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por Rodinei Moura

 

Qual nota você se daria?


Colocando roupa para lavar, durante o intervalo para um café, e me veio na mente: Qual nota você se daria? Cuidar da casa sempre me faz pensar na vida e tem me dado vários temas para meus artigos. E desta vez minha consciência foi quem deu a sugestão: qual nota você se daria? Numa escala de zero a dez, como você vê sua vida até aqui? Como julgaria seu comportamento?

Tentei até argumentar, como que querendo fugir desta conversa comigo mesmo: qual a importância disso? Não seria apenas vaidade estabelecer uma nota para meu comportamento diante desta vida? Tá querendo uma medalhinha por fazer o que é certo? Brinquei comigo mesmo.

Mas a Sentinela do certo e do errado foi incisiva: Pode ser apenas vaidade ou um exercício de aproveitamento do tesouro do tempo. Depende de você e dos parâmetros dos quais se utilizaria para fazer essa autoavaliação. Por essa razão faço outra pergunta: Quais os parâmetros você utilizaria? Lembre-se que quando não há pecado, não há também perdão. É apenas entre mim e você.

Tem sido comprometido com a vida e aproveitado todas as oportunidades que ela nos proporciona? O que tem feito do seu tempo? Você gasta ou investe os oitenta e seis mil e quatrocentos segundos com o qual é presenteado a cada dia? É uma pergunta válida, já que não se pode matar o tempo sem lesar a eternidade. (Henry David Thoreau)

Pensei em sete, a princípio, com certa tristeza. Depois tentei racionalizar para mim mesmo: Não fui desonesto, não gosto de levar vantagem. Mas logo a severa consciência me disse que isso é o básico. Vale alguma coisa, mas, ainda assim, qual nota você se daria? Tem feito brilhar a sua luz, para que os homens a vejam e glorifiquem a Deus que está nos céus? (Mateus, 05:16). Tem trabalhado os talentos que lhes foram confiados? (Lucas, 19:12-27.)

Na questão 642 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta à espiritualidade se basta não fazer o mal para agradar a Deus. A resposta é que devemos fazer o bem no limite das forças. O que significa que não devemos nos ater apenas ao fato de não errarmos. Temos ainda que ter cuidado para não deixarmos de fazer muita coisa boa por esse medo que pode ser filho do orgulho. Nos enganaremos completamente a respeito do sentido da vida se nos atermos apenas a isso. A inércia é por si mesma um grande equívoco, pois não fazer o bem já é um mal. (Questão 657 de O Livro dos Espíritos.)

É evidente que esta ideia de nos dar uma nota é apenas uma metáfora para que venhamos avaliar, constantemente, nosso comportamento. A vida é movimento, ação, é tentativa, é busca incessante para sermos melhores e mais próximos do Pai. Chico Xavier dizia que o que mais nos assemelha a Deus é a nossa capacidade de criar. De sermos úteis, naturalmente. E para isso é necessário investimento para o desabrochar de nossas potencialidades.

A nota que nós nos daríamos, e cujo valor interessa somente a nós mesmos, precisa estar amparada pelos parâmetros que realmente despertem o Deus que somos. Precisa necessariamente que seja embasada pela máxima do Cristo que nos recomenda amar ao próximo como a nós mesmos. Mas, para que isso seja algo efetivo, precisamos dedicar o máximo de tempo com o maior comprometimento e intensidade possíveis àquilo que viemos fazer aqui materialmente e moralmente. “Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasceu e o em que você descobre o porquê”. (Mark Twain)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita