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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A Lei de Justiça


Inquestionavelmente, todos os espiritualistas, reencarnacionistas ou não, creem em Deus e sabem que tudo o que Dele vem reveste-se de um caráter absoluto. Sabedoria absoluta, bondade absoluta, enfim, todos os atributos que a nossa mente, absolutamente relativa, imputa a Deus. Atribuímos essa relatividade à nossa condição evolucional, pois ainda estamos num processo de aprendizado, de crescimento espiritual. E, por falta de aprendizado, ainda somos egoístas, presos ao nosso ego, responsável por todas as ações que nos desviam das leis naturais.

Desviando-nos dessas leis naturais que marcam a sua cadência e ritmo de maneira perfeita, somos compelidos, através da Lei de Justiça, a afinarmos nossos instrumentos para nos enquadrarmos ao conjunto harmonioso. E é aí, nesse momento, em que necessitamos proceder ao ajuste, é que a Lei de Justiça se manifesta através dos sofrimentos, das dores, das inquietações que atormentam o nosso espírito, qual uma criança, que depois de ter feito uma travessura, recebe a reprimenda dos pais e chora, esperneia, relutando em receber a corrigenda.

Em O Livro dos Espíritos, ao indagar Kardec como se poderia definir a Justiça, recebeu como resposta dos Espíritos Superiores, que a Justiça consiste no respeito aos direitos de cada um. Complementaram dizendo que duas coisas determinam esses direitos: a Lei humana e a Lei natural. Com relação às leis humanas, dada a nossa relatividade, essas leis são apropriadas para um determinado momento da humanidade e são modificáveis conforme a mudança de hábitos ou valores que interessam àquela sociedade ou agrupamento humano.

Resta a Lei Natural e aí, nós nos perguntaríamos: Onde encontrarmos a base da Justiça fundada numa Lei Natural? Como nos mantermos afinados com essa lei natural? A essa pergunta feita por Kardec na questão 876, de O Livro dos Espíritos, foi assim respondido:

“O Cristo vo-la deu: Desejai aos outros o que quereríeis para vós mesmos. Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça, pelo desejo de cada um ver respeitar seus direitos. Na incerteza do que se deve fazer em relação ao seu semelhante em dada circunstância, o homem se pergunta como ele desejaria que se fizesse para com ele em circunstância semelhante: Deus não poderia dar-lhe um guia mais seguro que a própria consciência”.

Desse modo, o critério da verdadeira justiça é, com efeito, desejar para os outros o que se desejaria para si mesmo. Respeitar o direito dos semelhantes é uma obrigação para o homem que vive em sociedade. Aquele que respeita os direitos alheios será sempre um homem justo, pois a vida social nos confere direitos, mas, igualmente, somos compelidos aos deveres correspondentes.

Podem vocês imaginar a paz que reinaria no mundo se levássemos ao pé da letra essa instrução que vem do Alto? Fazer ao próximo somente aquilo que desejamos para nós mesmos? Por enquanto, uma utopia, um sonho: ver todos no mundo praticando a Lei do Amor e de Caridade, porque também essas duas leis complementam a Lei de Justiça.

Não haverá justiça sem que o homem aprenda a viver no amor e pelo amor.

A compreensão espírita do mundo e do destino do homem modificará a ordem social. A certeza da sobrevivência e o conhecimento da Lei de evolução arrancarão o homem das garras do imediatismo e ele pensará no futuro. Assim fazendo, verá as coisas de mais alto e aprenderá que o valor supremo e o supremo bem estão nas Leis de Deus, que são a Justiça, o Amor e a Caridade.
  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita