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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A urgente tarefa


Todos, ou quase todos, acreditam que investir nas crianças, promovendo o seu desenvolvimento moral e intelectual através de uma educação adequada, seria a grande solução para a melhora de nossa humanidade, humanidade essa ainda envolta em tantos equívocos, dentre eles os de ordem religiosa.

Sabemos que é pela educação que as gerações se transformam e se aperfeiçoam, e disso temos tido exemplos dos mais variados que nos indicam os nossos avanços, considerando desde os primórdios dos tempos aos dias atuais. Certamente que já abdicamos de muitos atos de barbárie, muito embora, às vezes, parecer que eles ressurgem como se não tivéssemos andado alguns passos.

Por outro lado, ainda que muitos se encontrem envoltos em ignorância, rudes no trato, destituídos de sentimentos mais nobres, nós, espíritas, acreditamos que a nossa Humanidade já se encontra em processo de transformação que se opera tanto no campo das ideias como também no campo material, pelas modificações de ordem geológicas que deverão mudar muito a paisagem do nosso Orbe.

Assim, se estamos caminhando para um mundo de Regeneração, no qual teremos menos dores, menos infortúnios, embora ainda submetidos às provações, é absolutamente necessário um olhar mais responsável para a criança, pois não basta ensinar a elas os elementos de todas as ciências das quais o mundo se ocupa, mas ensiná-la a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional; não apenas ensinar a ler, escrever e contar, mas, acima de tudo, prepará-las para os embates de ordem moral, fortalecendo-a com princípios éticos, morais, que deverão ser hauridos no seio da família, através dos exemplos de seus genitores, ou daqueles a quem essa tarefa foi conferida.

Além disso, é de extrema urgência o repensar desses tutores no tocante aos ensinamentos religiosos que levam ao fanatismo ou às superstições, comprometendo-se a libertá-las das ideias falsas ou dogmas rançosos que já não atemorizam, antes, resvalam para o campo do ridículo. Desse modo, sem orientação segura e verdadeira do seu papel no mundo e as questões ligadas à vida futura, facilmente serão presas de um materialismo desenfreado, de paixões devastadoras e ilusões sem fim, capazes de promover todo tipo de desordem social.

Por outro lado, uma educação pautada numa concepção exata da vida transformaria toda a face do mundo. A partir do momento que temos o conhecimento de que a vida não se resume a uma única existência, que temos responsabilidades das mais graves no nosso modo de viver, que responderemos, inexoravelmente, pelos nossos atos, não bastando apenas o arrependimento tardio, que o bem e o amor são as únicas portas condutoras da felicidade, tudo será modificado naturalmente. Em assim pensando, certamente estaríamos erguendo o edifício da paz, da solidariedade, da fraternidade em alicerces sólidos. A obra da regeneração social deve começar na criança.

Nunca será demais lembrar que o Espiritismo tem como alvo principal a educação do Espírito, de todos indistintamente, mas, principalmente, da criança, instrumento mais flexível às mudanças.

Desse modo, aqui fica um apelo a todos os pais para que se preocupem sim, com a condução religiosa de seus filhos, não se omitindo em dar-lhes orientação segura, sob o pretexto de que eles poderão decidir por si mesmo quando tiverem amadurecimento para tal mister. E, também, apelamos para todos que têm um compromisso com a Doutrina dos Espíritos, seja na qualidade de dirigente, orador ou divulgador pela escrita, insistindo sempre no aspecto mais relevante da Doutrina que é nos transformarmos moralmente pela reeducação e consciência exata do nosso papel na sociedade, atendendo aos desígnios divinos.

E finalizaria dizendo que, embora muitos tenham sonhos mirabolantes com as obras de grande vulto, cumpre notar, sem lhes tirar o justo valor, que acima delas está a iluminação das consciências, que conta com o coração das mães, a autoridade paterna dentro dos lares, acompanhados por orientação segura espiritual.

Deixemos de lado os desculpismos que resvalam para a preguiça e pensemos com seriedade na educação de nossas crianças.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita