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por Temi Mary Faccio Simionato

 

O convite está feito! Estamos prontos para aceitá-lo?


“E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.”
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O Sermão Profético é uma das mais poderosas parábolas que Jesus apresentou à Humanidade. Suas imagens profundas e penetrantes são relatos seguros, sábios, através da figura de linguagem, expondo o movimento das transformações imprescindíveis à iluminação das almas, dentro do que foi anunciado: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será desenraizada”. Mateus, 15:13.

Entendemos deste modo, por Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, nas questões 728, 737 e 740, através dos Espíritos superiores, que é necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque isso que chamamos destruição nada mais é que a transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos. Os flagelos acontecem e são necessários para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos. Eles são provas que nos proporcionam a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a nossa paciência e a resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo, que permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, isso se não formos dominados pelo egoísmo.

Sempre visando ao progresso geral, a mensagem de Jesus, invariavelmente, aborda o que interessa e o que ocorre no íntimo das criaturas, pois o poder é do Espírito e, por efeito de nossas oscilações vibratórias, é que a matéria se organiza ou se desordena. A matéria é o liame que escraviza o Espírito; é o instrumento que ele (Espírito) usa e sobre o qual exerce sua ação. Por isso a importância da união do Espírito à matéria, para dar inteligência a esta. É uma união necessária para a manifestação do Espírito, porque não estamos organizados para percebê-lo sem a matéria, pois nossos sentidos não foram feitos para isso.

Sempre houve as leis do Princípio e do desenvolvimento geral para que possamos alcançar patamares mais altos por meio das encarnações, como observamos em o livro A Caminho da Luz, capítulo 2, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, ditado pelo benfeitor Emmanuel: “Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra, numerosas assembleias de operários espirituais. Os artistas da Espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos, a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos vindouros”.

O grande desafio da evolução é vencer a ilusão que a matéria engendra na mente dos homens, permanecendo desperto para os reais valores do Universo como Espírito consciente e, não, como fruto de forças cegas que escravizam os sentidos e propostas ao nada, à perdição. O trabalho de iluminação da nossa própria alma é o esforço individual que deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso por exterminarmos as próprias paixões. O conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva do nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos nosso interior, na sagrada iluminação da vida.

A transição é sempre a aproximação entre dois polos, entre duas realidades. Atualmente, a Humanidade vive o lusco-fusco, sombra e luz de uma transição entre a fase de expiações e provas e outra conhecida como regeneração. Se vivermos bastante para abranger com a vista as duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo surgiu das ruínas do antigo: o caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que surgiram homens novos, ou seja, regenerados (Espíritos mais evoluídos). As ideias que a geração que se extinguiu levou consigo cedeu lugar a ideias novas, que desabrocham, com a geração que se ergue.

Nessa transição, somos colocados no ponto intermédio, assistindo à partida de uma e a chegada de outra assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. O que distingue os Espíritos atrasados (que estacionam) é em primeiro lugar a revolta contra Deus: a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme, enfim, o apego a tudo o que é material. Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada, pelo afastamento dos que se obstinam em não se emendar, porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade. Livres dessas imperfeições, que precisamos dominar, caminharemos sem atalhos, barreiras, para um futuro melhor que estará reservado, mesmo neste mundo, pelos esforços, pela perseverança, enquanto esperamos, trabalhando-nos, para que uma depuração mais completa nos abra acesso aos mundos superiores.

Percebemos, então, que a transição se opera de tempos em tempos, visando à renovação de toda a humanidade, como uma casa em reforma. Assim é a humanidade: um ser coletivo em que se operam as mesmas revoluções morais pelo qual todo ser individual passa, com a diferença de que umas se realizam de ano em ano e outras de século em século.

Recordamos do evangelista Mateus, no capítulo 26, versículo 39: “Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes”. Referindo-se aos instantes dolorosos que assinalariam a renovação planetária, o Mestre aconselhou aos que estivessem na Judeia procurar os montes. A advertência é profunda, porque, pelo termo Judeia, devemos tomar a região espiritual de quantos, pelas aspirações íntimas, se aproximem do Mestre para a suprema iluminação. É chegado o instante de se retirarem os que permanecem presos à matéria, ao mundo de prazeres egoísticos, para alcançar os montes dos ideais superiores.

É indispensável manter o discípulo do bem nas alturas Espirituais sem abandonar a cooperação elevada que o Senhor exemplificou na Terra. Que aí se consolide a nossa posição de colaboradores fiéis, invencíveis na paz e na esperança, convictos de que após a passagem da perturbação, portadores, que ainda somos, de destroços e lágrimas, seremos os filhos do trabalho que semeiam a alegria de novo e reconstroem o edifício da vida.

Somente o homem, herói da inteligência, guarda consigo a carantonha do pessimismo, qual se fora gênio irado e desiludido, interessado em destruir o que lhe não pertence. Entretanto, por toda parte, há convites à edificação, desafiando-nos à ação no engrandecimento comum. É necessário acordar o coração e atender dignamente a parte que nos compete no drama evolutivo da caminhada, sem queixas ou desânimo, pois cada qual recebe o quinhão de luta imprescindível ao aprendizado que deve realizar. A grande questão é obedecer a Deus, amando-O e servindo ao próximo com boa vontade.

O Evangelho sempre será pregado aos povos para que compreendamos e alcancemos os fins superiores da vida. Quando o Mestre louvou a persistência, evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as excelências do caminho espiritual.

As portas do Céu permanecem abertas, nunca foram cerradas. Todavia, para que nos elevemos até lá, precisaremos desenvolver as asas do amor e da sabedoria, por isso, o supremo Senhor concede-nos extensa cópia do material de misericórdia. Ele nos dá oportunidades, porém, cabe a cada um o dever de talhá-las.

 

Bibliografia:

*Mateus, 24: 12.

XAVIER, Francisco Candido – O Consolador – ditado pelo Espírito Emmanuel - 29ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – questão 230 – 2013.

KARDEC, Allan – A Gênese – 28ª edição – Editora FEB – Brasília /DF – capítulos 18 – itens 12, 13 a 28 – 1985.

PAIXÃO, Wagner Gomes – O Evangelho por dentro – ditado pelo Espírito Honório Abreu – 1ª edição – Editora Itapuã – Mario de Campos/MG – lição 42 – 2016.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita