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por José Reis Chaves

 

Alterações das traduções bíblicas novas


As alterações da Bíblia sempre ocorreram, principalmente com as traduções adaptáveis às novas doutrinas criadas.

Escrevendo ou falando sobre a Bíblia, por mais de meio século, em meus livros (dois lançados em inglês nos Estados Unidos), em rádio, tv, palestras pelo Brasil e Portugal, escrevendo uma coluna em O TEMPO desde 2000, tendo eu, inclusive, estudado para padre Redentorista e traduzido o Novo Testamento, daí que venho notando que as traduções bíblicas novas têm alterado os textos de ideias espíritas e da reencarnação, o que, aliás, não é surpreendente, pois os tradutores, geralmente, são padres e pastores.

Vejamos um exemplo numa Bíblia antiga de 1930, entre outros, de João de Almeida, em Êxodo 20: 5, que diz: “... eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, ‘na’ terceira e ‘na’ quarta geração daqueles que me aborrecem”. Esse texto demonstra que o próprio Espírito que pecou no passado, agora, reencarnado em um dos seus descendentes: neto (terceira geração) e bisneto (quarta geração) é que paga seus pecados. (Ver esse texto citado numa Bíblia). E é comum um Espírito reencarnar num de seus familiares, o que reforça a ideia da reencarnação no texto. Mas os tradutores novos trocaram a preposição ‘em’ com seu artigo ‘a’ (‘na’) pela preposição ‘até’, preposição essa que, além de ocultar a ideia da reencarnação, complica a justiça divina (lei de causa e efeito), pois, coloca Espíritos pagando pecados de outro Espírito, o que a Bíblia condena (Ezequiel 18: 4). Também a Vulgata Latina de são Jerônimo está de acordo com as traduções antigas: “In tertiam et in quartam generationem” (‘Na’ terceira e quarta geração).

A FEB publicou uma coleção de comentários bíblicos de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, adotando as ideias da Bíblia de Jerusalém, provavelmente, querendo dar àquela sua coleção uma característica ecumênica, o que é louvável. Porém, algumas dessas ideias são confusas e que, pois, deveriam ser evitadas. Por exemplo: o texto de 1 Coríntios 15: 44: “Semeia-se (sepulta-se) corpo material ou animal, ressuscita corpo espiritual”. Por que a Bíblia de Jerusalém e a citada coleção da FEB colocam no lugar de corpo animal ‘corpo psíquico’? Esse corpo psíquico é “vencido”, pois tinha uma “psique” nele somente enquanto era vivo!

Essa mudança não confere com a expressão em grego “soma fuxikov” (corpo animal, material) e está trazendo muita confusão para os que têm a Bíblia como um livro que contém muitas verdades importantes para os católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos e espíritas, que querem saber o porquê das alterações!



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita