Artigos

por José Reis Chaves

 

Por que penas eternas e não sempiternas?


A maioria dos que são  nossos leitores já sabe a diferença entre as palavras ‘eterno’ e ‘sempiterno’ nos textos da Bíblia. Porém, vou explicá-la novamente e com mais detalhes, por atenção aos nossos novos leitores, o que farei no corpo desta matéria, onde há mais espaço para uma abordagem melhor do assunto, que é bastante complexo e desconhecido do grande público.

O adjetivo ‘eterno’, em grego “aionios”, significa tempo indeterminado e não sem fim como foi entendido por parte dos teólogos do passado. Aliás, desde o início do cristianismo, sempre houve uma tendência de parte dos teólogos para exagerar, não tanto o amor de Deus para conosco, mas para exagerar as ameaças Dele contra os que não obedecem às suas Leis, o que se deve muito às influências das ideias vingativas de Deus do Velho Testamento. Assim, de fato, em vez de interpretarem as palavras “aionios” em grego e ‘eterno’ em português, com o sentido correto de ‘tempo indefinido’, parte dos teólogos entendeu erradamente essas duas palavras, dando-lhes o sentido de ‘tempo sem fim’ ou ‘para sempre’.

“Ateleíotos” em grego é que significa ‘tempo sem fim’. E, em português correto, é traduzido por ‘sempiterno’. Já “aionios”, como já vimos, é tempo indefinido, traduzido para o latim “aeternus” e o português ‘eterno’.

Pelo exposto, vimos que está correta a tradução de “aionios” por ‘eterno’, mas a interpretação desse termo ‘eterno’ por ‘tempo sem fim’ é que está errada, mas, lamentavelmente, assim ficou em nossa língua e outras de alguns teólogos de todos os tempos. Poderíamos dizer, talvez, que são fenômenos variáveis da Linguística, envolvendo a linguagem clássica dos literatos e a linguagem simples do povo. Reiterando que “aionios” no grego é tempo indefinido, lembramos que no hebraico do Velho Testamento, também, há o termo equivalente ao do grego “aionios”: “ôlam”, cujo sentido é igualmente tempo indefinido, desconhecido. E eternidade, no sentido que entendemos hoje em grego, é “aidios”, e, em latim, como já vimos, é “sempiternus”. Ademais, na Bíblia se fala em mais de uma eternidade. “Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade em eternidade.” (Salmos 103: 17).

O Mestre dos Mestres disse: “Ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo” (São Mateus 5: 26). Isso quer dizer que, pago o último centavo, o indivíduo não vai pagar mais nada, e nos mostra que ‘eterno’ (“aionios” em grego e “aeternus” em latim significam mesmo um ‘tempo indefinido e não sem fim, que seria em grego “ateleíotos”, em latim sempiternus e em português sempiterno. As penas são mesmo ‘eternas’ e não ‘sempiternas’. E isso joga por terra totalmente as chamadas “penas eternas do inferno”!

 

José Reis Chaves é autor de recente tradução do Novo Testamento, em que se destacam os comentários das notas em negritos, com letras maiores e lineares. Informações com a Editora Chico Xavier, tel. (31)3635-2585.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita