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por Juan Carlos Orozco

 

Natal com Jesus: glória a Deus, paz na Terra e boa vontade


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”
 (João, 1: 1-5)


Jesus é o Diretor angélico do orbe terrestre, portador da mais perfeita expressão da Palavra de Deus, identificado com a sua misericórdia e sabedoria, desde a organização primordial do planeta, em que nada foi feito sem Ele. Jesus é guia e modelo da Humanidade, caminho, verdade e vida, e ninguém chega ao Pai senão por Ele. A sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres pelo verbo do princípio como semente das palavras de vida eterna.


Até o nascimento de Jesus

A Humanidade, desde o surgimento do homem na Terra até a vinda do Cristo, vivia estágios evolutivos de escuridão intelectual, moral e espiritual.

Apesar das revelações de missionários divinos, que repassaram mensagens, orientações e instruções a respeito da vida com Deus, diante de pessoas ignorantes e de sensos moral e de justiça pouco desenvolvidos, reinava a ideia de um Deus terrível. Além disso, atribuíam como divinas leis humanas para estabelecer regras de convivência em sociedade.

Dentre essas leis, o “olho por olho” e o “dente por dente” estimulavam retaliação, perseguição e vingança, pagando o mal com o mal, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, enaltecendo o “orgulho”, a “honra” e a “coragem”, e afastando a suposta “covardia”.

Também pregavam o sacrifício de animais em templos, apedrejamento de pecadores, ritualismo de práticas exteriores, dentre outras tantas, que representavam obrigações para as “conexões divinas”.

Desvirtuando interpretações das profecias, o Messias deveria ser um libertador do povo Hebreu contra a dominação romana.

Assim, Jesus nasceria na Terra em um ambiente hostil.


Nascimento de Jesus

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João, 1: 14)

Há mais de dois mil anos, naquela noite inesquecível de luz, nascia de forma singela e humilde o Salvador da Humanidade, Cristo e Senhor, que se fez carne e habitou entre nós. Aquele que ensinaria o caminho, a verdade e a vida que conduz ao Pai.

Não poderia ser de outra maneira, pois simplicidade e humildade seriam os primeiros ensinamentos e exemplos para testemunho a todos os povos naquela noite feliz.

Com a vinda do Messias, a Humanidade não seria mais a mesma, pois o Filho de Deus percorreria como Filho do Homem, desde a manjedoura até o calvário na cruz, o caminho missionário para ensinar e exemplificar as sagradas lições do verdadeiro amor fraternal universal, fundamentado na humildade, pureza de coração, perdão incondicional, misericórdia, consolo aos aflitos, mansidão, justiça e esperança na vida que nunca acaba.


O Anúncio do Anjo

O Anjo do Senhor, acompanhado de uma legião angélica, apareceu para pastores que cuidavam de seus rebanhos, anunciando o nascimento do Cristo, dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” (Lucas, 2: 14)

Jesus trouxe o verbo divino para a regeneração e a transformação da Humanidade, com suas mensagens de fé e confiança em Deus, paz, mansidão e boa vontade entre os seres humanos para o progresso do planeta Terra.

O Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro “Antologia mediúnica do Natal”, Capítulo 49, em “Mensagem do Natal”, sintetiza a missão de Jesus:

“O cântico das legiões angélicas, na noite divina, expressa o programa do Pai acerca do apostolado que se reservaria ao Mestre nascente.

O louvor celeste sintetiza, em três enunciados pequeninos, a plataforma do Cristianismo inteiro.

Glória a Deus nas Alturas, significando o imperativo de nossa consagração ao Senhor Supremo, de todo o coração e de toda a alma.

Paz na Terra, traduzindo a fraternidade que nos compete incentivar, no plano de cada dia, com todas as criaturas.

Boa Vontade para com os homens, definindo as nossas obrigações de serviço espontâneo, uns à frente dos outros, no grande roteiro da Humanidade.”


Glória a Deus nas alturas

O “Glória a Deus nas alturas” representa a saudação de adoração para a elevação do pensamento a Deus, que sai do fundo do coração, lembrando-se de que o Criador sempre tem sobre nós o seu olhar.

Essa glorificação manifesta a confiança e a crença no Pai eterno, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, cuja presença percebemos por toda parte, todo o tempo.

Esse ato de adoração e gratidão significa, ainda, o reconhecimento e a submissão ao seu poder e à providência divina que atende às nossas solicitudes.

Glorificar o Pai maior, é ser grato a tudo que temos, à família, aos parentes, aos amigos, aos bens, talentos e auxílios que Deus nos proporciona, assim como aos adversários, ao sofrimento e à dor decorrentes das provas e expiações retificadoras e renovadoras, cujas lições farão subir mais um degrau na escala evolutiva espiritual.

Para ser grato e glorificar a Deus, precisamos limpar a janela da alma para ver, identificar e reconhecer as dádivas e as bençãos recebidas do Alto, afastando a cegueira dominante no coração.


Paz na Terra

Bem-aventurados os que são mansos, porque possuirão a Terra. (Mateus, 5: 5)

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, 5: 9)

Jesus trouxe sagradas mensagens de paz, prometendo aos brandos e aos pacíficos que justiça será feita, porque herdarão a Terra e serão chamados filhos de Deus.

Ensinou a cultuar a paz pela prática da fraternidade universal.

Ensinou também a buscar a paz de Espírito que contribui para a paz na Terra, porquanto se cada um de nós mudar o seu comportamento, semeando a paz dentro de si e eliminando os sentimentos inferiores, auxiliaremos a paz no planeta, motivados pelo equilíbrio e pela compreensão que, com paciência, saberá plantar o bem e esperar a colheita, sem desespero e sem violência.

É dever do cristão reconhecer os próprios equívocos e desculpar-se. Muitas vezes, sabe que está errado, que cometeu injustiça, mas não pede perdão.

O verdadeiro cristão compreende que não pode acomodar-se com comportamento em desacordo com as leis de Deus e precisa aprender a dominar os seus impulsos agressivos e conviver com o próximo sem sair dos padrões do Evangelho.

Guardemos o ensinamento do Cristo no coração, para que nos sustente as almas na luta renovadora em que nos cabe atingir na redenção do dia a dia. Se deseja seguir Jesus, aprende a dominar os próprios impulsos e eleja a serenidade por clima de cada hora.


Boa vontade para com os homens

Pessoas de boa vontade conseguem, mediante nova disposição ou atitude favorável, superar as divergências pessoais e culturais para juntas viverem em paz.

Devemos aprender a movimentar a boa vontade para colocá-la a serviço da fraternidade universal. Ter boa vontade para com todos para a devida harmonia que deve existir entre os povos.

O melhor remédio contra os males nos conflitos pessoais é a boa vontade, principalmente em benefício dos que nos odeiam ou ainda não nos compreendem.

Sem a boa vontade, é muito difícil transformar circunstâncias conflituosas da vida em obras edificantes, tendo em vista a felicidade espiritual e o amor eterno.

Devemos transformar as nossas energias em bondade e compreensão mediante o esforço no bem, a renúncia a si mesmo e o sacrifício regenerador para brilhar a luz do Cristo no interior da alma.


A Boa Nova

Jesus Cristo trouxe a Boa Nova, dotado de plena autoridade divina para suprir a Humanidade de recursos para a sua redenção espiritual.

Contrariando as expectativas das sombras, veio um Messias simples, humilde e fraterno, que consolava os aflitos e necessitados.

Jesus revelou um Deus amoroso, bondoso, justo e misericordioso, que liberta o homem das orientações do temor e da vingança.

Depois de Jesus, a orientação deixa de ser o que não se deve fazer, mas sim o como agir.

O Cristo ensinou a lei maior do amor: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”.

O amor a Deus não pode se dar sem o amor ao próximo em toda a sua abrangência. Cristo ensinou, pelo exemplo, o modelo de amor divino.

O seu Evangelho é o maior código moral existente, ensinando a colocar em prática a lei de Deus.

No Sermão da Montanha, o Cristo disse que não veio destruir a lei divina, mas dar o seu cumprimento, desenvolvê-la e dar-lhe o verdadeiro sentido.

Jesus, a serviço da lei de Deus, confirmou a sua imutabilidade, ao mesmo tempo em que se opunha às falsas interpretações da lei, à idolatria, aos abusos das práticas exteriores do culto e das cerimônias, dentre outras, desviando-se dos legítimos ensinamentos divinos.

O Cristo revelou a verdade divina pela Palavra que liberta a todos que creem e praticam os seus ensinamentos e exemplos como roteiros de vida, conduzindo-os pelo caminho do progresso moral e espiritual.

As aquisições de virtudes são conquistas individuais, alcançadas por meio de provações e aprendizados construtivos em sucessivas experiências vividas, um processo longo e contínuo do que o Espírito ainda necessita de melhoramento.


Mensagem final

Assim, o Natal com Jesus tem um significado maior.

É acolher no coração os sagrados ensinamentos do Cristo e fazer deles um roteiro de vida para libertar a alma pela verdade divina mediante a prática do amor em ação.

A verdade divina nos libertará à medida que evoluirmos e adquirirmos a capacidade de compreendê-la no serviço dignificante da prática do bem, do amor e da caridade junto aos nossos semelhantes.

A libertação pela verdade é longo processo pelo trabalho incessante na prática do amor ao próximo como a si mesmo. A prática do amor incondicional, sem esperar retribuição, reconhecimento e gratidão. É o amor pelo amor, que perdoa, faz caridade, tem misericórdia e piedade, não é orgulhoso e tampouco egoísta.

À medida que o ser humano busca planos mais elevados da vida, o amor transcende assumindo outras modalidades de amor, chegando até a amar como Jesus amou. Do amor ao próximo até amar os inimigos, mede-se a evolução moral, donde decorre o grau da perfeição.

Iluminados pela verdade, seremos instrumentos divino, cooperando na obra de elevação intelectual, moral e espiritual do mundo.

Nesse momento de transição planetária, permanecendo na Palavra e conhecendo a verdade divina que liberta a alma, a perseverança e a vigilância surgem como essenciais preceitos de conduta nas lutas renovadoras, das quais somos convocados a fazer as escolhas mais acertadas em prol dos mais elevados sentimentos de fraternidade universal.

Com fé em Deus, confiança no amor do Cristo e entregando-se ao trabalho de renovação espiritual, com bom ânimo, alcançaremos a força espiritual necessária para superar as montanhas de dificuldades que surgem no caminho.

Jesus disse que estará ao nosso lado por séculos e séculos, até a consumação dos tempos.

Então, nesse clima de presença constante do divino Mestre em nós, desejamos um feliz Natal com Jesus e que a paz e a boa vontade estejam com todos nós!   

 

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier; coordenação de Saulo Cesar Ribeiro da Silva. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao Evangelho segundo Lucas. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita