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por José Lucas

A minha amiga (não) morreu…


A publicação no Facebook não enganava: um laço preto e a palavra luto.
Como sempre não informava quem tinha morrido e de quê.
Lá perguntei ao familiar, quem tinha falecido.

Foi a Maria.

Ah, já me lembro, a Maria, excelente pessoa, recordo quando tinha os meus 17 anos, ela um pouco mais velha, tocava viola e cantava com uma voz de anjo.
O “maldito” cancro, refere o amigo portador da notícia.

Deus não é justo, teclava o familiar da falecida.

Lá lhe falei da vida após a morte, da vida que continua, das evidências científicas da imortalidade, etc., dentro da visão espírita.

Ele é católico e, não conhecendo a dinâmica da reencarnação, que explica o porquê da vida, de onde viemos, para onde vamos, a causa das dissemelhanças entre nós, a todos os níveis incluindo a saúde, obviamente que na visão católica não há explicação e Deus é, de facto, “injusto” com a unicidade das existências.
Sugeri ler “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, essa monumental obra de filosofia espírita que tem mudado e salvo vidas, sem conta.

A minha vida também mudou com este livro, a partir do qual nunca mais parei de ler e estudar a filosofia espírita, verdadeiro consolo para a vida, ao explicar tudo aquilo que as religiões tradicionais não explicam (o Espiritismo é uma filosofia de vida, não é religião ou seita).

Sugeri ainda que visse um filme no Youtube, intitulado “E a vida continua”, muito pedagógico e suave, baseado em factos reais, relatados pelo Espírito André Luiz, no livro com igual título.

Relembrei-me da Maria e, passados estes anos todos, parece que a ouço cantar doce e suavemente, algures no mundo espiritual, agarrada à sua guitarra.


Pareceu-me ouvir acordes de esperança, de harmonia, de alegria, de serenidade, próprios de quem cumpriu o seu papel no mundo carnal e, agora, voltou temporariamente ao mundo espiritual.


Pareceu-me ouvi-la cantar a imortalidade, a reencarnação (que deve ter acabado de descobrir), a lei de causa e efeito, deixando essa mensagem de esclarecimento / consolo, de que a morte não existe, mas, sim, apenas uma mudança temporária de casa.
Em breve, lá nos encontraremos todos, relembrando os tempos em que víamos na morte a pior das madrastas, a desgraça das desgraças, sem solução!
Ledo engano!

A morte é uma quimera.

O Espiritismo matou a morte em 1857, demonstrando-o experimentalmente, factos esses replicados vezes sem conta, até aos dias de hoje.
Decerto os familiares mais próximos foram tocados pelo momento, mas explicam-nos os bons Espíritos que a saudade deve ser sempre baseada na alegria e, nunca na tristeza, já que a nossa mente é poderoso emissor, infalível, enviando onda mental ao finado, de acordo com o nosso pensamento.
Como são leis universais, leis da Natureza, os princípios básicos da doutrina espírita tornar-se-ão conhecidos por todos e, então, já não choraremos a morte dos corpos, mas sim os seres sem sentimentos, empedernidos no mal, no orgulho, no ódio.

Lembrei-me de novo do tal filme “E a vida continua” e não pude deixar de sentir um pensamento de ânimo e bem-estar enviado algures no mundo espiritual, à Maria, à minha amiga de juventude.

Afinal, contrariamente ao modus operandi social, a minha amiga não morreu e o cancro, foi apenas o agente que lhe permitiu alçar novos voos, numa nova fase da vida, em busca de um devir mais feliz e puro.

Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita