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por Bruno Abreu

 

O caminho espiritual


Jesus Cristo aconselha-nos, em primeiro lugar, a procurar o Reino de Deus e toda a sua justiça.

Esta é a primeira tarefa que devemos efetuar em nossa senda terrena. Não é uma tarefa instantânea, mas o motivo da reencarnação. Jesus não nos diz o que fazer a seguir, porque, quando esta terminar, somos conhecedores da verdade ou “Espíritos evoluídos”, como quisermos chamar.

Todas as etapas terrenas concorrem ao aprimoramento da consciência e sabedoria espiritual, fazendo parte deste “trabalho para casa” deixado pelo Mestre.

Sei que parece confuso, quando afirmo que foi a única tarefa que nos deixou. Parecem-nos existir outras, como aprender a amar, mas esta faz parte da busca do reino de Deus, ou combater o orgulho, mas esta também faz parte da busca do Reino de Deus, tal como todas as outras.

O Mestre da vida informa-nos que O Reino de Deus não virá de forma externa, mas está dentro de nós.

Onde devemos efetuar a primeira e única tarefa que Cristo nos deixou?

Dentro de nós, é óbvio, mas não do corpo.

Em qual parte de dentro de nós?

Como não é o corpo, então o Mestre refere-se à parte psíquica. Tem muita lógica, já que o corpo não sobrevive.

Vamos começar por perto.

Se existe o lado de dentro, também existe o lado de fora, talvez seja mais simples começarmos pelo que é mais facilmente perceptível.

O mais perceptível da parte psíquica é o consciente. Podemos dizer que são as escolhas que fazemos a todo o instante.

Essas escolhas vêm de algum lado, não são aleatórias. Elas nascem no que acho certo e errado, no que desejo para mim, no que gosto e não gosto, no que me parece verdade e mentira, naquilo que vale a pena manter ou não, no que quero conquistar, naquilo que me quero envolver, em suma, nasce em um centro meu, podemos chamar de “coração”, que me passa despercebido.

A psicologia chama de inconsciente.

É fácil perceber que, embora inconsciente e não me lembre, em algures no passado terreno, tive que conhecer, pois não posso desejar o que não conheço tal como não posso falar uma língua que desconheço.

Este coração foi formado na Terra, com tudo o que tenho passado. Reparem que em outra vida passada falei outras línguas, mas não me lembro. Com isto não quer dizer que o ser termina aqui, pelo contrário, o verdadeiro inicia daqui para “dentro”. Temo-nos apegado à parte superficial ou parte terrena, como quiserem chamar, como consequência isso nos tem cegado. Não amealheis tesouros da terra, de onde fazem parte a razão, o carácter, o orgulho, o egoísmo e todos os movimentos internos que nos levam a separar de nossos irmãos.

Procurar o Reino de Deus, que está dentro de nós, é mergulhar em nós, no autoconhecimento. Esta é uma tarefa obrigatória à humanidade, independentemente da religião, até independente de ser religioso, se realmente nós queremos melhorar e viver mais felizes.

Este tem sido o trabalho dos religiosos, filósofos, psicólogos, cientistas e todos os outros que têm tentado entender a humanidade.

As religiões têm sido as mais presas, dificultando o trabalho, pois os dogmas são terríveis correntes à liberdade necessária para este trabalho constante.

Ao iniciarmos a vigília constante, percebemos os erros que acontecem em nós. Os que saltam à vista são simples pensamentos que vão contra a nossa forma de estar, que rapidamente colocamos de lado e nos dá uma sensação de que nós estamos a esforçar. A tarefa é muito mais difícil do que isto, a prova é a dificuldade que temos de evoluir.

A nossa atenção deve ser constante e permanente, só assim daremos conta dos erros que nos passam despercebidos.

A grande dificuldade é como perceber os erros que cometo que estão enraizados em mim, logo, o autojulgamento será deficiente e supérfluo?

A estrela norteadora é o amor, pois é para lá que caminhamos. Quando tivermos consciência do amor, será simples vermos os erros que nos passam despercebidos.

Até esta altura temos que trabalhar em nós a percepção que temos do amor. Aqui, nesta fase em que estamos, o novo evangelho é o livro prático do nosso aprendizado. Reparem que falei, livro prático, porque teórico não tem resultado.

Temos tentado perceber o Evangelho na teoria e isso não se tem mostrado muito útil ao ser humano. O motivo é porque o novo evangelho é um livro prático e de preferência, de bolso, para andar conosco.

Ninguém aprende a ser manso na teoria, a ser humilde no pensamento ou a amar por palavras.

Todo este caminho é prático, desde a vigília constante para o autoconhecimento à dedicação constante do combate às suas más tendências, ao desenvolvimento do amor que resulta de toda a prática.

Procurar o Reino de Deus é um trabalho, logicamente, prático, que nos leva à consciência Espiritual, mas para tal, temos que abandonar os apegos terrenos, onde estão incluídos os certos e os errados da razão que constroem o personagem terreno.


 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita