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por Cláudio Bueno da Silva

 

Que fraqueza é esta, afinal?


Há em O Livro dos Espíritos uma questão, a de número 932, muito utilizada por cronistas e palestrantes espíritas em seus trabalhos. Nela, os Espíritos Superiores dizem a Allan Kardec que a influência dos maus sobre os bons se dá pela fraqueza destes últimos. E que quando estes quiseremassumirão a preponderância.

Que fraqueza é esta a que se referem os Espíritos? Fraqueza moral, evidentemente. Mas por que fraqueza moral se são bons? São bons, mas são tímidos, dizem os Espíritos. E que timidez é esta, dos bons? No meu ponto de vista, é a da convicção sem ação.

Basta apenas querer para assumir a preponderância sobre os maus? Me parece que o “querer” dos Espíritos tem a ver com atitude. É inegável que é preciso contar com o tempo, com a sucessão das gerações, com ideias renovadoras que chegam para substituir velhas concepções, e assim ver o mal perder a influência, mas enquanto isso vai acontecendo, como deveremos agir?

É possível implementar a supremacia do bem sobre o mal só com as convicções bem intencionadas? Parece que não. Para os Espíritos – eu entendo assim – é preciso misturar vontade e ação. Nada se concretiza sem essa mistura.

A moral espírita é formidável. Mas ela não tem sentido se não gerar ações propositivas nas relações humanas. Não basta estar no mundo só para si mesmo. Viver o amor solidário, defender a justiça e agir com caridade, são fundamentos da vida social pacificada e fraterna.

O respeitado ativista indiano Mohandas Gandhi disse sobre uma das mais belas passagens do ensino cristão: “Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade e só se salvasse O sermão da montanha, nada estaria perdido”.

Certamente se poderia dizer o mesmo com relação ao Livro Terceiro de O Livro dos Espíritos: As Leis Morais. Trata-se de um precioso estudo em doze capítulos, com perguntas, respostas e comentários, realizado por Allan Kardec e os Espíritos.

É um documento sociológico e ético que “pode abranger todas as circunstâncias da vida” *, contemplando os direitos naturais do homem na Terra, bem como os deveres de uns para com os outros, balizados pela mais pura moral conhecida.

Caso não houvesse outra fonte onde beber conhecimento moral/espiritual, esse Livro Terceiro, As Leis Morais, atenderia plenamente à necessidade do homem em buscar conhecer-se a si mesmo, amar o próximo e louvar a Deus e à vida.

A exemplo do Cristo, o homem bom e destemido, deverá aplicar esses princípios nas relações mais cotidianas e verá, sem espanto, o mal ir perdendo seu poder de influência no mundo.

 

*Questão 648, A lei divina ou natural, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita