Brasil
por Carlos Barros

Ano 15 - N° 722 - 23 de Maio de 2021

 

Sorriso de Esperança, o projeto que harmoniza e humaniza o ambiente de atendimento hospitalar em João Pessoa


 

O projeto Sorriso de Esperança, com atuação desde 18 de dezembro de 2006 em ambiente ambulatorial dos
hospitais de João Pessoa, capital paraibana, nasceu de uma ideia que Antônio Gomes Barbosa Sobrinho (67 anos, casado, funcionário aposentado do Banco do Nordeste, natural do município de Petrolândia, PE, submerso pelas águas do Rio São Francisco), teve de levar música para o ambiente de atendimento médico-hospitalar diferente daquilo que era feito no Hospital Napoleão Laureano, localizado em João Pessoa, capital paraibana. Atento aos detalhes, Barbosa Sobrinho percebeu que a harmonização musical feita naquela unidade hospitalar atrapalhava os chamados de pacientes para atendimento nos consultórios.

Como voluntário vinculado à Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), ele dedicava uma hora por semana na recepção e orientação de pacientes vindos do interior paraibano, que esperavam ser atendidos a partir das 6h45, quando o hospital iniciava suas atividades. Quando o hospital abria as portas para acesso aos consultórios, a correria era geral. Todos tinham pressa para chegar primeiro nas filas que se formavam sem nenhuma organização.

Participando de uma reunião com cerca de 100 voluntários, Barbosa Sobrinho, como voluntário da RFCC, expôs sua ideia que era de fazer a harmonização musical antes do atendimento aos pacientes, evitando assim todo o tumulto gerado pela ansiedade deles e de seus acompanhantes que queriam ser atendidos “o mais rápido possível”. A sua ideia foi aprovada. Durante quatro meses o idealizador do projeto Sorriso de Esperança comparecia sozinho, todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, esperava o hospital abrir suas portas às 6 horas, e ficava na base da voz e violão minimizando a ansiedade dos pacientes até às 7 horas.

As primeiras dificuldades, lembra Barbosa Sobrinho, foram superadas com muita paciência e determinação. O projeto não sobreviveria apenas com a sua participação. Faltavam voluntários para dar uma maior implementação ao trabalho de harmonização musical naquela unidade hospitalar. Segundo o idealizador do projeto, os amigos espirituais começaram a ajudar no favorecimento de adesões para que o empreendimento não sofresse problema de continuidade. Foi aí que o Sorriso de Esperança recebeu com fraternal acolhimento Júnior Dias (grupo Acorde), Roberto Dias (Tuaregues), Wallace e Neifa (vocalistas), além do grupo Pagode dentre tantos outros.

Um ano depois, o projeto Sorriso de Esperança contava com cerca de dez voluntários – dois por dia – colaborando com a harmonização do ambiente de atendimento médico-hospitalar do Napoleão Laureano. Nessa caminhada, lembra Barbosa Sobrinho, o projeto chegou ao Hospital Lauro Wanderley – conhecido como HU, dois anos depois, utilizando a mesma metodologia. Ou seja, harmonizando musicalmente o atendimento aos pacientes e acompanhantes, uma hora antes do início das consultas.

O resultado foi tão positivo que acabou chegando “aos ouvidos” do Conselho Diretor do HU. Seus membros registraram em Ata o reconhecimento e os benefícios do trabalho do projeto Sorriso de Esperança naquela unidade hospitalar, a ponto da ouvidora-chefe do hospital – professora Zélia, dizer que “[...] o projeto é muito maior do que vocês pensam!”

Ao longo desses 14 anos de existência e muito trabalho, Barbosa Sobrinho (foto) faz uma avaliação bastante otimista do projeto idealizado por ele:

“O Sorriso de

Esperança contribuiu e pode contribuir muito mais para a melhoria do atendimento nos hospitais onde atua – Napoleão Laureano, Lauro Wanderley e, também, o Hospital da PM General Edson Ramalho. Sempre amenizando a ansiedade e o estresse das pessoas que procuram essas unidades hospitalares, assim como sugerindo a instalação de serviço de som para orientar pacientes e acompanhantes enquanto esperam pelo atendimento; ou para anunciar assuntos de interesse coletivo”.

Espírita portador de mediunidade intuitiva, Barbosa Sobrinho acredita que os amigos espirituais estão sempre marcando presença no projeto, contribuindo com o seu objetivo maior. E ele conta que um vidente espírita, voluntário do projeto, viu um médico e sua esposa (ambos já desencarnados) cantando durante uma harmonização musical no Hospital Napoleão Laureano. Esse médium ao final do trabalho, saindo do hospital, identificou o médico Napoleão Laureano (o espírito que cantava com sua esposa) através de uma fotografia colocada no hall de entrada.

Conhecido e reconhecido no movimento espírita paraibano, Sorriso de Esperança foi aclamado, em 2013, no livro do escritor espírita Jorge Reis – “Músicas Espirituais: Como Acontecem no Sorriso de Esperança!” Em 2015, quando Barbosa Sobrinho ainda trabalhava no Banco do Nordeste, agência Epitácio Pessoa, na capital paraibana, representou a instituição bancária como coordenador do projeto, em junho daquele ano, concorrendo “as dez práticas socioambientais mais significativas lideradas por funcionários em toda a sua área de atuação”. A agência e o coordenador do projeto Sorriso de Esperança ganharam o prêmio.

Ainda em 2015, lembra Barbosa Sobrinho, o projeto concorreu com outras ações de todo País pelas melhores práticas de harmonização no SUS. Acabou recebendo o reconhecimento do Ministério da Saúde e integrando a Rede Humaniza SUS. Em 2016, passou a fazer parte do projeto de extensão coordenado por uma professora da Universidade Federal da Paraíba, tendo em 2017 mantido interesse na integração do Departamento de Música da UFPB ao Hospital Lauro Wanderley. Barbosa Sobrinho queria que as atividades do projeto Sorriso de Esperança fossem feitas em parceria com músicos e alunos daquela universidade.

Quando se fala sobre pequenos projetos que podem dar certo, o idealizador do Sorriso de Esperança toma por base o que ele idealizou em outubro de 2007. E Barbosa Sobrinho explica porquê: “Aparentemente ele se mostra como um pequeno projeto, mas, na realidade, é grande, como bem disse a ouvidora-chefe do Hospital Lauro Wanderley, professora Zélia. É um projeto que, em sua plenitude, pode abranger todos os Hospitais Universitários do Brasil. Fácil de ser implementado, bastaria um toque no coração dos seus administradores para que eles abraçassem a ideia”.

E com os olhos brilhando de alegria pelo dever cumprido ao longo dos 14 anos em que esteve à frente do projeto, Barbosa Sobrinho sugere que, “partindo do princípio de que em toda universidade federal brasileira existe um departamento de música, um projeto similar ao nosso seria autossustentável somente com os alunos e professores de música de cada universidade. Bastava apenas a inclusão na grade curricular para que os alunos estagiassem”.

Ao final desta reportagem, Barbosa Sobrinho ainda lembrou que o projeto também poderia ser integrado aos presídios do País. E, com um sorriso cheio de esperança, aduziu: “Já pensou como seria importante uma escola de música nos presídios, com os próprios presos promovendo manhãs musicais para os demais!

 

Informações complementares

O projeto Sorriso de Esperança, atualmente, está sob a coordenação do jornalista e psicopedagogo Marcos Paterra. Ele nasceu em São Paulo, capital, é casado, tem 56 anos e mora em João Pessoa desde 1999.

Ele foi convidado por Barbosa Sobrinho para assumir o cargo de diretor-presidente. O projeto esteve inativo durante um ano por conta das restrições protocolares contra o avanço da Covid-19. Retomou suas atividades no dia 5 de maio, das 6h45 às 7h45, nas dependências do Hospital da PM Edson Ramalho, em João Pessoa, onde Paterra é funcionário.

O desafio maior para o novo coordenador geral do projeto é compor novas turmas de voluntários, que possam atuar nos demais hospitais da capital paraibana. A pandemia está dificultando todo processo organizacional e distribuição de atividades do projeto.
 

O jornalista Carlos Barros reside em João Pessoa (PB).

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita