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por Jane Martins Vilela

 

Sempre o amor


Precisamos relembrar os grandes escritores do passado e Léon Denis salta aos nossos olhos com a beleza de seus escritos, que parecem poesia. É dele, o livro “O problema do Ser, do Destino e da Dor”, o que aqui compilamos.

Diz ele:

A todas as interrogações do homem, a suas hesitações, a seus temores, a suas blasfêmias, uma voz grande, poderosa e misteriosa responde: Aprende a amar! O amor é o resumo de tudo, o fim de tudo. Dessa maneira, estende-se e desdobra-se, sem cessar sobre o universo, a imensa rede de amor, tecida de luz e ouro. Amar é o segredo da felicidade. Com uma só palavra o amor resolve todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O amor salvará o mundo; seu calor fará derreter os gelos da dúvida, do egoísmo, do ódio; enternecerá os corações mais duros, mais refratários.

Belas palavras e verdade imensa! Estamos vivendo momentos imperiosos, em que a humanidade descobre o imenso amor, que como uma tênue rede de esperança envolve o mundo!

Como estamos ouvindo histórias emocionantes de dor e de amor nestes tempos de pandemia!

Uma senhora ainda jovem, que ficou entubada, ainda vivenciando a experiência traumatizante por que passou, nos contou sobre o amor de sua família. No dia em que foi internada, relatou-nos que viu sete pacientes a seu lado morrerem. Não conseguia respirar, tamanha a falta de ar e não havia leito de UTI disponível. Seu marido punha-se de joelhos a orar por uma vaga de UTI para ela. Confidenciou-lhe depois que um pensamento veio à sua cabeça de que não deveria ser egoísta, que talvez para ela obter a vaga desejada alguém deveria morrer. Isso o torturou, descobriu-se egoísta, viu a si mesmo. Ela ficou entubada mais de 20 dias. Quando despertou, voltando a si, viu um presente de sua família.

Ela é devota de Maria, a mãe de Jesus. Sua família havia providenciado para que quando ela acordasse pudesse ver a imagem de Maria, que em sua crença ela preza tanto. Como temiam que sua imagem favorita acabasse quebrando na situação de leito em que se encontrava, fizeram uma de crochê que ficasse à sua vista, para que se lembrasse de que não estava só. Sua família esteve presente mesmo à distância, mas passou pela dor de ver sua mãe, que estava internada também, desencarnar, enquanto ela estava internada. Não pôde despedir-se, mas guarda a certeza de que um dia verá sua mãe novamente.

São muitas as histórias que ouvimos e vezes sem conta deparamo-nos com lágrimas nos olhos. Nossa função no Espiritismo é consolar. Há os que choram juntos, há os que seguram as lágrimas para conversarem com os necessitados.

São tempos difíceis e é tempo de amar.

Estamos sendo convidados mais intensamente à jornada de caridade fraterna. O amor nos chama. Espíritos endurecidos estão chegando às nossas reuniões mediúnicas dizendo que, depois de séculos caminhando nas fileiras das sombras, não conseguem mais nelas ficar e sentem o olhar e escutam a voz do pastor a chamá-los de volta ao aprisco. A luz de Jesus se derrama sobre eles. Sentem-se compelidos a um novo começo, que muitos sabem que será de grandes dores, pela semeadura dolorosa que plantaram. Sempre bom lembrar, no entanto, que, repetindo os ensinamentos de Jesus, Simão Pedro dizia que o amor cobre uma multidão de pecados!

O amor salvará o mundo sim! Nele se encontram os grandes sacrifícios, as maiores renúncias, as grandes honras, histórias de seres humanos, os Espíritos que vieram pelo mais puro amor, nascendo neste mundo para ensinarem, para socorrerem, simplesmente porque amam!

Podem estar ao nosso lado, passando anonimamente, na figura de uma mãe, de um pai, de um filho, de um amigo, enfim, e são eles que dão as palavras confortadoras, que socorrem, que acariciam!

Como fazem falta ao partirem! Sua doce lembrança encanta os dias dos que continuam na romagem terrena, até a hora da libertação e do reencontro. Seus exemplos são lembrados. Seu carinho e seus olhos amorosos permanecem na lembrança. Honrá-los, sabendo amar também, é um dever prazeroso.

Como são belas as lembranças comovedoras dos momentos em que mais amamos! São os momentos felizes. Que esses momentos se estendam nas mãos fraternas que se levantam para auxiliar constantemente.

As dores da Covid-19 um dia passarão. Ficarão na lembrança os gestos de amor daqueles que souberam agir no bem, mesmo nas horas mais dolorosas de suas vidas!

As famílias se unem novamente, na esperança que se renova, da tempestade que vai passando.

Que tenhamos aprendido a amar um pouco mais. Que saibamos valorizar a vida, num simples gesto de poder respirar e agradecer a Deus, rogando que possamos ser instrumentos de sua paz e levar esperança onde haja dor, e consolo onde haja desespero. Amar um tanto mais, para aprendermos a amar.

Que Jesus, o nosso modelo e guia, permaneça conosco, no nosso aprendizado de amor!


Jane Martins Vilela, Diretora Responsável do jornal O Imortal, de Cambé-PR, é médica.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita