Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Ensinar inteligência emocional para as crianças


A educação para o sofrimento evitaria senti-lo com relação a casos que não o merecem
. Carlos Drummond de Andrade


Daniel Goleman define inteligência emocional como “a capacidade de reconhecer os nossos próprios sentimentos, bem como os alheios, de motivar-nos e de saber manejar as nossas emoções”.

É certo que as crianças, juntamente com outras habilidades, necessitam desenvolver sua inteligência emocional. Saber identificar/compreender suas próprias emoções e as emoções dos outros, lidar com elas e ser capaz de controlar e adequar as emoções às situações distintas que se apresentam na vida, é essencial para um desenvolvimento infantil saudável.

As emoções se desenvolvem durante todo o ciclo da vida, e é óbvio que não é possível sentir toda a gama de emoções possíveis no início da vida. Contudo, e segundo diversos estudos, é importante começar a educar as crianças para trabalhar as emoções a partir dos 2 anos de idade – e essa educação vai gerar impacto durante toda a vida do indivíduo.

Na primeira infância, o principal modelo e “referência” para as crianças são seus pais, pois nessa fase elas aprendem por observação, principalmente.

Com ensinar inteligência emocional para as crianças?

Desde o começo da vida é importante que os pais, responsáveis e professores ensinem a criança a pensar e se expressar sobre o que ela está sentindo. Ainda, não basta ensiná-la a pensar sobre isso, mas é fundamental fornecer a ela ferramentas para que consiga controlar, canalizar e lidar com as emoções.

Em casa, o processo de aprendizagem emocional precisa estar articulado com uma comunicação clara dos pais em relação à criança. Para as crianças pequenas, o ideal é sempre utilizar uma linguagem simples, emitindo mensagens curtas e de fácil compreensão. E o discurso deverá ser apoiado por ações/atitudes de exemplo.

Não adianta explicar à criança que não é certo gritar com as pessoas quando elas fazem algo de que não gostamos e, na mesma hora, o pai gritar com a mãe à mesa, por exemplo. A ação sempre terá mais força do que o discurso em termos de exemplo a ser seguido.

Dar nome às coisas facilita o pensamento/compreensão. Alguém de semblante sisudo, para uma criança pequena, será provavelmente alguém bravo. É importante, então, ajudá-la a identificar a emoção e fazer a distinção: triste, bravo, enfadado, frustrado…

Dia a dia, é essencial possibilitar à criança colocar em prática a inteligência emocional, e, sem o adulto, antecipar necessidades emocionais. Em outras palavras, não é pedagógico tentar evitar que a criança sofra ou sinta algo negativo, pois tristeza, decepção, raiva, frustração, tudo isso faz parte da vida. De outro lado, não esquecer de ser um porto seguro nos momentos de dificuldades, medo, fracasso, perdas.

Com crianças mais velhas ou pré-adolescentes, a comunicação e a empatia são fundamentais. Ajude seu filho a se expressar e a entender como é possível lidar com suas emoções – e sem prejudicar a si mesmo ou a outras pessoas.

A inteligência emocional dos filhos depende muito da inteligência emocional dos pais, das pessoas que convivem diariamente com a criança… Logo, os pais precisam cuidar com atenção, amor e responsabilidade da própria inteligência emocional a fim de educar emocionalmente os próprios filhos.


Notinha


Crianças menores, por exemplo, costumam fazer birras por não terem ferramentas para lidar com suas frustrações de outra forma. Na hora da birra, o ideal é esperar a criança se acalmar e conversar com ela sobre o que está sentindo e oferecer alternativas para lidar com isso – inspirar/expirar lentamente por alguns minutos, andar a pé na rua ou em uma área com árvores são medidas que costumam ajudar a criança a descongestionar as emoções mais densas, como raiva, tristeza, frustração…

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita