Brasil
por Marcel Gonçalves

Ano 16 - N° 814 - 12 de Março de 2023

 

 
 

EJEN 2023: O jovem e a lei do progresso


"O homem desenvolve-se por si mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio de contacto social.”


Foi às vésperas e durante os dias em que o Brasil parou para apreciar as delícias do mundo terreno que jovens de diversas localidades e voluntários, que dispuseram de seu valioso tempo, se uniram em amor ao próximo e durante três dias buscaram lapidar seus melhores talentos, exalando afeto, companheirismo e muita alegria.

Cerca de 50 trabalhadores receberam nas dependências do Lar Anália Franco de Londrina entre os dias 18 e 20 de fevereiro de 2023 aproximadamente 47 jovens de 12 a 21 anos, para o XXVI EJEN (Encontro de Juventudes Espíritas Inter-Regional Norte/PR), evento que faz parte da programação de encontros regionais de juventudes espíritas do Paraná. Promovida pelas quatro UREs (Uniões Regionais Espíritas) que compõem a Inter-Regional Norte – 4ª, 5ª, 6ª e 16ª UREs – o encontro é uma iniciativa do Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Paraná (FEP), que contou na edição de 2023, à frente do trabalho de coordenação geral, com Fúlvia Gonçalves Perassolli, atual coordenadora do DIJ do Centro Espírita Meimei de Londrina e diretora do DIJ da 16ª União Regional Espírita, anfitriã do evento deste ano.

Para o primeiro dia, todos foram recepcionados com alegria, muita música e um delicioso café da manhã. Marcelo Seneda, presidente da 16ª URE, teceu breves e valiosas palavras de otimismo, companheirismo e gratidão pelos voluntários que ali estavam trabalhando, exaltando a importância do trabalho no bem, bem como a participação dos jovens no encontro. Também agradeceu aos trabalhadores que contribuíram durante as semanas e meses que antecederam o evento, encerrando sua fala com uma prece. Em seguida, os jovens foram direcionados a escolherem uma das oficinas disponibilizadas, entre Música, Teatro, Artes plásticas (cartazes e origamis) e Mídias sociais (redes sociais e fotografia), todas sob a mesma ótica, trabalhar o eixo temático “Eis-me aqui”. O objetivo era de situá-los de onde estavam e qual seu propósito no encontro, ou seja, perceber-se e reconhecer que fazem parte do movimento espírita, além de integrá-lo e reconhecer suas afinidades e singularidades.

Sabemos que a Evangelização Espírita da Infância e da Juventude “tem, por finalidade, a vivência do amor em Deus, ao próximo e a si mesmo, tendo como objetivo primordial a formação do Homem de Bem por meio do conhecimento doutrinário, do aprimoramento moral e do ensejo à transformação social”.

Durante o dia, após os coordenadores das oficinas trabalharem com os jovens suas respectivas atividades, Elisângela Dias de Toledo, coordenadora do setor de Juventude da FEP e coordenadora da equipe Doutrinária EJEN 2023, conduziu os trabalhos embasados no eixo “Porque não faço o bem que quero” a fim de identificar as barreiras internas e pressões externas, percebendo quanto é desafiador promover mudanças para nosso progresso.

Estar no mundo atualmente constitui grande desafio para homens e mulheres reencarnados na Terra. Violências de toda ordem, crises político-econômicas, o apelo consumista, a busca incessante por coisa nenhuma, tudo isso reflete o quadro de aparente instabilidade que domina o planeta. Viver nestes tempos e não se deixar envolver pelos “ruídos” tormentosos que chegam até nós, ou seja, estar no mundo, sem ser do mundo, exige do filho de Deus sincero propósito de mudança. Mas, pergunta-se, como conseguir agir assim em meio a tantos apelos?

O nobre codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, na obra O Evangelho segundo O Espiritismo, capítulo 17, intitulado Sede perfeitos, na mensagem “O homem no mundo”, apresenta a proposta para se viver o presente com o olhar no futuro. E assim, durante todo o primeiro dia do EJEN 2023, as atividades trabalhadas foram propositadamente desenvolvidas para gerar essas reflexões, como, por exemplo, o “homem encapsulado”, dramatização que trouxe à tona as dificuldades que o homem enfrenta e que o levam a escolher seu estilo de vida, sem preocupar-se com as mudanças, ou seja, “vendo a vida passar”.

No segundo dia, às 6h30, a equipe responsável pela música uniu-se ao nascer do Sol e assim, cantarolando canções escolhidas especialmente para ocasião, caminhava em volta das casas onde os jovens pernoitavam, a fim de despertá-los para o novo dia de trabalho.

Sob o eixo “Não desprezes o dom que há em ti”, os coordenadores trataram de expor, juntamente com seus respectivos jovens, o varal das camisetas. Camisetas essas feitas de papel e que continham palavras que expressavam as virtudes de cada um, valorizando o dom que havia em cada jovem. Afinal, “a humanidade progride por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam em número, tomam a dianteira e arrastam os outros”. Em seguida, trabalharam a construção da pirâmide de prioridades, definindo cada um sua prioridade atual e futura, mantendo um diálogo franco sobre essas questões.

No período da tarde, sob o eixo “Já não sou eu que vivo, mas o Cristo que vive em mim”, os jovens foram divididos em equipes definidas por cores. O objetivo era que inicialmente desenvolvessem a sua bandeira de paz e depois, em conjunto, participassem da gincana colaborativa, composta por escrita em conjunto, laranja na testa, corrida de PETS e passa no prato. Todas as atividades foram realizadas em conjunto, de forma colaborativa, desenvolvendo a empatia, o companheirismo, o auxílio ao próximo e a paciência.

Durante a noite, após o jantar, Elisângela teceu breves comentários sobre a participação de todos durante o encontro, finalizando com lindas canções pela equipe musical e a entrega de obras espíritas aos jovens, estimulando a prática da leitura em busca do conhecimento, afinal, “a fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão em todas as épocas da humanidade”.

No terceiro dia, os trabalhos começaram ao nascer do Sol, às 6h30 com as canções que auxiliavam o despertar da juventude para um novo dia, no qual, após o costumeiro café da manhã, em plenária e assim como nos demais dias, a equipe da música constantemente reverberava amor em canções selecionadas carinhosa e cuidadosamente para que cada momento fosse especial.

Com a programação mais curta para o último dia, a equipe doutrinária trouxe para a reflexão todas as atividades realizadas durante os três dias de evento, com o intuito de relembrar como cada jovem chegou e que mudanças puderam perceber após participarem do evento, que estava recheado de brincadeiras, dinâmicas totalmente embasadas na identificação de talentos, potencialidades e consequentemente na construção do homem de bem.

Luísa Helena de Ornellas Vargas, 18 anos, membro da mocidade Juventude 3 do Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina, e em fase transitória de jovem participante para jovem voluntária, ao ser questionada sobre o que mais lhe chamou atenção no evento, destacou quão importante é ter a oportunidade única de estar junto com vários jovens espíritas de diferentes cidades e diferentes casas, “o que nos faz sair da nossa bolha. Nestes encontros criamos laços únicos com pessoas incríveis. Além disso, depois de todos os encontros de que eu participei até então, nunca saí da mesma forma que entrei. Sempre saímos com um melhor autoconhecimento, aprendizado e vontade de melhorar”. Luísa ainda complementou dizendo que “o maior aprendizado até então foi trabalhar em equipe, e que no departamento de música, no qual trabalhei neste encontro, tudo o que fizemos foi resultado de um ótimo trabalho em equipe. Todos nós tivemos a oportunidade de contribuir com nossas habilidades”.

Fúlvia Gonçalves, coordenadora geral do EJEN 2023, disse que uma das coisas que mais lhe chamou a atenção foi a quantidade de pessoas que se colocaram à disposição de ajudar. “Foram excepcionais, contribuíram até com o olhar de carinho, com um sorriso. Era possível sentir o amor presente, e tenho a certeza de que plantamos a sementinha do verdadeiro Homem de bem”.

Como exemplo dessa união, podemos destacar aqui o trabalho em equipe dos diretores dos Departamentos da Infância e Juventude das quatro UREs: Joana pela 4ª URE; Lucimeire pela 5ª URE; Rogério pela 6ª URE e Fúlvia pela 16ª URE, além dos jovens trabalhadores que por diversas edições do evento estiveram ali, buscando identificar qual seu papel no mundo e hoje atuando na seara do Mestre. Um destaque também para a coordenadora da Área da Família da 16ª URE, Sônia Barbosa. Todos em prol de um único objetivo: crescer e evoluir juntos.

Portanto, façamos a diferença fazendo diferente. Sim, não é tarefa fácil, mas o progresso é incessante e é uma força viva, cuja ação pode ser retardada, mas jamais anulada.

Foto: Marco Hisatomi e Marcel Gonçalves



 
  


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