Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

  

No serviço do Senhor


Não basta, meus amigos, converter o Espiritismo num aparelhamento complexo de afirmações doutrinárias para realizarmos a tarefa conferida às nossas mãos nos tempos que ocorrem.

Não basta enfileirar princípios e amontoar teses complicadas no campo da ciência, da filosofia, da religião.

É indispensável viver a Espiritualidade Maior, portas adentro da luta a que fomos chamados.

Não nos encontramos, desencarnados e encarnados, a serviço de programas verbalísticos, de plataformas e promessas sem expressão substancial.

Lamentável seria se fôssemos convocados à mera criação de processos dogmáticos, organizando novos movimentos de separatividade.

O Espiritismo que no reúne os corações e as energias é iniciativa libertadora de consciências.

Nosso lema, ainda e sempre, é aquele novo mandamento do “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

A escola doutrinária está repleta de instrutores e servos, de mordomos e trabalhadores incontáveis, entretanto Jesus é, acima de tudo, o nosso Mestre Divino.

Não temos, desse modo, outra fonte de lições, outro manancial de princípios fundamentais.

Compete-nos, tão somente, aliar sentimentos e raciocínios, movimentando as nossas mãos a serviço do Supremo Bem.

Descuidados e felizes no refúgio de vossas possibilidades individuais, limitados à esfera imediata onde situais vossas esperanças do momento, mal percebeis a onda renovadora que vos ameaça, tempestuosa e violenta.

O materialismo dissolve os mais sublimes sacrifícios que a Espiritualidade levantou na crosta do mundo.

Subterrânea guerra de ideologias eleva-se em todos os setores da evolução social e doméstica.

Atritos gigantescos, no domínio do pensamento, trazem perspectivas de soçobro, de angústia e crise.

De mãos sangrando ainda, da luta em que perdeu patrimônios sublimes da civilização, a humanidade não ensarilhou as armas do ódio, da vingança, do despotismo.

Nossas palavras permanecem aquém dos mínimos conceitos da realidade moderna.

Entretanto, é neste minuto atormentado que somos trazidos à arena dos princípios,   para consagrar-nos à reconstrução do templo sagrado do Espírito.

Não vos iludais. Trabalho enorme aguarda-nos as mãos na sementeira de amor cristão, da fé viva e da concórdia.

Não fomos convocados em vão ao movimento libertador.

E, enquanto o intelectualismo da Terra faz o serviço de inteligência dos partidos e da política simplesmente humano, levaremos a efeito o serviço do amor de Jesus, convictos, porém, de que semelhante tarefa exige esforço, sacrifício e renunciação.

Para a execução dessa tarefa salvadora unamo-nos em torno da paz espiritual que semeia com o Cristo para a eternidade. Certamente seremos defrontados por pedra e lama, espinhos e trevas.

A incompreensão sempre se mantém a postos para destruir os realizadores da Verdade Suprema e do Infinito Bem. Todavia, irmanados, no templo da Revelação Nova, onde o nosso cântico de adoração é o hino do trabalho incessante, constituiremos com o Mestre Divino aquele “Sal da Terra”, destinado a condimentar a alegria de viver.

Não nos descuidemos no setor de luta onde fomos colocados pelos Supremos Desígnios e, firmes no ideal de servir em nome do Senhor, esperemos em sua misericórdia, cooperando no bem e ensinando a verdade, acendendo a luz da esperança e destruindo as sombras do mal, enriquecendo o Céu do novo entendimento e esvaziando o inferno da ignorância, confiantes na Bondade do Supremo Senhor, para cuja Sabedoria Infinita até os cabelos de nossa cabeça estão contados.


Do livro Doutrina e Aplicação, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita