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por Maria Angela Miranda

Tempo, senhor do destino


Tempo, quando pensamos a seu respeito de forma superficial, algumas vezes afirmamos que gostaríamos que o dia tivesse 48 horas, assim conseguiríamos cumprir todos os afazeres. Outras vezes, falamos com um certo ar de sabedoria que se pudéssemos voltar no tempo faríamos tudo diferente. Também de forma contraditória e com o mesmo ar de sabedoria, algumas vezes afirmamos que se pudéssemos voltar no tempo faríamos tudo igual, não mudaríamos nada.

Quando os sumérios e, depois, os egípcios, há mais de 5.000 anos, organizaram o tempo em meses, dias, horas, nos presentearam não somente com um calendário que nos permite organizar, planejar, controlar nosso tempo, como também agendar atividades como o melhor mês para plantar determinado alimento, para pescar e caçar com responsabilidade, para colher com mais sabor, esperar o período certo de preparação de uma nova vida, para iniciar um curso, para ver nosso time ser campeão.

Aprendemos a necessidade de equilibrar nosso tempo em tempo para trabalhar, tempo para estudar, tempo para passear, tempo para descansar, tempo para a família, tempo para os amigos, tempo para Deus.

Com o passar do tempo, fomos retirando o tempo que dedicávamos a algumas atividades que exigiam mais dedicação, maior determinação, uma dose de paciência, um agir mais caridoso, mais tolerante, e o distribuímos em atividades que nos davam mais prazer, poder, riqueza; começamos a nos achar injustiçados por termos que dedicar tanto tempo à família, aos pais, aos filhos, ao trabalho, ao estudo, a Deus. Passamos a procurar atalhos, subterfúgios, a escolher ações que nos trariam sucesso financeiro, prestígio social. Começamos a abusar do sexo, da bebida, descobrimos drogas maravilhosas que nos levavam ao paraíso, nos aperfeiçoamos na corrupção, no desapego, no levar vantagens a qualquer preço, nas mentiras sinceras e nos distanciamos de Deus.

Quando o homem pisou na lua em 20 de julho de 1969, por misericórdia de Jesus e não por merecimento, ganhamos um novo tempo: 50 anos para refletir, mudar nossas ações, nossas atitudes, nossa maneira de conduzir o tempo, aprender o bom convívio, a sermos mais caridosos e mais fraternos, pois se continuássemos nesta toada seríamos conduzidos a uma guerra mundial, a terceira guerra mundial que, provavelmente, seria uma guerra atômica.

Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde, alertou o mundo sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Era uma nova cepa de coronavírus, que não havia sido identificada antes em seres humanos.

Era o início de uma pandemia mundial. Foram retirados do nosso convívio pessoas que amávamos, pessoas que a nosso ver tomaram todos os cuidados, seguiram as orientações das autoridades da saúde e, mesmo assim, passaram a fazer parte desta estatística cruel. Demoramos a perceber que uma pessoa aparentemente saudável, que entrou em contato com alguém portador do vírus, podia transmiti-lo para aquele seu amado que estava seguindo todos os cuidados. Desconfiamos das vacinas, da ciência, culpamos outros povos, dividimos o mundo entre nossos iguais, que fazem tudo certo e os outros, os radicais, os trogloditas. Passamos a nos olhar com desconfiança, com medo.

O tempo corre, seguindo seu propósito e nos presenteando novamente com uma porção de isolamento social, nos dando a oportunidade de repensar nossos valores, nossa conduta. Porém, insistimos em não perceber que se não mudarmos seremos relocados para outros mundos, a Terra deixará de ser um lugar de expiação. Para merecermos permanecer aqui, teremos que nos tornar melhores, não podemos mais nos comportarmos como crianças mimadas que ganham presentes, abrem, e deixam num canto qualquer para, em seguida, chorar, pedindo um novo presente.

Nosso tempo é sagrado, precisamos usá-lo com equilíbrio, reservar sua melhor porção para Deus, para a família, para o trabalho, para o planeta que grita por socorro, para nosso inimigo e aprender a tratá-lo com caridade, pois ele poderá ser nosso companheiro em um exílio compulsório.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita