Entrevista

por Orson Peter Carrara

A Psicologia Transpessoal e a contribuição trazida por Joanna de Ângelis

Natural do Rio de Janeiro (RJ), Nelson Tavares (foto), que é publicitário e psicólogo, reside atualmente na Ilha da Madeira, em Portugal, onde atua profissionalmente como Psicólogo Transpessoal e, nas lides espíritas, participa das atividades da Associação Casa dos Humildes, de Lisboa e do Centro Cultural Espírita do Funchal, da Ilha da Madeira, em que ministra como organizador e facilitar um curso sobre o livro Desperte e Seja Feliz, de Joanna de Ângelis, realizado em parceria com a FEP (Federação Espírita Portuguesa) e o Centro Cultural Espírita do Funchal.

Nesta entrevista, ele nos fala sobre sua área de atuação profissional, considerando sua conexão com nossa estrutura espiritual:


O que é exatamente a psicologia transpessoal?

A Psicologia Transpessoal transcende a leitura do indivíduo com uma só personalidade, um só corpo, uma só vida. É a análise do homem, que não se restringe somente à personalidade momentânea em uma encarnação. Tem como objetivo o aprofundamento na compreensão do Eu enquanto espírito reencarnante que somos, carregando, encarnação pós encarnação, todas as nossas tendências e inclinações que formam o nosso Eu atual, nossas questões momentâneas, nossas facilidades e dificuldades no modo que vivemos o hoje.

Como ela se aplica, na prática, pelos psicólogos?

Além da utilização de metodologias intituladas "tradicionais", dentro de várias linhas da Psicologia, e de acordo com cada caso específico do paciente, o profissional com uma leitura mais ampla (considerado nossa bagagem espiritual) pode aplicar (respeitando sempre as crenças pessoais de cada indivíduo) a Psicoterapia de Jesus. Ainda pouco estudada e praticamente não reconhecida no meio acadêmico, Joanna de Ângelis, Hammed, entre outros espíritos, nos trazem uma leitura psicológica de Jesus, que nos apresenta opções concretas, reais e atuais para nos auxiliar em nossas questões do dia a dia, nossas dificuldades, buscando nos auxiliar nessa busca de nos conhecermos cada vez mais e assim naturalmente sermos mais felizes. 

E por leigos, pode ser conhecida para uso, ainda que incompletamente?

Penso que sim, desde que estejamos predispostos a auxiliar o próximo com os seus problemas, seus questionamentos, suas aflições.  Podemos todos realizar uma "leitura" comportamental mais ampla de nós indivíduos e buscar mecanismos/estratégias para esse auxílio. 

De onde seu interesse pela obra psicológica de Joanna de Ângelis?

Difícil responder... Talvez por "me encontrar" com o seu pensamento, com o modo que Joanna faz uma relação muito clara e direta com os grandes nomes da Psicologia e suas contribuições nessa busca do entendimento do ser humano em um todo, finalizando sempre as análises comportamentais com o mestre Jesus e como ele pode colaborar conosco. Resumindo... Vejo Joanna retirando pontos importantes dos estudos científicos realizados na Psicologia e inserindo na prática, no dia a dia, com os ensinamentos de Jesus. 

O que considera de mais destaque na obra desse espírito, nesse foco específico?

Acredito que o mais relevante é sempre a busca do autoconhecimento.  Autoconhecimento não somente para se conhecer um pouco mais e pronto, mas autoconhecimento como um primeiro passo para reconhecermos em nós nossas virtudes e deficiências, nossos pontos positivos e negativos, para então a partir daí buscarmos a famosa reforma íntima, a renovação de nossas atitudes, baseados e tendo sempre como meta o modelo possível que nos apresentou Jesus.

Para iniciantes que queiram aprofundar-se nesse conhecimento, por qual obra dessa autora deve iniciar? Por quê?

Não vou recomendar uma obra em especial, um livro específico. Das 16 obras de Joanna de Ângelis, há temas muito variados e por isso recomendo que o leitor busque pelo tema do livro ou por temas dos capítulos que mais possam lhe interessar. Joanna estudou por 50 anos Psicologia, Psicanálise e Psiquiatria trazendo diversos pontos para estudarmos essa Psicologia profunda, ou Psicologia Transpessoal, desde 1989, com a publicação do primeiro livro - “Jesus e Atualidade” - que ainda continua muito atual, mesmo passados mais de 30 anos.

Como considera a contribuição desse autor espiritual, considerando os múltiplos conflitos humanos?

Considero-a de imensa profundidade e atualidade. Não só questões na busca do autoconhecimento, na proposta do autoencontro com o nosso Eu mais profundo, mas também questões que "assolam" a humanidade como um todo, elaborando livros e capítulos com propostas terapêuticas para depressões, síndrome do pânico, fobias e tantas outras patologias da alma.

As expressões Psicologia Profunda e Psicologia Transpessoal indicam essa importante contribuição trazida pelo citado espírito. E como isso é levado em conta nos meios acadêmicos?

Pouco reconhecido, pouco citado, porém crescente. Há cada vez mais associações, faculdades/universidades, matérias/disciplinas, pautas que aos poucos vêm rompendo com o olhar na minha opinião pessoal circunscrita da Psicologia "tradicional". Aos poucos, ainda que timidamente, vem-se "abrindo" cada vez mais a essa nova perspectiva que rompe paradigmas. Porém, penso que esse processo do "novo" encontra resistência natural em qualquer meio e não seria diferente dentro do universo científico-acadêmico. 

De suas lembranças na questão, o que mais o impressiona ou comove?

A capacidade/habilidade que nós temos de persistir em questões muitas vezes que podem ser alcançadas/ultrapassadas com o esforço individual, mas ainda permanecemos "agarrados", encarnação pós encarnação, em apegos,  condutas, vícios e hábitos que mesmo com consciência plena de que certas questões no final só fazem mal a nós mesmos, mas ainda permanecemos nessa apatia conveniente, amparando-nos nas "bengalas psicológicas da vida" que nos impedem de continuar nossa caminhada evolutiva enquanto indivíduos que somos. Resumindo... São aquelas questões que já sabemos o caminho certo a ser seguido, mas que ainda nos prendem aqui por opções próprias. 

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Que possamos todos aceitar o convite de Joanna de Ângelis para despertarmos e sermos felizes. Porque às vezes vivemos "dormindo como zumbis "... Hoje já temos intelecto suficiente para compreender a mensagem de outra forma, mais aprofundada, com maior amplitude, que nos chama a responsabilidade da nossa felicidade.  É quando percebemos que ela sempre esteve em nossas mãos, mas não conseguimos percebê-la anteriormente. Como Emmanuel nos cita no livro “O Consolador”, a maior necessidade do homem nessa encarnação é o autoconhecimento. Então vamos esforçar-nos para nos conhecermos cada vez mais e aos poucos, passo a passo, conquistar a felicidade real tão almejada que nos apresenta o mestre Jesus. 


 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita