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por Juan Carlos Orozco

 

Ano novo de fraternidade e paz


Na marcha universal rumo ao infinito, desde a eternidade, pelo tempo terrestre, apresenta-se mais um ano aos peregrinos da Terra em momentos de transição planetária.

No permanente agora, mais uma oportunidade de renovação, recomeço, reconstrução e realização do que ainda não deu início ou terminou. Momento também para refletir e aprender com tudo aquilo que serviu de experiência e lição para não se repetir os erros do passado.

Nas comemorações da passagem de ano, cada um celebra de uma maneira, sendo que alguns festejam em casa, outros vão a bailes de réveillon, ou preferem as praias, assistindo a shows de artistas famosos, seguidos de fogos de artifícios, ou fazem retiros em locais específicos, dentre inúmeras formas de marcar essa ocasião.

Como de costume, no íntimo de cada ser, misturam-se perspectivas, necessidades, desejos, vontades, prazeres, promessas, esperanças e anseios por concretizar o sonho de dias melhores.

Além a tudo isso, o primeiro dia do ano é dedicado ao “Dia da Fraternidade Universal e da Paz”, denominação pouco lembrada, cujas atitudes, se praticadas pelas pessoas, colocariam a Terra em um estágio bem mais elevado de evolução.

O Espírito Emmanuel, no livro “Fonte viva”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no Capítulo 49, em “União fraternal”, ensina: “A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir. Somente alcançaremos semelhante realização ‘procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz’.”

Assim, a união fraternal e a paz deveriam ser o sonho sublime de todos os seres humanos, como condição para se cultivar a harmonia e o respeito mútuo na Terra, mediante o serviço edificante a que todos somos chamados a realizar em nossas existências.

Ainda Emmanuel, no Capítulo 15, em “Fraternidade”, esclarece:

“E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da interpretação. (...)

Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembleias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras... (...)

Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente... Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem.”

Apesar dos progressos já alcançados pela Humanidade, falta, ainda, avançar no campo do amor ao próximo, na caridade, na fraternidade e na solidariedade para o bem-estar moral de todos. Contudo, muitos alimentam a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, esquecendo que somente o amor poderá unir os seres humanos por um laço fraternal universal.

Allan Kardec, no livro “Obras póstumas”, em “Liberdade, igualdade, fraternidade”, esclarece:

“A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros; significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: ‘Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco’. É o oposto do egoísmo. A fraternidade diz: ‘Um por todos e todos por um’. O egoísmo diz: ‘Cada um por si’. (...) Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o reinado da fraternidade verdadeira. Cada um a quererá em seu proveito; não quererá, porém, praticá-la em proveito dos outros, ou, se o fizer, será depois de se certificar de que não perderá coisa alguma.”

O reinado da solidariedade e da fraternidade será forçosamente o da justiça para todos, com paz e harmonia entre os indivíduos, as famílias, os povos e as raças.

A despeito de todos os ensinamentos, exemplos e alertas do Mestre Jesus deixados na Terra, há mais de dois mil anos, ainda não aprendemos a amar o próximo como a nós mesmos.

Para tanto, teremos que vencer a luta íntima contra as próprias imperfeições, com destaque ao egoísmo, ao orgulho, à vaidade, ao ódio, ao rancor, aos inúmeros ressentimentos, dentre outras tantas.

Essa luta interna, do bem contra o mal, pode ser entendida como o renunciar a si mesmo, negar-se a si mesmo e fazer desaparecer o “eu” (egoísmo), e começar a enxergar os nossos semelhantes como verdadeiros irmãos, filhos do mesmo Pai.

Será renunciar às antigas e infelizes aquisições, aos valores transitórios e às ilusões da matéria, e colocar-se disposto a acatar novos aprendizados, por meio de uma reforma íntima. Renunciar à concretização de sonhos pessoais em favor das realizações coletivas.

No planeta em transição para mundo regenerado, o amor, a caridade e a fraternidade são uma necessidade imprescindível de evolução. Somente o progresso moral assegurará a felicidade na Terra, colocando freio nas paixões inferiores para fazer reinar a concórdia e a paz entre os homens. Quando a humanidade se submeter à lei do amor e da caridade, deixará de haver egoísmo.

Inspirados pelo amor ao semelhante e sem mágoas, devemos trabalhar pela paz e pelo entendimento entre os homens. Diante de situações conflituosas, antes da decisão aconselhada pela ira ou pela violência, devemos perguntar ao amor o caminho a ser seguido. E o amor responderá com sabedoria como prosseguir. O amor falará da mansidão, da brandura, da paz e da esperança.

Jesus com humildade, simplicidade e mansuetude encantou multidões e a sua paz ratificou suas mensagens e ações. Em Jesus, devemos buscar as lições de fraternidade e paz nas nossas lutas da vida, que conduz para a libertação da alma pela tolerância, bondade, indulgência e amor ao próximo.

Jesus convidou-nos ao equilíbrio, à candura e à humildade, para que aprendamos a possuir, em nome do Pai, todo poder e toda glória da vida. Procuremos, pela tolerância fraterna, a lição sublime para que estejamos seguros nas construções imperecíveis da alma. À frente da crueldade, da violência, da ignorância e da insensatez, mantenhamos acesa a chama do amor.

Os pacíficos serão reconhecidos como filhos de Deus, porque obedecem à lei da fraternidade, sabendo que todos somos irmãos, filhos de um único Pai, que tratam a todos com brandura, moderação, mansuetude, afabilidade e paciência.

Existindo uma sociedade mais pacífica na Terra, unida por um laço de sincera fraternidade, a Humanidade compreenderá, finalmente, o significado de o Cristo ser o caminho, a verdade e a vida em direção ao Criador.

 

Bibliografia:

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. Obras póstumas. 1ª Edição. Rio de Janeiro/RJ: Federação Espírita Brasileira, 2009.

EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita