Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

O que cabe na sua praça?


Em todas as caminhadas na natureza se recebe muito mais do que se procura
. John Muir


A falta de contato com a natureza é consequência do estilo de vida moderno, da infraestrutura urbana precária, que não oferece áreas verdes abundantes e de qualidade, especialmente quando consideramos os bairros mais populosos e carentes de espaços de convivência.

Na infância, as consequências dessa desconexão são nefastas: obesidade, hiperatividade, miopia, dificuldades cognitivas, tristeza, depressão, apatia...

Se perguntarmos para as crianças qual o lugar preferido, sem hesitar, muitas nos dirão: “a praça”, “o parque”, “o bosque”, “o jardim”… Quase todas vão mencionar um lugar onde há árvores, grama, areia, bichinhos, oportunidades para brincar livre, sentindo o vento no rosto, a presença do sol, a terra nos dedos dos pés.

No meu tempo de menina morava num bairro que ficava próximo a uma região onde havia araucárias. Recordo claramente o formato peculiar dessas árvores, a alegria que invadia meu coração toda vez que eu e minha irmã passávamos por ali no caminho de retorno da escola. Por causa da presença daqueles seres majestosos, consegui compreender bem cedo, tal como H. D. Thoreau, que “as árvores realmente têm coração”.

Sobre os espaços verdes nas cidades, gostaria, então, que você refletisse: quanto tempo seu filho fica dentro de lugares fechados? Pense no período de sala de aula, as tardes de apartamento. Considere ainda: qual a relação que podemos estabelecer entre as crianças e as plantas? Brincar de comidinha na pracinha do bairro, utilizando galhos, folhas, pedrinhas… eu creio que isso é mais interessante que assistir à TV ou jogar videogame emparedado.

Obviamente as praças das cidades são frequentadas por pessoas distintas: vizinhos da localidade, jovens, idosos, casais, crianças...

Muitos não se preocupam em melhorar o lugar, sem entender que o processo de revitalização se faz, na verdade, entre todos e para o bem de todos – e também para a saúde e felicidade das crianças.

O que cabe na sua praça?

Reflita sobre isso. Convide a vizinhança para colocar as ideias em prática. Todos ganharão!


Notinhas

Brincar ao ar livre é saudável, econômico, ecológico. Sem esquecer que as crianças brincam cada vez menos por causa dos estímulos da TV e da tecnologia, nas praças e parques elas podem correr e se movimentar com liberdade, imaginação e criatividade, interagindo com o mundo real.

As praças ou os parques, quando seguros, bem cuidados e bem equipados, permitem que as crianças estabeleçam um vínculo com seu bairro ou cidade, segundo um sentimento de pertencimento – isso sustenta o contato com a natureza, orientando a consciência ambiental.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita