Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Histórias infantis são importantes para as crianças


E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?

Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar. José Saramago


Crianças gostam de histórias como Bela adormecidaGato de BotasPolegarzinha … E se há pais que duvidam da importância da leitura desses contos antigos, basta frisar que as histórias usam linguagem simbólica para fornecer chaves que ajudam o entendimento do mundo.

Para os adultos que temem o conteúdo desagradável de um conto infantil, norteado por dragões ou monstros terríveis, é fundamental compreender que esses enredos existem para que a criança possa projetar sua raiva ou sua tristeza sobre eles – o lobo de Chapeuzinho, por exemplo.

Ao ouvir uma história, a criança associa aquilo que é narrado às suas próprias vivências. Esse processo de identificação colabora para que ela encontre recursos para lidar com situações diversas, conflitos e emoções.

Na primeira infância, sobretudo, ouvir histórias é uma importante ferramenta na formação da identidade e dos valores de toda criança. Além de ajudar a desenvolver o imaginário, capacidades cognitivas e a inteligência emocional, elas também podem ser uma valiosa oportunidade para momentos de maior vínculo com os pais. Pois o hábito exercita a proximidade e auxilia para que pais e filhos construam juntos um ambiente de confiança e contato, principalmente em famílias com a vida mais corrida, favorecendo mais tarde o estabelecimento de espaços de conversa com os pais.

Sem dúvida, as histórias também têm uma forte influência na compreensão das crianças sobre os papéis culturais e de gênero, transmitindo valores, crenças, atitudes e normas sociais que, por sua vez, moldam suas percepções sobre a realidade. Por isso, as crianças ainda aprendem, por meio das histórias, a desenvolver uma perspectiva crítica sobre como se engajar na ação social. Em consequência, as narrativas ajudam as crianças a desenvolver a empatia e a cultivar imaginação, tolerância e pensamento crítico.

Quando eu era pequena e ouvia as histórias, quantas vezes me identifiquei com a coragem do príncipe, a sabedoria do rei, a fragilidade da princesa, a raiva da bruxa e senti temor pela maldade do dragão.

Uma história prende a atenção, promovendo o enriquecimento na vida interior da criança, auxiliando-a a entender melhor seus sentimentos. Assim como nas brincadeiras, as histórias e os contos infantis têm um papel importante no desenvolvimento intelectual e emocional da criança. Melhor não privar uma criança de ouvir uma boa história: “Era uma vez... (…) e viveram felizes para sempre”. Esse hábito reforça a compreensão de que, tal como a imaginação, a esperança precisa igualmente ser dia a dia alimentada.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita