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por Claudia Gelernter

 

Não te deixes vencer pelos obstáculos!


Na atualidade, ouvimos, de todos os lados, lamentos sem fim (e de toda ordem). Vejamos:

“Perdi parente para o vírus…”;

“Meus negócios não vão bem… a crise nos levará ao caos…”;

“Minha saúde ficou abalada…”;

“Não suporto mais o isolamento social…”;

“Detesto ter aulas on-line…”;

“Como conciliar casa, trabalho, segurança? Sinto-me sem forças...”;

“Muito difícil estar em casa com meus familiares…”;

“A máscara me sufoca…”;

“Chato demais usar álcool a todo momento…”; 

Etc.

Vale dizer que os lamentos humanos não são de hoje, fruto de uma pandemia, mas sempre estiveram presentes, com ou sem crises humanitárias como a que estamos experienciando.

Por certo os desafios se agigantaram, sabemos.

Por outro lado, temos consciência de que também as oportunidades estão presentes, a cada dia, como diamantes sagrados a brilharem em cada segundo da existência.

  Nunca antes aprendemos tanto e tão rapidamente sobre o uso das tecnologias;

  Convocados ao lar, podemos desenvolver melhores pontes de diálogo com todos, além de trabalharmos arestas e conseguirmos (re) aproximações necessárias;

  Em nossas casas, a possibilidade de cuidarmos dos ambientes com maior atenção e esmero;

  Dadas as circunstâncias, maior facilidade para separarmos o real do ilusório, o necessário do supérfluo, o urgente do pueril, o importante do irrelevante etc.

  Oportunidade de internalizar, refletir, meditar sobre si mesmo e também a respeito do que se deve fazer (ou deixar de fazer) no mundo;

  Possibilidade de revermos projetos, sonhos, intenções no hoje, curto ou mesmo a médio e longo prazos;

  Revisitarmos a filosofia que norteia nossa própria existência (“tenho seguido minha crença ou não?”. “Diante dos desafios, como tenho reagido? etc.)

Com sabedoria, já nos perguntava o dito popular: Afinal, queremos achar culpados ou soluções?

Vírus, governos, sistemas, personalidades, egos…

Podemos seguir na caça de muitos dos culpados para nossas mazelas e os encontraremos, por certo. Principalmente a nós mesmos!

Entretanto, muito mais importante e urgente refletirmos sobre possíveis soluções.

E, confiando no bom senso, de início já podemos considerar que desânimo e reclamações de nada adiantam.

Aliás, só atrapalham…

No livro O Espírito da Verdade, de autores diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, o Espírito Lameira de Andrade, no texto de título “Provas Decisivas” (cap. 68), nos chama a atenção para essa questão.

Relembra-nos o benfeitor espiritual que, desde os primórdios, todos os grandes vultos da humanidade passaram por provas decisivas, por desafios imensos! Desde Cervantes - que preso e paralítico de sua mão esquerda, ainda assim deixou um enorme legado à literatura - até o Dr. Bezerra de Menezes, que no final de sua encarnação e, apesar de sua situação de intensa miséria material, tornou-se um Grande Apóstolo do Cristo, Lameira desfila exemplos e nos alerta para a realidade de que todos nós, na Terra, somos Espíritos endividados e ignorantes, necessitados de aprendizagens e experiências refazedoras,  de todos os matizes e que, em razão disto, não devemos nos deixar vencer pelos obstáculos.

Explica ele que “a resignação humilde, a misturar lágrimas e sorrisos, anseios e ideais, consolações e esperanças, constrói sobre a criatura invisível auréola de glória que se exterioriza em ondas de simpatia e felicidade”. 

E, finalizando o belíssimo capítulo, nos aconselha, resoluto: “Quando o carro de tua vida estiver transitando pelo vale da aflição, recorda a paciência e continua trabalhando, confiando e servindo com Jesus”.

Trabalhar, confiar e servir com Jesus…

O que significam, na prática, estes três verbos, destacados pelo Benfeitor?

Seguir no mundo, produzindo bons frutos, seja na profissão, no lar, com os amigos, colegas etc. Confiar na Vida, em Deus, pois a providência Divina jamais erra da dose, no conteúdo ou no endereço… Seja na taça de vinho ou no cálice de fel, cada qual recebe conforme suas necessidades e forças. Ademais, o Pai jamais desampara seus filhos, sabemos.

Por fim, quanto a servir com Jesus, sabemos que, muito distante de nos perdermos em reclamações, precisaremos, de nossa parte, aceitar os desafios com fé e esperança, fazendo pelos outros aquilo que gostaríamos para nós. Levarmos a semente do Reino de Deus ao mundo, a partir do nosso próprio coração, sem nos negarmos aos sacrifícios, ainda necessários. Aliás, exatamente como nos ensinou o Espírito Emmanuel, no livro Palavras de Vida Eterna (psicografia de Francisco Cândido Xavier):


“Nosso primeiro impulso é o de reclamar naquilo que supomos nosso direito; contudo, buscando a palavra do evangelho, surpreendemos a inesquecível advertência do Senhor: ”Que te importa a ti? Segue-me tu!”


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita