos.  O pensamento, qualquer que seja a sua natureza, é uma energia, tendo, conseguintemente, seus efeitos.

Se o homem cultivasse a cautela, selecionando inclinações e reconhecendo o caráter positivo das leis morais, outras condições, menos dolorosas e mais elevadas, lhe presidiriam à evolução.   É imprescindível, porém, que a experiência nos instrua individualmente. Cada qual em seu roteiro, em sua prova, em sua lição...

Com o tempo aprenderemos que se pode considerar o corpo como o “prolongamento do Espírito”, e aceitaremos no Evangelho do Cristo o melhor tratado de imunologia contra todas as espécies de enfermidade. Entanto, até alcançarmos esse período áureo da existência na Terra, continuemos estudando, trabalhando e esperando...”

 


[1] - FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e vida. 2.ed. Salvador: LEAL, 1978,

[2] - XAVIER, Francisco Cândido. Falando à Terra. 3.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1974. cap. ‘Saúde’.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita