Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Mães e trabalhadoras


Mas não consegui entender ainda

qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles


Cora Coralina apontou: “A vida é boa. Saber viver é a grande sabedoria. Fazer bem feito tudo o que houver de ser feito.”

Sou filha de uma mulher da roça. Dona Adelaide, quem, ao se tornar mãe, não quis e não pôde abdicar do seu labor cotidiano, ciente de que, apesar dos desafios, era possível conciliar maternidade e habilidades profissionais.

Não é idealismo. É instinto de sobrevivência. Quando me tornei mãe, busquei também prosseguir com meus anseios profissionais, procurando lidar com a culpa, que é coisa que dói. Precisei passar por diversas situações bonitas e difíceis para entender que é possível criar um filho e ainda assim cultivar a vocação – e sem  “considerar desgraça alguma dar uma mão a si próprio” (Walt Whitman).

De que as mulheres dependem quando necessitam conciliar filho e carreira?

As mães que trabalham dependem de uma rede de apoio – pai, escola, amiga, parente, babá… Pode parecer clichê, mas uma mãe precisa de alguém de confiança para conseguir trabalhar, não tem jeito, principalmente na  infância do filho. No período de férias escolares, por exemplo. A falta dessa rede de apoio leva muitas mulheres a abandonar a carreira, vindo muitas a vivenciar sem trégua, com a passagem dos anos, sentimento de fracasso, amargura, infelicidade.

Outro ponto ignorado por muitas pessoas que criticam mães que trabalham: assim como a alegria causada pelas conquistas profissionais favorece uma maternidade mais saudável, mais criativa, o exercício da maternidade contribui para o desenvolvimento de habilidades importantes para o ambiente de trabalho: paciência, empatia, capacidade de interação, de ser solidário…

Ninguém conhece as mulheres melhor que as mulheres. E há distintas formas de ser mulher. Há mulheres que não querem ser mães. Há mulheres que quando se tornam mães abdicam da profissão e se dedicam exclusivamente aos filhos e à casa. Há mulheres que se tornam mães e continuam a trabalhar – e porque desejam e/ou porque necessitam.

Estou a desenvolver este escritinho para as mães que trabalham. E, pensando nelas, pensando em mim, resgato aqui uma velha sabedoria: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.”

Queridas mães, cuidem de seus filhos e trabalhem em paz.  De um modo ou de outro, todos os dias, nós, mães trabalhadoras, procuramos “fazer bem feito tudo o que houver de ser feito.”


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita