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por Temi Mary Faccio Simionato

 

A Manjedoura e nós, um cântico de amor

 

“Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” Lucas, 2:14.

 

As legiões angélicas junto à Manjedoura anunciavam o Grande Renovador. Glória a Deus no Universo Divino. Paz na Terra e boa vontade para com os homens.

O Pai supremo legava a nova era de segurança e tranquilidade ao mundo. Derramando-se, assim, o tesouro Divino pelas mãos de Jesus para o serviço da Boa Nova. O Mestre Nazareno trazia a mensagem da verdadeira fraternidade e revelando-a transitou vitorioso do berço de palha ao madeiro infamante.

A Sua passagem na Terra provocou a maior revolução de valores de que se tem conhecimento. No livro Refletindo a Alma, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, no capítulo 16, a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, complementa: “Jesus viveu a Sua humanidade com singular elevação, suportando fome, dor, abandono e morte sem impacientar-se, submisso e confiante ultrapassando todas as barreiras então conhecidas das resistências humanas”. A forma como Ele viveu nos possibilita extrair as mais belas lições da natureza humana.

Em toda parte, Jesus está presente e o simples enunciado do Seu nome é vigoroso estímulo para a liberdade e a paz do Espírito. A coragem, a honestidade e a grandeza espiritual eram pelo Mestre, demonstradas a todo instante.

O Natal evoca o Rei Sublime descendo à Terra para amar como uma lição viva e inconfundível, e de que maneira devemos conduzir os amados que já conseguem apreciá-Lo. É a renovação da alma e do mundo nas bases do amor, da solidariedade e do trabalho. Com o enviado Celeste que surge na Manjedoura, temos o excelso Vencedor arrebanhando os fracos e os sofredores, os pobres e os humildes para a revelação do bem Universal. Antes, exércitos e armadilhas, flagelos e punhais, chuvas de lodo e lama para a conquista sanguinolenta; mas, agora, é um coração armado de amor, aberto à compreensão de todas as dores, ao encontro das almas. Se já pudermos ouvir e sentir a mensagem inesquecível, recordemos que a boa vontade para com todas as criaturas é sempre o nosso dever.

Acaso temos elegido a serenidade como companheira nas horas difíceis? O amor como sustentáculo das nossas aspirações? A caridade como normativa fraternal e a fé como lâmpada sempre acesa no curso das horas? Se ainda não conseguimos sentir a glória do Natal de Jesus vibrar nas fibras mais íntimas do nosso ser, provavelmente a nossa coleta tem sido de desencantos, tristezas, perversidades e incompreensões, ou talvez as amarras do ceticismo nos envolveram cedo aos capachos da indiferença pelas questões transcendentais do Espírito.

Evoquemos a história daquele Homem que floresceu como lírio imaculado em matagal deplorável e não se poluiu. Viveu situado pelo sofrimento de todos e não desanimou, sofreu zombaria de toda natureza e não descreu, que se viu só quando mais era convocado ao testemunho ímpar e não se fez amargo e nem decepcionado. Recordemos Dele como simples e majestoso, a face queimada pelo Sol, cabelos ao vento, esguio e nobre, misturado à multidão, enxugando suor e lavando feridas, limpando raízes morais, seguido por mulheres mutiladas nos ideais da maternidade e reduzidas à condição mais dolorosa, e por homens vencidos por impostos exorbitantes ou dominados por misérias sem nome. O doce Rabi elegeu esses, os sem ninguém à condição de amigos, sem se voltar contra aqueles outros, também infelizes, momentaneamente elevados, pretensiosos ao poder ou enganados pela ilusão.

Evoquemo-Lo e deixemos que Suas vibrações cheguem ao nosso Espírito sedento de amor, paz e luz. Este Amigo, Irmão incondicional esquecido por muitos, por se abrigarem nos desejos e tentações imediatistas, enquanto Ele, o doce e Meigo Rabi, jamais se esqueceu dos Seus irmãos em humanidade.

Aquietemos o turbilhão que nos atordoa e, enquanto se espraiam no ar as sutis vibrações do Natal de Jesus, escutemos a voz do Alto e alcemos dos sítios sombrios onde nos demoramos, para as culminâncias do amor clarificador de rotas, em homenagem ao Governador da Terra.

Que possamos estar com Ele sempre. O conviva invisível e presente na formosa festa de paz, em que converteremos nossas horas de agora em diante.

O Natal é mensagem perene que desceu do Céu para a Terra e que agora levanta-se da Terra em direção ao Céu.

Aprendamos, trabalhemos e sirvamos até que um dia qual aconteceu ao velho Simeão da Boa Nova, possamos exclamar ante a presença Sublime: “Agora Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a Tua palavra, porque em verdade, meus olhos já viram a salvação”. (Lucas, 2:29.)

Irmãos que ouvem no Natal os ecos suaves do cântico milagroso do Alto, recordem que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros. Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.

Natal! Boa vontade! Boa Nova!

 

Bibliografia:

FRANCO, Divaldo Pereira – Lampadário Espírita – ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis – 9ª edição – Editora FEB – Brasília/ DF – lição 33 -2021.

XAVIER, Francisco Cândido – Fonte Viva – ditado pelo Espírito Emmanuel – 36ª edição – Editora FEB – Brasília /DF – lição 180 – 2011.

SILVA, Cesar Saulo – coordenação – Comentários ao Evangelho segundo Lucas – 1ª edição – Editora FEB – Brasília/ DF – página 38 – 2015.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita