Brasil
por Ana Moraes

Ano 15 - N° 744 - 24 de Outubro de 2021

Amanhã registra-se mais um aniversário da desencarnação de Aura Celeste


Adelaide Augusta Câmara, mais conhecida no meio espírita como Aura Celeste, nasceu na cidade de Natal (RN), no dia 11 de janeiro de 1874, e desencarnou aos 70 anos no Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1944.

Aos 22 anos de idade ela mudou-se para o Rio de Janeiro, que era então a capital da República. Corria o ano de 1896. No Rio, graças ao auxílio de pessoas ligadas ao Protestantismo, cuja religião ela professava, Adelaide Augusta Câmara teve a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, onde atuou por algum tempo, até que organizou em sua própria residência um curso primário, no qual muitos homens que mais tarde tiveram destaque no meio político-social brasileiro aprenderam as primeiras letras.

Aos 24 anos, portanto em 1898, ela começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas. Nessa ocasião, Adolfo Bezerra de Menezes escrevia sobre Espiritismo no jornal “O Paiz”, de grande circulação na capital do Brasil. Os temas espíritas eram assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa, como, por exemplo, os artigos e crônicas escritos pelo Médico dos Pobres.

Adelaide Câmara, interessada pelo assunto e sequiosa de saber, lia regularmente os artigos e crônicas a que nos referimos e, assim motivada, decidiu ver de perto o que era o Espiritismo, não obstante o sectarismo da religião protestante a que estava filiada.

Em face disso, não demorou para que aderisse ao Espiritismo e, sob a orientação de Bezerra de Menezes, começou sua carreira mediúnica, como médium psicógrafa, no Grupo Ismael. O grande apóstolo do Espiritismo brasileiro prognosticou, na ocasião, que Adelaide Câmara, com as prodigiosas faculdades de que era dotada, um dia assombraria a todos, crentes e descrentes. E essa previsão não se fez esperar, pois em pouco tempo Adelaide, como médium e palestrante, começou a trabalhar na propaganda da Doutrina dos Espíritos, fazendo conferências e receitando com tal acerto e exatidão, que seu nome se irradiou por todo o país.

Quando Bezerra de Menezes desencarnou, em 11 de abril de 1900, Adelaide Câmara aproximou-se de Inácio Bittencourt e passou a integrar as sessões realizadas pelo Círculo Espírita Cáritas.

Ao casar-se em 1906, os afazeres do lar e, em seguida, a educação dos filhos fizeram-na afastar-se da propaganda espírita nos Centros, mas, em sua própria residência, continuou o trabalho de psicografia, com o qual trouxe à luz as obras "Do Além", em 21 fascículos, e "Orvalho do Céu", que assinou com o pseudônimo Aura Celeste.

Em 1920, retornou às tribunas e aos trabalhos mediúnicos, voltando a atender os tratamentos espirituais, sob a influência do médico espiritual Dr. Joaquim Murtinho. Seus biógrafos referem que, além das faculdades de incorporação, audição, vidência, psicografia, cura e intuição, a médium ainda possuía a da bilocação, sendo referidas curas em diversos pontos do país, como Juiz de Fora (MG) e Corumbá (MS).

Em 1924, voltou-se para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Após três anos de esforços, o confrade João Carlos de Carvalho, que estava a angariar donativos e meios para a fundação de uma instituição para os mesmos fins, entregou-lhe a lista para que a médium obtivesse novas contribuições. Poucos dias depois, Carvalho faleceu, deixando a médium na posse da lista e dos recursos arrecadados. Meses mais tarde, o proprietário da Casa Lopes, que iniciara o estudo da doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos órfãos, sendo informado pela médium de que esta possuía uma lista com alguns donativos para esse fim. Unindo esforços, alugaram uma casa no bairro de Botafogo, aí instalando, em 13 de março de 1927, o Asilo Espírita João Evangelista, sendo ela sua primeira diretora, função que exerceu até a data de sua morte.

Como autora, Aura Celeste legou-nos diversas obras de cunho lítero-doutrinário, em prosa e verso, geralmente assinadas com seu pseudônimo. Entre elas destacam-se:

•  Vozes d'Alma (versos)

•  Sentimentais (versos)

•  Aspectos da Alma (contos)

•  Palavras Espíritas (palestras)

•  Rumo à Verdade

•  Luz do Alto.

Ela publicou também artigos doutrinários e poesias de sua lavra em jornais e revistas espíritas.

A vida e a obra de Adelaide Câmara são um exemplo de fé e um perene testemunho de amor. Grande educadora, ensinava educando e educava ensinando. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente, senhora de um estilo vigoroso, possuidora de uma imaginação prodigiosa, tudo deu e tudo fez para o bom nome do Espiritismo.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita