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por Juan Carlos Orozco

 

E nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?


A pergunta de Pedro a Jesus no Evangelho de Mateus (19: 27) – “e nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?” – traz valiosos ensinamentos e reflexões a todos os cristãos, posto que, até hoje, fazemos a mesma indagação.

Como seres imperfeitos, pelos condicionamentos e padrões do mundo, estamos acostumados a desejar algo material e transitório em troca dos benefícios concedidos a alguém ou a realizar algo mediante alguma retribuição, recompensa, gratificação, interesse ou mesmo um reconhecimento ostensivo. Seria: o que vou ganhar com isso?

Os que têm dúvidas sobre o que receberão por seguir Jesus, quase sempre, perdem a oportunidade abençoada de servir ao seu próximo e de praticar ações edificantes na vida, pois, antes, querem saber quais serão as retribuições decorrentes da decisão tomada.

Entretanto, o Divino Mestre desvincula o trabalho espiritual de qualquer recompensa, seja financeira ou de outra espécie, porquanto o seguidor do Cristo receberá a recompensa celestial proporcional ao valor de sua obra no processo evolutivo na busca da perfeição em pluralidade de existências.

O Espírito Emmanuel, em “A retribuição”, no livro “Fonte viva”, no Capítulo 22, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos esclarece a respeito dessa passagem:

“A pergunta do Apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.

Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato: Que receberei?

A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.

Que recebe o grão maduro, após a colheita?

O triturador que o ajuda a purificar-se.

Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?

O fermento que a transforma para a utilidade geral.

Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?

A graça de servir.

Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo, e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.

Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.

Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.

Vencemos, em companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.

Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa-Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, à mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício extremo.

Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.” (Emmanuel. Fonte viva. Capítulo 22)

Assim, Emmanuel nos conduz para as retribuições celestiais de purificação, utilidade e serviço, em que não devemos ser meros adornos, mas sim seres praticantes de ações regeneradoras e santificantes, amparando e sendo úteis aos nossos irmãos de jornada.

Para tanto, devemos renunciar a nós mesmos, sermos testemunhas de amor à Humanidade e praticar a caridade até o sacrifício extremo. Fruto de nossas conquistas, “receberemos do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir”.

Jesus disse: “Aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, 20: 26-28)

O Cristo ensina que os critérios de grandeza do Reino são diferentes da Terra, em que servir é mais importante do que ser servido. Ensina a importância da servidão, em que o maior será como o menor, que está a servir. Principalmente estar a serviço de Deus.

Por conseguinte, é imprescindível que cada um se movimente no serviço edificante que lhe compete, pois a retribuição pela glória de servir nos possibilita o crescimento e a elevação moral, compelindo-nos ao trabalho edificante do bem, principalmente pela prática da caridade.

 

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Fonte viva.  1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita