Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Criança precisa de poesia

 

Poesia é arte, é a beleza descoberta em alguma coisa ou em nós: é um sentido especial que o mundo adquire de repente; é uma forma peculiar de atenção que, com simplicidade e verdade, vai até a raiz das coisas para revelá-las de uma nova maneira. Nelly N. Coelho


Gosto de poesia. E desde meninazinha. No meu mundo de adulta sempre cabe mais de um livro de poemas. Cecília Meireles e Mario Quintana têm lugares garantidos, ao lado de Jorge Luis Borges, o poeta argentino.

“Poesia é a infância da língua”, escreveu Manoel de Barros, o poeta pantaneiro. Manoel está correto. Por isso, penso, as crianças precisam de poesia. De ter assegurado um contínuo acesso a textos poéticos, lembrando que no universo infantil emergem inúmeros desafios, como a linguagem, a alteridade.

Ter acesso à poesia no começo da vida ajuda a criança a explorar musicalidade, o imaginário naturalmente suscitado pelas palavras poéticas. Porque “poesia para ser bela tem que ter a seriedade do brincar”, avisou Manoel de Barros com tom pedagógico…

Sem dúvida, entre poesia e infância há laços manifestos que promovem estímulos diversos e a afinação da sensibilidade. Deparamo-nos, pois, com o mundo descoberto-redescoberto. Ainda, a poética dedicada à infância pode disponibilizar a uma pessoa em desenvolvimento, em seus primeiros estágios da existência, alguns aspectos importantes como a experiência estética e o espírito criativo.

Com os poemas, a criança encara, por exemplo, o desafio de significar símbolos, emoções: alegria, tristeza, raiva, medo. A presença de rimas também instrui o leitor infantil algo vivo, pulsante. Também, a todo momento, temos o teor lúdico participando do recheio dos versos.

“A flor com que a menininha sonha/ está no sonho?/ ou na fronha?”, indaga Cecília Meireles.

Tão importante quanto comer, respirar, é mostrar às crianças a importância da cultura, da arte, da poesia. Não hesite, portanto, em apresentar  ao seu filho ou à sua filha poemas e autores,  pois o mundo infantil, tal como o mundo poético, é permeado de imagens, fantasia e sensibilidade. E, segundo o poeta José Paulo Paes, “poesia é brincar com as palavras/como se brinca com bola, papagaio, pião/só que bola, papagaio, pião gastam/as palavras não...”

 

Referência:

Cf. Coelho, Nelly Novaes. A literatura infantil: história, teoria, análise: das origens orientais ao Brasil de hoje. 2. ed. São Paulo: Quíron/Global, 1982.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita