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por José Lucas

 

Suicídio: o equívoco de Marcelina


A vida decorre sem objetivos, anda de candeias às avessas com o marido que parece ter uma amante. O filho, em idade escolar, tem graves problemas de saúde. Desconfia que a filha esteja a adentrar no jogo do sexo lucrativo. Os rendimentos são parcos para as necessidades, e não vê saída para a vida.

De repente, vê uma notícia no telejornal, onde alguém se teria suicidado, debaixo de um comboio. As ideias abundam na mente em desalinho, e começam a vicejar qual solução milagrosa.

Afinal, que andava aqui a fazer?

Sofrer para quê?

O melhor era acabar com tudo, pensava Marcelina, mulher nos idos dos seus 50 anos, mas com as rugas que lhe curtiram a face, a evidenciarem pelo menos uns 10 anitos a mais.

Ao longo de uma semana, as ideias foram-se avolumando na sua mente em ebulição.

Em cada olhar parecia estar a fazer uma despedida, do quadro pendurado na parede a relembrar as emoções do casamento rapidamente fruídas, dos votos de fidelidade eterna perdidos algures, por parte do esposo. Melancólica, triste, deprimida, alimentava cada vez mais o fogo da sua decisão, qual locomotiva movida a carvão incandescente.

Não se apercebia que seres espirituais amigos tentavam demovê-la dos seus intentos, aproveitando inclusive a oportunidade do sono, para nesse momento em que o Espírito se desprende temporariamente do corpo, lhe alimentarem a esperança numa vida melhor, amanhã, no mundo espiritual, após terminarem os compromissos assumidos na Terra. Mas, de tal modo estava envolta nessa onda mental destrutiva, que não estava receptiva às sugestões do bem, antes sintonizando com seres perversos que, do Além, a intuíam ao suicídio.

Desconhecedora da realidade espiritual que a Filosofia Espírita enseja ao homem, Marcelina estava decidida: a vida não fazia mais sentido.

No dia por ela marcado, o comboio da sua localidade, que costumava chegar cerca das 12h00 chegou bem mais tarde ao destino. Na estação ferroviária alguém perguntava o que tinha acontecido se algum descarrilamento, ao que outra pessoa referia: “parece que alguém se atirou à linha…”

Marcelina acreditara que a vida terminava com a morte do corpo de carne, apesar de frequentar semanalmente os rituais da sua religião, que lhe diziam o oposto, mas que, pelo visto, não a convenceram das convicções que publicitavam.

 

O Espiritismo demonstrou experimentalmente que a vida continua após a morte do corpo físico – isso retira qualquer sentido ao suicídio.

 

Só que, a vida não termina com a morte do corpo de carne, conforme demonstrou experimentalmente a Doutrina Espírita (ou Espiritismo), em meados do século XIX, e conforme têm constatado inúmeros cientistas e pesquisadores do nosso quotidiano.

A grande frustração de Marcelina, como de todos aqueles que lhe seguiram os passos no fundo falso da vida, que é o suicídio, é aperceberem-se vivos no mundo espiritual, e constatarem que, afinal, o seu ato não resolveu o seu problema existencial (que continua no seu íntimo), mas ainda o agravou.

A Doutrina Espírita (ou Espiritismo), que não é mais uma seita nem mais uma religião, mas sim um conjunto de ideias assentes em pesquisa científica, na filosofia e na moral de Jesus, aponta no sentido da fé raciocinada, da fé assente na experiência, na observação, na comparação de fatos, na discussão de ideias, explicando ao Homem, de onde vem, para onde vai, e o que está a realizar na Terra (leia-se a obra de Allan Kardec, começando pela notável obra “O Livro dos Espíritos”).

Se Marcelina tivesse tido conhecimento da Doutrina Espírita, provavelmente não se teria suicidado, o que aumenta em muito, a responsabilidade dos espíritas, na divulgação destas ideias, que são uma mais valia para a sociedade e para o bem-estar biopsicossocial da humanidade.

 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita