Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

  

Amanhã


Muitas vezes, por semana, repetimos a palavra “amanhã”.

Costumamos dizer «amanhã» para o vizinho que nos pede cooperação e consolo. Habitualmente relegamos para amanhã toda tarefa espinhosa.

Sempre que surge a dificuldade, pedindo maior esforço, apelamos para amanhã.

Sem dúvida, o “amanhã” constitui luminosa esperança, com a renovação do Sol no caminho, mas também representa o serviço que deixamos de realizar.

É da lei que a conta durma com o devedor, acordando com ele no dia seguinte. No instituto da reencarnação, desse modo, transportamos conosco, seja onde for, as oportunidades do presente e os débitos do passado.

É assim que os ricos de hoje, enquistados na avareza e no egoísmo, voltarão amanhã no martírio obscuro dos pobres, para conhecerem, de perto, as garras do infortúnio e as duras lições da necessidade; e os pobres, envenenados de inveja e ódio, retornarão no conforto dos ricos, a fim de saberem quanto custam a tentação e a responsabilidade de possuir; titulados distintos do mundo, quais sejam os magistrados e os médicos, quando menosprezam as concessões com que o Senhor lhes galardoa o campo da inteligência, delas fazendo instrumento de escárnio às lutas do próximo, ressurgirão no banco dos réus e no leito dos nosocômios, de modo a experimentarem os problemas e as angústias do povo; filhos indiferentes e ingratos tornarão como servos apagados e humildes no lar que enlameiam, e pais insensatos e desumanos regressarão no tronco doméstico, recolhendo nos descendentes os frutos amargos da criminalidade e do vício que cultivaram com as próprias mãos; mulheres enobrecidas que fogem ao ministério familiar, provocando o aborto delituoso pela fome de prazer, reaparecerão enfermas e estéreis, tanto quanto homens válidos e robustos, que envilecem a vida no abuso das forças respeitáveis da natureza, ressurgirão na ribalta do mundo, carregando no próprio corpo o desequilíbrio e a moléstia que adquiriram, invigilantes.

Não te esqueças, portanto, de que o bem é o crédito infalível no livro da eternidade, e recorda que o «depois» será sempre a resultante do «agora».

Todo dia é tempo de renovar o destino. Todo instante é recurso de começar o melhor.

Não deixes, assim, para amanhã o bem que possas fazer.

Faze-o hoje.

 

Do Religião dos Espíritos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita