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por Ricardo Orestes Forni

 

Remover qual montanha?


Suponhamos que todo o ser humano já tivesse a fé do tamanho de um grão de mostarda. Ela já seria, segundo esclareceu Jesus, capaz de remover montanhas. Essa afirmação tomada ao pé da letra, pode até soar como uma colocação hilária ao materialista. Mas raciocinemos, entendendo o sentido espiritual dessa afirmativa do Mestre.

Em sendo assim, qual a montanha cada ser humano escolheria para remover? Cada um teria a sua, é a resposta de maior bom senso, diz a lógica.

Por exemplo, que tal remover a montanha do dinheiro de uma loteria acumulada? Evidentemente que essa mudança de local seria dos cofres onde a soma vultosa estivesse guardada para a conta do banco do acertador dos números de seus sonhos.

Poderia também alguém desejar remover a montanha de uma enfermidade grave que ameace a sua vida. Seria uma mudança bem vinda. Sairia do nosso caminho a doença e se restauraria a saúde tão valiosa, principalmente quando a perdemos.

Tenho a impressão que alguma esposa pensaria em remover a montanha de um marido que atormentasse seus dias e a de seus filhos aqui na Terra. Empregaria a fé que já tivesse atingido o tamanho do grão de mostarda, e esse homem, razão dos seus sofrimentos, desocuparia o caminho para que ela pudesse ser feliz nesse mundo.

A pessoa em situação financeira difícil utilizaria a fé para remover a montanha das dívidas, pacificando suas preocupações para conseguir planejar melhor a própria vida.

Enfim, cada um teria com a mais absoluta certeza as suas montanhas para serem removidas por essa fé que já tivesse atingido o tamanho do grão de mostarda. E nossa vida aqui no planeta seria um mar de rosas ou um céu de brigadeiro.

Entretanto, agora vem a seguinte pergunta: qual o verdadeiro objetivo de nossa fé em Deus?

Emmanuel, em um pequeno livro intitulado Amigo, tem uma página brilhante denominada Fé Em Deus.

Recordemos com ele algumas verdades que a reencarnação tenha nos feito esquecer.

A fé em Deus não te arredará das provas inevitáveis, mas te investirá na força devida para suportá-las.

Não te afastará os obstáculos do caminho, entretanto, doar-te-á a significação de cada um deles, para que recebas, em silêncio, a mensagem de que são portadores.

Não te livrará da enfermidade de que ainda precises, no entanto, iluminar-te-á o entendimento para que lhe assimiles o recado salutar.

Não te desligará do parente difícil, porém, ajudar-te-á a aceitá-lo e compreendê-lo em teu próprio benefício.

Não te demitirá dos problemas que, porventura, te ameacem a paz, contudo, dar-te-á serenidade para resolvê-los com segurança.

A fé em Deus, por fim, não te mudará os quadros exteriores de luta, mas infundir-te-á paciência a fim de que compreendas em todos eles os degraus de elevação, de que necessitas, para escalar os cimos da vida imperecível.

Vemos de maneira muito nítida que a fé capaz de remover montanhas existe para amparar o ser imortal em trânsito muito rápido na jornada terrestre. Investir no homem físico resolvendo-lhe os problemas que se constituem nas lições necessárias para o Espírito imortal, seria uma opção errônea já que o túmulo aguarda a todo ser material que um dia despertou num berço trazendo um novo corpo para frequentar a escola da Terra, servindo com o máximo proveito àquele que caminha rumo à imortalidade.

O único pedido que Jesus nos ensinou fazer a Deus na oração do Pai Nosso, foi o pão nosso de cada dia. E ao lado desse pão colocou a condição de que fosse feita a vontade Dele, na Terra como no Céu.

Reencarnamos e o conceito do pão de cada dia se amplia desordenada e erroneamente ao sabor da incompreensão de cada um sobre o porquê voltamos e o que estamos fazendo temporariamente por aqui.

Todo obstáculo maior que traga problemas para o homem físico desejamos remover como a montanha que incomoda e impede a nossa felicidade aqui no mundo físico. Esquecemos de aceitar a vontade Dele na Terra como no Céu.

De que adiantaria o retorno a um corpo material se fôssemos instalados em uma espécie de hotel cinco estrelas e na suíte presidencial na escola da Terra?

Não somos turistas da vida, mas muito pelo contrário, nossa caminhada evolutiva perde-se na incógnita dos milênios!

Cada montanha do caminho constitui o degrau da escada evolutiva dessa espiral infinita que nos leva à perfeição.

Portanto, se a montanha não está fora de cada um, já não passou da hora de entendermos que a fé deve ser utilizada para remover as pesadas montanhas de nossas imperfeições interiores?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita