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por Renato César Batista dos Santos

 

O quarto interno e o jardim da redenção


Nestes dias de angústias e sombras precisamos fazer uma viagem para o nosso interior tentando encontrar o quarto interno para o encontro de nós mesmos. Daí, nós teremos a consciência do todo que habita em nós. Jesus pediu para nós, em oração, buscarmos a entrada do quarto interno e, após fechar a porta, orar em segredo ao Pai que vê em segredo e nos recompensará, sem dúvidas.

Mas, como nesta hora de dor e sofrimento em que vive a humanidade, como alcançar o quarto e o silêncio interior?

O mundo passa por uma prova coletiva e todos os seres humanos estão quitando as contas do passado com a Lei de Causa e Efeito e se habilitando para uma nova etapa que será chamada de regeneração, onde o bem deverá se equilibrar com o mal. Todos nós estamos sendo convidados a prestar conta do nosso projeto de regeneração que está escrito em nossa consciência.

Os hospitais do plano físico estão com as emergências lotadas e muitos Espíritos partindo de retorno à morada eterna e a maioria desses irmãos retorna à vida espiritual em estado de desequilíbrio, carregando o medo, a angústia, a ignorância e a revolta. Dobrou o serviço no mundo espiritual e, para contribuirmos, precisamos de uma assepsia, talvez mais rígida que a das mãos, do álcool e do distanciamento físico.

Necessitamos da higienização mental e física diariamente pela vigilância das ações do corpo e da alma, de tudo o quanto bebemos, nos alimentamos e cuidamos do corpo físico, e mais imprescindível se torna o alimento mental pela prece, pelo pensamento, pela meditação, e também as virtudes dos sentimentos de piedade, solidariedade, misericórdia, fraternidade e perdão. Elimine os sentimentos de medo, indiferença, raiva, ansiedade, ódio e indiferença que alimentam as sombras.

Não existe faxina sem poeira e desordem, da mesma forma não existe transição sem transtornos e sofrimentos nos dois mundos. Que possamos nos manter firmes e confiantes no Cristo, pois a profecia da Boa Nova se manifesta a todos, não somente aos que a conhecem, e lá nos diz: é chegada a hora de batermos à porta e gritarmos Senhor, Senhor! E Ele poderá responder: Por que me chamais Senhor, Senhor! se não fazeis o que digo? Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica, alcançará o reino dos céus.

O plano espiritual necessita de trabalhadores da Terra e precisamos nos colocar a serviço do bem, confiando na Espiritualidade Superior que está conosco e conta com cada um de nós neste momento em que a humanidade sofre. Um ajuste coletivo que o Cristo, com a Sua bondade e misericórdia, tornou mais leve e suave, mas que exige perseverança e fé de todos que se dispuserem ao serviço pela humanidade. Necessário é orar por nós, pelo próximo e para todos.

Precisamos ser mansos e pacíficos no sentido de não gerar disputas, duelos mentais, discussões desnecessárias e infantis que só causam o mal, nos inundando de energias deletérias que criam barreiras e obstáculos para que o progresso se realize.

Somos simples como um grão de areia na imensidão da praia e, ao mesmo tempo, um ponto de luz na escuridão que habita o nosso ser. O remédio está no combate ao orgulho que nos faz ser o que ainda não somos e deixar de ser o que já não somos; é combater a tola vaidade que causa a falsa impressão do que não sou, impedindo de ser o que preciso e devo ser; e, por último, o combate amargo ao egoísmo que nos cega para dentro de nós e para o que existe ao redor. Assim, descobriremos a mansidão e a concórdia em nós, abrindo espaço para a harmonia celeste que nos enche com a certeza de que podemos acalmar as nossas almas e aqueles que buscam o consolo e acolhimento nestes dias de intensas provações.

O quarto interno nos leva a uma busca de consciência íntima que nos conecta com o Divino que habita em nós e descerra o véu do passado, aclarando o propósito da vida nestes tempos de infortúnios. Dá-nos a vidência das coisas que devemos fazer em benefício dos que sofrem as amarguras e dissabores da vida. Seguindo o caminho entre dores e lágrimas, vamos iluminando as veredas tortuosas do sofrimento alheio com o desabrochar da esperança que desperta no jardim da fé, no meu porto seguro íntimo, que me leva para à redenção. Então, descubro que no meu silêncio tenho um encontro comigo mesmo e descubro o jardim da esperança que se eleva pela fé para o Divino que existe em todos nós, superando os transtornos causados pela transição que vivenciamos. (1)

 

(1) Este artigo tem como referência principal a psicografia Nossa Casa, Nosso Jardim, do amigo espiritual Atualpa Barbosa Lima, psicografada por Rogério Amaral, publicado no Jornal Brasília Espírita, edição 227, de novembro/dezembro de 2020. Também utilizamos na bibliografia o Novo Testamento, tradução de Haroldo Dutra Dias.

 

Texto contemplado no concurso A Doutrina Explica – 2020-2021, promovido pelo Jornal Brasília Espírita (www.atualpa.org.br), com o objetivo de sensibilizar para a leitura, o uso da biblioteca espírita e levar a conhecer alguma metodologia de pesquisa para apoiar o estudo doutrinário, além de incentivar os participantes para o potencial de racionalização e explicação da realidade social e espiritual pela Doutrina Espírita.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita