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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

Reparação


Um princípio basilar da psicologia evolucionária é este: se gostamos de alguma coisa, gostamos por alguma razão. O cérebro e a mente evoluíram fazendo com que as coisas que são necessárias à nossa sobrevivência ou à sobrevivência de nossa espécie fossem prazerosas, para que não se tornassem secundárias, o que colocaria em risco o nosso existir.

Açúcar, gorduras, troca de carícias, sentir-se seguro ou valorizado, possuir algum grau de poder são fonte de gozos, porque, em algum momento da história de nossa espécie, foram fundamentais.

Nenhum problema, portanto, em usufruirmos os prazeres humanos, se de forma temperante e parcimoniosa. Todavia, o que muitos de nós temos feito é ignorar os limites éticos desses gozos, e, na busca do prazer, produzirmos infelicidade para os outros. Grande parte de nossos problemas cármicos reside na extrapolação ética de tudo isso e nas dores que espalhamos em torno de nós.

Diante dessas ocorrências é preciso retornar ao cenário da corporeidade para refazermos o percurso, salvando, socorrendo, reparando.

Imaginemos um indivíduo percorrendo uma estrada estreita e que vai deixando atrás de si pregos, pedaços de vidro quebrado, arbustos venenosos etc. Mas, ao concluir seu percurso, dá-se conta de sua atitude equivocada e se arrepende. Se seu arrependimento foi sincero, o que fará? Retornará por onde andou recolhendo tudo o que deixou no caminho. Aqui ou acolá encontrará pessoas que se feriram, e cuidará delas, e, é provável, que ele também se fira.

Penso que essa metáfora, que nos foi apresentada pelo confrade Júlio Cesar de Sá Roriz, em palestra proferida em Juiz de fora, há mais de 30 anos, sintetiza, de forma elegante, a lei de causalidade: voltar para corrigir, amparar e socorrer.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita