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por Waldenir A. Cuin

 

Aprendendo a repartir


“Não retenhas, assim, os valores que entesouraste. Não desconheces que o pão excessivo é o prato do vizinho em necessidade.” (Emmanuel, no livro Justiça Divina, psicografia de Francisco C. Xavier.)


Viver para si e preocupar-se tão somente com os assuntos que dizem respeito aos interesses próprios são atributos exclusivos dos egoístas.

Caminhar pela vida espargindo dádivas em favor dos outros, direcionando as ações na plantação da paz alheia é comportamento típico dos fraternos e solidários.

Os primeiros se fecham, trancando as possibilidades de crescimento interior, e consequentemente neutralizando as chances de serem felizes, os segundos se abrem, ampliando sobremaneira os limites do progresso íntimo, criando amplas oportunidades de viverem em paz, pois que os homens somente terão a plenitude de suas realizações vivendo em sociedade.

Dessa forma, observemos nosso âmago, verifiquemos nossa potencialidade, relacionemos as conquistas já feitas e saiamos a repartir do que temos àqueles que seguem à nossa retaguarda.

A felicidade verdadeira somente atinge seu ápice quando sabemos distribuí-la junto aos irmãos do caminho.

A fortuna na mão de uma só pessoa faz nascer a sovinice, engendrando ruínas e desperdícios, no entanto, utilizada na geração de empregos e distribuição de rendas origina o bem-estar entre as criaturas.

O conhecimento retido pelo sábio poderá fazê-lo insensível e indiferente, no entanto, oferecido aos outros cria a possibilidade do intercâmbio cultural esparramando luzes e clareando entendimentos.

A experiência adquirida nas lutas da existência muito serve ao seu detentor, no entanto, ofertada ao povo se prestará a socorrer milhares de irmãos que buscam por dias melhores.

A força que possuímos é ferramenta de trabalho e progresso carreando os nossos ideais, no entanto, quando a dividimos com os mais fracos torna-se uma alavanca de incentivo aos mais carentes.

A coragem é instrumento de determinação nas mãos do homem perseverante, no entanto, exemplificada na multidão será alento àqueles que vacilam e temem pela própria sorte, sem o ânimo da ousadia.

A fé raciocinada, que dá a certeza de que nunca estamos sozinhos nas estradas do mundo, muito coopera para que atinjamos nossos objetivos, no entanto, informada ao próximo, servirá também para que ele logre alcançar também as suas metas.

A compreensão que já adquirimos ante as experiências da vida pacifica o nosso coração, serenando nossas realizações, no entanto, demonstrada aos mais agitados, contribuirá para que eles também se amoldem aos princípios da tranquilidade.

Enfim, todas as virtudes e conquistas que já amealhamos são bens adquiridos e devidamente retidos em nosso arquivo existencial, mas somente refletirão os resultados a que se propõem quando chegam ao domínio popular, onde as pessoas possam servir-se deles, procurando também pela paz e pela felicidade.

Não olvidemos, reter os valores já conquistados em nosso coração é fechar o bem dentro de nós mesmos, com grandes e graves prejuízos, pois se a fonte se torna cada vez mais límpida à medida que flui maior quantidade de água, nossa felicidade será sempre maior na proporção da felicidade e do bem que plantarmos no coração do próximo.

Sem demora, aprendamos então, a repartir.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita