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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

Como obter a cura espiritual?


A obra “Nosso Lar”, publicada pelo espírito André Luiz e pelo saudoso médium brasileiro, Chico Xavier, versa sobre as experiências de André no mundo espiritual após a sua desencarnação. Ela continua a ser fecunda nas suas entrelinhas e resolvi abordar o 6º capítulo, intitulado “Precioso Aviso”.

Nesse referido capítulo, André ainda se encontra em recuperação, ou seja, internado e recebe a visita de Clarêncio e outro atencioso visitador.

Clarêncio lhe perguntou: “Como vai? Melhorzinho?”

Ao ser questionado, André apresentou várias queixas, falou da própria existência, sentia-se um miserável e injustiçado e chorou bastante! Clarêncio e o visitante não interromperam a narrativa de André. Após um tempo, o ministro levantou-se sereno e falou sem afetação: "Meu Amigo, deseja você, de fato, a cura espiritual?". Ao que André responde afirmativamente. Então, continua Clarêncio: “Aprenda então a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios”.

O nobre mentor discorre, então, sobre a alegria de viver, a bênção do trabalho e o objetivo de se criarem novas condições mentais para o porvir. Além, claro, de chamar a atenção de André pelas vantagens que teve quando encarnado.

Diz o mentor: “Não disputava você, na carne, as vantagens naturais, decorrentes das boas situações? Não estimava a obtenção de recursos lícitos, ansioso de estender benefícios aos entes amados? Não se interessava pelas remunerações justas, pelas expressões de conforto, com possibilidades de atender à família? Aqui, o programa não é diferente. Apenas divergem os detalhes. Nos círculos carnais, a convenção e a garantia monetária; aqui o trabalho e as aquisições definitivas do espírito imortal”.

Portanto, a lição que fica diz respeito à nossa conduta mental no Além, bem como a disposição em ser útil e, com isso, aparar as próprias arestas e construir um caminho de paz e segurança. É lícito sentir saudades dos entes queridos, é louvável a preocupação, sobretudo, quando não temos notícias dos entes queridos nos primeiros momentos no mundo espiritual. Mas, a lição repassada por André refere-se ao nosso comportamento deletério de não aceitação da realidade; a chaga da culpa; do remorso; da revolta... que são obstáculos para a nossa própria felicidade espiritual.  

Modificar, portanto, o panorama mental; não reclamar dos desafios; mudar a forma de encarar os fatos, vê-los de maneira otimista e esperançosa, tornam a nossa condição espiritual melhor. Consequentemente, obtemos a cura dos nossos males.

O tempo, mais ou menos longo, que permaneceremos nos parques hospitalares do mundo espiritual quando desencarnarmos (se tivermos merecimento, registre-se) está condicionado à nossa conduta mental e à nossa disposição íntima em ver as coisas com otimismo e, sempre, confiantes na Bondade do Sempiterno.

Tudo o que alimentamos cresce. Se, portanto, alimentamos tristeza, rancor, mágoa, desencanto existencial, abrigaremos em nosso mundo íntimo esses sentimentos negativos e permaneceremos doentes. E o contrário também é verdadeiro. Ou seja, se alimentamos amor, paciência, compaixão, otimismo, esses sentimentos nobres ganham guarita em nosso espírito e nos tornamos mais leves.

Como, então, obter a cura espiritual? Com a disposição firme no bem. Sem reclamar, sem guardar lixo n´alma e disciplinando os lábios do negativismo. Além, claro, da prática constante da caridade material e, principalmente, moral, a começar com o próximo mais próximo no lar, no trabalho, no ambiente de estudos...


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita