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por Arleir Bellieny

 

Natal: consumo e consumismo


Quando chega dezembro ficamos ansiosos para vermos as luzes piscarem e as guirlandas se entrelaçarem num colorido frenético em vermelho e branco. 

Saltam dos registros da infância as fantasias natalinas com as imagens do Papai Noel (em francês, noël, significa natal, sinterklass, São Nicolau).

Em algumas festas natalinas são exigidas as cores vermelho e verde para acesso às comemorações, significando o sangue de Cristo e a esperança. 

O estímulo midiático ao consumismo é evidente e massificador. Os consumidores lançam mão de suas reservas para satisfazerem os impulsos como se não houvesse o amanhã. 

Passada a euforia tem lugar o arrependimento pelos excessos de gastos que poderiam ter sido direcionados e administrados de forma equilibrada. 

Na questão 459 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec insere a seguinte pergunta: "Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos”? E obtém a seguinte resposta: "A esse respeito, sua influência é maior do que podes imaginar. Muitas vezes, são eles que vos dirigem".

Diante dessa azáfama cabe uma breve reflexão. No caso do consumismo natalino, quem o está estimulando? Os mentores ou os obsessores? Como saber se estamos sendo influenciados por mentes sadias ou perturbadas?

Na questão 567 da mesma obra, outra reflexão: "Os espíritos se intrometem algumas vezes em nossas ocupações e prazeres?” Resposta: "Os espíritos comuns, sim. Estes estão sem cessar ao nosso redor e algumas vezes tomam parte ativa no que fazeis conforme sua natureza e isso é necessário para estimular os homens nos diferentes caminhos da vida excitar ou moderar as paixões".

É evidente que o nosso livre-arbítrio será sempre respeitado independente da direção tomada. Porém, o ter e o ser, mais uma vez, estarão sendo postos à prova.

Nossos sonhos e desejos são construções da nossa mente criativa que nos sinaliza através da intuição. Pertence a nós e somente nós termos responsabilidade para com eles. Realizá-los ou boicotá-los é uma questão de escolha.

Como viajores do tempo somos tendenciosos a cultivar padrões de comportamento herdados dos nossos ancestrais, repetidos como mantras ao longo de nossas vidas.

Identificar, portanto, se nossas ações estão coerentes com o que queremos para a nossa vida de relação com o próximo pode ser uma sinalização do encontro com o autoconhecimento inserido no conteúdo do como dar. Receber é fácil e simples, exige pouco ou quase nada. O hábito de receber amortece o impulso de ser recíproco. Ao incluir a energia do amor fraternal naquilo que doamos marcamos o ato com a nossa digital espiritual. Fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós resume todos os deveres do homem para com o próximo (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 11).

Essa conduta, além de destruir o egoísmo, nos liberta de todo e qualquer vínculo de possíveis condutas que causaram dissabores. 

Neste dezembro natalino fica aqui uma singela contribuição para o despertar de nossas consciências, diante tantas alternâncias de expectativas de dias melhores isentos de temor ao vírus e à pandemia que há dois anos assola o nosso lindo planeta azul. Que seja para renovação de hábitos, costumes e valores, para que possamos aprender a viver como espíritos espíritas, a fim de que o mundo de regeneração alcance o seu propósito sob a égide do aniversariante, Jesus de Nazaré. É na frequência do amor que o bem acontece.

Nota: quando presenteamos com um livro espírita cedemos um tesouro.

Consumir livro espírita pode causar efeitos colaterais: libertação da alma.

Feliz Natal!


Arleir Bellieny, psicólogo clínico e expositor espírita internacional, é membro fundador da AME-Rio e da AME Internacional.
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita