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por Ricardo Orestes Forni

 

Fazendo a nossa parte


“Quando oramos e seguimos com as mãos vazias de atitudes, nossa prece fica no meio do caminho.” – Do livro: Pensamentos Que Ajudam


Madre Teresa de Calcutá tinha uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: as mãos que trabalham no bem ao semelhante são mais abençoadas do que os lábios que oram.

Orar é conversar com Deus utilizando-nos de nossas palavras. Rezar é repetir uma oração previamente existente. A humanidade ainda não percebeu essa diferença e continua a rezar ao invés de orar.

Muitas pessoas não entendem bem a finalidade da oração, que é exatamente pedir forças ao Criador para prosseguirmos no caminho correto em meio aos embates da existência física. Não é para pedir o afastamento das provas e expiações de que temos necessidade. De que adiantaria reencarnarmos se Deus sustasse através de um pedido nosso tudo aquilo que atormenta e coloca em risco o homem físico? O olhar paternal de Deus recai sobre todos os seus filhos. Por isso, a necessidade de entendermos que somos filhos Dele em espírito e não através do abençoado corpo material que nos foi ofertado pelos nossos pais aqui na Terra.

Se recordarmos o embrião ou o feto que se desenvolve dentro do útero materno, podemos fazer uma analogia do Espírito em relação ao seu Criador.

Assim como o ser em desenvolvimento no ventre da mãe necessita da ligação através da placenta com aquela que o está gerando, nós necessitamos dessa ligação com a Providência Divina.

Paulo definiu magistralmente nossa relação com o Pai ao afirmar que em Deus existimos e em Deus nos movemos.

A criança, quando sai do útero materno, adquire aos poucos as condições de sobrevivência por si mesma. O Espírito imortal necessita cada vez mais do seu Criador, de onde provém incessantemente o alimento para percorrermos a jornada evolutiva.

Penso que, contrariamente ao caso da criança que sai do útero e passa a se assenhorar de sua sobrevivência, o Espírito necessita cada vez mais da integração com o Divino, de onde promanam os recursos para sua caminhada em busca da perfeição para a qual foi criado. E esse vínculo é alimentado pela oração dinâmica, ou seja, daquela oração que não fica no meio do caminho, mas que completa o seu objetivo através da ação na construção positiva da parte que nos compete realizar.

Doutor José Carlos de Lucca no livro Pensamentos Que Ajudam, Editora Interlítera, na página intitulada Dupla de auxílio, nos ensina: Mas somente orar não basta. É preciso agir! Ir ao encontro das soluções para nossas dificuldades. Ninguém fará esse trabalho por nós. Do mundo espiritual, vem a força, a orientação; do Evangelho, vem a indicação do caminho a seguir, mas, da nossa parte, deve vir a atitude correspondente ao ideal de melhoria. Por isso Allan Kardec fala na força superior das boas atitudes. Quando oramos e seguimos com as mãos vazias de atitudes, nossa prece fica no meio do caminho.

Lembro-me de uma história conhecida de uma pessoa que encontrou uma imensa loja de Deus, um local onde poderia adquirir as qualidades de que carecia.

Maravilhada, essa pessoa viu que ali estavam gratuitamente as soluções para muitos de seus problemas.

Existiam à disposição dos necessitados o perdão, a caridade, a benevolência, a medicação contra a inveja, o orgulho, a vaidade e o egoísmo. Existiam também a indulgência para com as imperfeições alheias, o silêncio para a maledicência, a compreensão, a renúncia e, enfim, o remédio para todos os males que ainda caracterizam as mazelas das almas em trânsito para a conquista da perfeição.

A pessoa, empolgadíssima, foi encomendando um quilo disso, tantos gramas daquilo, meio pacote disso, um pacote inteiro daquilo etc.

No final da compra, quando passou para retirar a grande quantidade do que havia escolhido para corrigir suas imperfeições, recebeu apenas um discreto pacote.

Sem compreender como uma compra grande como a que fizera se resumia a um pequeno embrulho, foi esclarecida de que, naquela loja de Deus, doavam-se apenas as sementes. Caberia à pessoa cultivá-las, para que tudo crescesse e desse os frutos de que ela necessitava.

Como orar a Deus pedindo paz no lar se funcionamos como elemento de discórdia?

Como orar pedindo saúde a Deus se não zelamos pelo bem-estar de nosso corpo físico envolvendo-nos com as mais diversas extravagâncias?

Como orar a Deus pedindo pelos filhos amados se não temos tempo para demonstrar-lhes amor através do auxílio de que necessitam?

Quando procedemos assim, nossa oração para no meio do caminho por faltar a parte que nos cabe realizar.

Encerramos com os ensinamentos do autor mencionado, na mesma página citada da obra: É preciso lembrar que Deus costuma agir através dos nossos passos e caminhos. Quando agimos com amor, a começar por nós mesmos, o caminho fica livre para Deus realizar o melhor por nós.

Vamos através da ação aliada à oração dar sinal verde para a Providência Divina?



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita