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por Rogério Coelho

 

A Boa Nova


A vida de Jesus é o permanente apelo à mansidão, à dignidade, ao amor, à verdade


"O Evangelho é a mais expressiva história de uma vida, através de outras vidas, iluminando a vida de todos os homens." - Amélia Rodrigues


Em sua ainda inigualável parenética, a nobre mentora Amélia Rodrigues desenha, com o colorido de sua sensibilidade e com firmes pinceladas do seu conhecimento profundo e superior da Vida de Jesus, bem como das circunstâncias histórico-político-sociais, os painéis dos proscênios onde se desenrolou a Saga que dividiu as eras da humanidade. Narra com elegância e precisão os fatos, os acontecimentos da vida d`Aquele que se alevantou acima da própria história, constituindo-Se o marco rutilante dos fastos do pensamento universal.

As narrativas vêm sempre emolduradas por ricas descrições geográficas de rara beleza, a ponto de nos levar a considerar a Benfeitora Espiritual uma paisagista de singular sensibilidade.

Atentemos para a aula dessa Mestra, compulsando os livros: "Primícias do reino" e "Quando voltar a primavera", ambos psicografados por Divaldo Pereira Franco: "o Evangelho de Jesus ─ a mais significativa história jamais narrada, encontra-se sintetizada em ‘O Novo Testamento’, modesta obra de pouco mais de trezentas e cinquenta páginas. Grafada por duas testemunhas pessoais de todos os acontecimentos, Mateus e João, e confirmada pelos depoimentos de outras que conviveram com Ele, tais como Pedro ─ que pede a Marcos escrevê-la para os romanos recém-convertidos ─ e Lucas, que a recolhe de Paulo, o chamado da estrada de Damasco, de Maria, Sua mãe, de Joana de Cusa, de Maria de Magdala e de outros, escrevendo para a grande massa dos gentios conversos. Outros depoimentos de conhecedores e participantes diretos reaparecem nas Epístolas para culminarem na visão do Apocalipse.

Milhares de manuscritos de cópias relataram Sua Vida e Seus feitos... Os quatro narradores ─ Mateus, Marcos, Lucas e João ─, no entanto, são de uma veracidade tal que os seus escritos são a mesma Mensagem e Vida, por escribas diferentes na cultura, na emotividade e nos interesses distintos, convergindo e centralizando a Incomum Personagem que é Jesus!...

Lê-los é provar as angústias do mundo e o néctar dos Céus, a fim de saber dos paladares, qual se deve escolher.

Os evangelistas não foram romancistas, historiadores, antes narradores de Uma Vida que foi maior do que todas as vidas...”

Mateus escreveu os "ditos do Senhor" entre 50 e 55; Marcos narrou os fatos num período que vai de 55 a 62, em Roma, ao lado de Pedro. Lucas fez o mesmo logo depois, por volta de 63...  João escreveu o Apocalipse entre 96 a 104, ainda em Éfeso.

Por volta do ano 63, Lucas narrou os "Atos dos Apóstolos", utilizando-se das informações que lhe chegaram por personagens que participaram daqueles acontecimentos inesquecíveis.

Ao todo, vinte e sete pequenos livros constituídos por duzentos capítulos e sete mil novecentos e cinquenta e sete versículos, em linguagem simples: quatro narrativas evangélicas, um Ato dos Apóstolos, (atribuído a Lucas), catorze epístolas de Paulo, uma de Tiago Menor, duas de Pedro, três de João, uma de Judas Tadeu e o Apocalipse de João.

Embora as pequenas variantes de narrativas ─ o que lhes dá o testemunho inconteste da opinião pessoal dos escritores ─ através dos quatro evangelistas, a história do Filho do Homem é uma só.

Mateus (Levi) escreveu-a para os israelitas que se cristianizaram, comparando a Boa-Nova com os Textos Antigos e utilizando-se das figuras comuns ao pensamento hebreu.

Marcos (também chamado João), filho de Maria, de Jerusalém, em cujo lar os cristãos se reuniam e onde o Apóstolo Pedro, libertado do presídio se acolheu, que conheceu de perto as lides apostólicas junto a Paulo e Barnabé, dos quais se afastou em Perge, na Panfília, retornando a Jerusalém, tendo sido convocado mais tarde pelo próprio Pedro, à sementeira em Roma, em cuja ocasião grafou a sua narrativa.

Lucas, recém-convertido por Paulo, residiu em Cesareia, no lar do diácono Filipe de quem, emocionado, escutou a narrativa oral dos acontecimentos, bem como em Jerusalém, ouviu os mesmos fatos contados por Tiago Menor. Erudito, nascido em Antioquia, de cultura helênica, é o narrador deslumbrado e comovido dos feitos e palavras de Jesus. É o mais lindo dos quatro Evangelhos, impregnado da mansuetude do Cordeiro. Escrevendo ao "excelente Teófilo", é dedicado à grande grei dos gentios, arrebatada pelo verbo candente de Paulo, seu mestre.

Dante afirmava que Lucas era o escriba da mansidão de Jesus. Prosseguirá escrevendo, mais tarde, os “Atos dos Apóstolos” com o seu inconfundível estilo.

João, o “discípulo amado”, místico por excelência, escreveu para os cristãos que já conheciam a Mensagem com segurança. Aprofundou a sonda reveladora e se adentrou no colóquio do Mestre com Nicodemos, sobre o “novo renascimento”, de cujo colóquio, possivelmente, participara como ouvinte. Começa o seu estudo com a transcendente questão do Verbo e o encerra no Apocalipse com a fulgurante visão medianímica de Jerusalém Libertada. O seu, é o Evangelho espiritual...

Escritos inicialmente na língua falada por Jesus, (o arameu), excetuando-se provavelmente Lucas, logo foram traduzidos para o grego, corporificando o pensamento do Mestre, que se dilataria por toda a Terra...

A mais comovente história que já se escreveu; o maior amor que o mundo conheceu; o exemplo mais fecundo que jamais existiu; a vida de Jesus é o permanente apelo à mansidão, à dignidade, ao amor, à verdade.

Amá-lO é começar a vivê-lO; conhecê-lo é plasmá-lO na mente e no coração.

A vida que comporta a história da nossa vida ─ eis a vida de Jesus!  A perene alegria, a boa mensagem de júbilo ─ Eis o Evangelho!

Águas abençoadas de córregos ─ os textos evangélicos ─ fluem na direção do mesmo rio: a Verdade!

Passaram fastos históricos, sucederam-se civilizações e culturas, povos substituíram povos, homens se foram e renasceram noutras épocas enquanto Jesus continua o mesmo.

O homem de hoje que O busca, encontra-O compassivo e gentil a aguardá-lo, como ao moço rico disse no passado, ao entardecer, à entrada da cidade: ─ "Vende tudo o que tens, dá-os aos pobres, vem e segue-Me, estou esperando por ti”.

Sim, Jesus ainda espera!  Pacientemente ainda nos espera!       


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita