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por Orson Peter Carrara

 

Nova compreensão do sistema de justiça


Uma noção ampliada de justiça, considerando o delinquente ou criminoso como um enfermo necessitado de muitos cuidados, implantou-se no mundo a partir de uma ocorrência muito conhecida da ação de Jesus quando aqui esteve conosco. A dedução, muito lógica, apesar do que ainda precisa ser implantado e efetivamente vivido, está no livro Boa Nova, de Humberto de Campos, no capítulo 13 – Pecado e Punição. Depois de referir-se ao ‘atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado’ – que desmontou a ira dos perseguidores da mulher em falta – assim se expressa o citado autor na referida obra:

“(...) desde a tarde em que Jesus se encontrou com a pecadora em frente da multidão, um pensamento novo entrou a dominar aos poucos o espírito do mundo. A substância evangélica do ensino inolvidável penetrou o aparelho judiciário de todos os povos. A sociedade começou a compreender suas obrigações e procurou segregar o criminoso, como se isola um doente, buscando auxiliar-lhe a reforma definitiva, por todos os meios a seu alcance. (...) Todo o sistema da justiça humana evolveu para os princípios da magnanimidade, e os juízes modernos, lavrando suas sentenças, sem nunca haverem manuseado o Novo Testamento, talvez ignorando que procedem assim por ter sido Jesus o grande reformador da criminologia.”

Considere-se que ainda há crueldade e falhas nos processos e julgamentos. Isso, todavia, não invalida nem impede o avanço de uma nova mentalidade que gradativamente vai ganhando espaço no discernimento humano: os agressores e delinquentes de todos os matizes são enfermos, necessitados todos de educação, compaixão e auxílio, pelas seduções por que se deixaram levar, dominados que ainda estão pelo egoísmo ou por tolas vaidades.

Afinal, como considera o mesmo autor, no citado capítulo, “(...) só a luz e o bem são eternos e, um dia, todos os redutos do mal cairão, para que Deus resplandeça no espírito de seus filhos (...)”. Não se assuste, pois, o leitor, com o momento complexo da sociedade humana. Tais disparates apenas aceleram um largo processo de amadurecimento que alterará o sofrido panorama social.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita