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por Gebaldo José de Sousa

 

Carta ao Saulo

 

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” (Provérbios, 22:6.)

 

Quando me diz: ‘Vovô, eu te amo!’, respondo-lhe terna, carinhosamente, envolvendo-o num abraço: ‘O vovô o ama muito mais!’

Hoje foi dia particularmente feliz para seus avós.

Fizemos-lhe companhia em seu segundo dia de ida à escola, aos dois anos e vinte e dois dias de vida.

Ao confiá-lo às professoras, despedimo-nos de você, para que se adapte às novas experiências que viverá nessa fase de aprendizado.

Verá um mundo novo, pleno de coisas a aprender e de outras a evitar.

Sua avó, muito atarefada, lá nos deixou – porque, sem que você soubesse, ali permaneci de plantão, pronto a oferecer-lhe a presença, o afeto, numa eventual dificuldade, que não se apresentou. Você se houve muito bem, ocupando-se de sucessivas atividades que as professoras habilmente lhe ofereciam e a seus coleguinhas.

Permaneci em sala à parte, juntamente com várias mamães apreensivas, uma delas acompanhada do esposo.

Uma jovem professora recebeu-nos, oferecendo-nos folha em branco, para que anotássemos nossas expectativas a respeito da Escola, o que esperávamos dela sobre a educação de nossas crianças.

Em seguida, exibiu-nos o belo filme ‘Uma Lição de Amor’, com Michele Pfeiffer e Sean Penn. Demonstra, o filme, que o amor é insubstituível na educação dos filhos.

Ali entre aquelas mães, era alguém plenamente calmo, confiante, por saber que a evolução nos chega através de pequenas e contínuas mudanças. A receptividade a elas, o amor ao estudo, a disposição de fazer o melhor, tudo isso pode acelerar nosso crescimento para Deus, objetivo máximo de nossa passagem pela Terra.

Por experiência pessoal, bem sei que levamos a escola das primeiras letras para a vida toda. Ela é, pois, sumamente importante.

E nos tornaremos eternos alunos, interessados em aprender sempre, ou não. Somos criaturas em evolução e o campo do Saber é infinito.

Tornar a criança receptiva ao aprendizado é a mais nobre e digna das missões, na Terra. Exige talento e arte, além de muito amor, doação e desprendimento.

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Breves considerações sobre educação e instrução podem aclarar questões sobre o tema:

Educar (latim educare - ex ducare) = ex (para fora); ducare (puxar, tirar). Educar: tirar para fora. (Extrair, explodir). “Educar é tirar do interior.” (1)

Platão dizia que “Aprender é recordar-se!”

Instruir é diferente de educar. Instruir (latim instruere) = ajuntar; amontoar; ajuntar dentro.

Eis precioso exemplo, que bem esclarece essa diferença:

“O doutor fulano é um animal”. Ou seja, é instruído, pois tem um diploma, mas é mal-educado.

“É preciso não confundir instrução com educação.

(...) A instrução relaciona-se com o intelecto: a educação com o caráter. Instruir é ilustrar a mente com certa soma de conhecimentos sobre um ou vários ramos científicos. Educar é desenvolver os poderes do Espírito, não só na aquisição do saber, como especialmente na formação e consolidação do caráter.” (2)

“O que se dá é que geralmente se imagina que o ser bom, justo e verdadeiro; o ser probo, sincero e amorável, não requer aprendizagem”, como assinalou belamente o Prof. Pedro de Camargo, no livro O Mestre na Educação. 2 ed.: FEB: 1977, p. 21.

“Educar é desenvolver progressivamente as faculdades espirituais do homem”, disse Pestalozzi, considerado Educador da Humanidade.

“A instrução é mais especialmente a aprendizagem da ciência, a educação é a aprendizagem da vida; a instrução desenvolve e enriquece a inteligência, a educação dirige e fortifica o coração; a instrução forma o talento; a educação, o caráter. A missão da educação é mais elevada, mais difícil a sua arte.” (3)

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Assim, como alguém interessado na sua felicidade e na de todos os seres humanos, espero que, na escola e no lar, você aprenda:

- A desenvolver a inteligência emocional;

- A cooperar, a trabalhar em grupo;

- A ser fraterno e a respeitar o outro;

- A amar as professoras (e a orar por elas);

- A ser cordial: a dizer ‘por favor’, ‘obrigado’, ‘bom dia’;

- A amar a natureza;

- A amar a vida e a Deus;

- E, por fim, que também aprenda a ler e a escrever...

Claro que essa aprendizagem será compartilhada por seus pais, e por todos aqueles que o amamos. Pois há coisas que se aprende é no lar, essa oficina de amor. É a chamada educação de berço. A escola pode desenvolver certas virtudes, mas sua aquisição se faz é na família.

Que seja instruído, mas sobretudo educado; que aprenda a pensar, a amar, a ser útil a si e aos semelhantes, desenvolvendo todo seu potencial de crescimento.

Afinal, que aprenda a ser feliz, e que contribua para a felicidade do maior número de pessoas!

Estes são, querido Saulo, os reais anseios do vovô que o ama e quer que viva em plena Paz, construindo um mundo mais humano, mais fraterno, efetivamente cristão!

 

Bibliografia:

1. CAMARGO, Pedro (Vinícius). Na Seara do Mestre, 4ª ed., FEB, p. 170, 1979;

2. Palestra de José Raul Teixeira, Professor de Física e expositor espírita;

3. A. Cochin, citado no vol. I, do livro “Allan Kardec”, de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, p. 140, 3ª ed. FEB.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita