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por Wellington Balbo

 

Vamos falar de posvenção?

 

É chamado de posvenção os cuidados e atenções dedicados aos familiares e amigos de alguém que interrompeu a existência ao cometer o suicídio.

O suicídio é um evento traumático e que atinge um bom número de pessoas que estão no entorno de quem cometeu o ato.

É algo que marca familiares e amigos pela vida toda. Na questão que envolve a morte, o que a torna mais ou menos dolorosa é o seu contexto. Uma coisa é a partida de um ente querido por doença de longo curso. Outra coisa é a morte por suicídio.

Portanto, quando se fala em posvenção está, também, tratando do tema prevenção, pois cuidar dos enlutados, dedicar-lhes atenção, é prevenir outros suicídios e diminuir a dor da família e amigos abalados pelo contexto da morte do familiar.

Por isso, diante do preâmbulo e de como a posvenção é uma prática significativa, escrevo aos amigos espíritas para compartilhar ideias que surgiram após a pesquisa de campo que venho realizando há alguns anos sobre a referida temática.

Quero aqui falar sobre os cuidados ao abordar os familiares e amigos enlutados e que, por questões naturais, haja vista que o Espiritismo aborda muito bem os temas referentes à vida e à morte, procuram o centro espírita para receber o tão esperado consolo e paz ao coração.

Compreendo a boa vontade de alguns amigos espíritas que, ao se depararem com familiares enlutados pelo suicídio de algum afeto, indicam a literatura espírita como bálsamo à alma.

De fato, por ser consolador, o Espiritismo tem em sua literatura bons livros para serem indicados no trabalho de posvenção.

Contudo, alguns livros espíritas podem causar mais mal do que bem ao familiar enlutado, e é neste ponto que o espírita deve prestar bem atenção.

Livros que trazem alta carga de dramaticidade, com relatos dolorosos dos Espíritos que cometeram o ato do suicídio devem ser evitados, assim como deve ser evitada aquela visão muito próxima do inferno católico, vale dos suicidas e tantas outras coisas que podem causar dor ao familiar enlutado.

Antes de sugerir alguma leitura ou de proferir frases de efeito, recorde-se que você está atendendo alguém que passa por uma dor muito grande, que é a do luto pelo suicídio.

Lembre-se, portanto, que o objetivo é acalmar o familiar ou amigo e não assustar.

No trabalho de posvenção é importante destacar o Espiritismo que valoriza a vida e a esperança, a mostrar que não há penas eternas e nenhum Espírito está perdido, sem o amor de Deus.

Este perfil de consolo e esperança necessita ser trabalhado para que as famílias enlutadas vejam que apenas o corpo morreu, mas o Espírito é imortal, o que, certamente, ao menos diminuirá a dor pela forma da partida e a natural saudade advinda da separação, além de, é claro, colaborar para que outros suicídios não venham a ocorrer no seio da família enlutada.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita