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por Yé Gonçalves

 

Uma questão de treinamento


Quando estamos em busca de um objetivo, e esse objetivo tem um valor especial para nós, devemos empregar todos os esforços possíveis para alcançá-lo; sabendo que, durante o percurso, encontraremos muitas pedras no caminho, que devem ser, por nós, retiradas. Para isso, precisamos de treinamentos constantes, imprimindo força de vontade, disciplina e persistência.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVII, cujo título “sede perfeitos”, temos a seguinte recomendação do mestre Jesus:

“Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam. – Porque, se somente armardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? – Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.” (Mateus, capítulo 5, versículos 44, 46 a 48)

Quanto à passagem evangélica em pauta, “sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial”, a doutrina espírita nos esclarece que a recomendação do mestre Jesus é para que nos esforcemos para alcançarmos o objetivo de perfeição espiritual a que somos suscetíveis, ou seja, a relativa; pois, a perfeição absoluta, é somente de Deus, que é a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, conforme ensina a primeira questão de O Livro dos Espíritos.

Para isso, precisamos treinar, amando os nossos inimigos, fazendo o bem a quem nos odeia e orando pelos que nos perseguem e nos caluniam, o que exige de cada um de nós um esforço maior, na vivência da caridade.

É necessário treinarmos a nossa forma de agir e de pensar, educando e direcionando o pensamento para o bem de todas as pessoas, inclusive em favor daquelas que nos ofendem e nos odeiam. É fazer chegar até elas as nossas vibrações de paz e de perdão.

Logo, a recomendação do mestre Jesus, na passagem evangélica acima, tem o propósito não apenas no tocante às questões religiosas; mas, que se torne a nossa filosofia de vida, o nosso “modus vivendi”, vivenciando a benevolência para com todos, a indulgência para com as faltas alheias e o perdão das ofensas (Questão 886 de O Livro dos Espíritos).

Devemos ter isso em conta, pela nossa busca evolutiva e por uma questão de saúde, para que tenhamos a sensação de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, conforme definição proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que vai nos tornar mais leves, donos de nós mesmos, de consciência tranquila, pessoas melhores e desapegadas das mesmices do cotidiano.

Então, precisamos treinar a perfeição em cada situação em que estivermos envolvidos, naquelas que nos dão a oportunidade de desenvolver o autoamor e o amor ao próximo, a fim de nos libertarmos das amarras que dificultam a nossa caminhada evolutiva.

A título de sugestão, podemos começar pelas pequenas ações do dia a dia, através da prática da oração, dos momentos que nos pedem um pouco mais de tolerância e de paciência; e, ao recebermos uma ofensa, que mentalizemos e nos tranquilizemos no entendimento de que se trata de mais uma oportunidade de treinamento para o alcance da nossa melhoria espiritual.

Portanto, sigamos em frente, certos de que a eficácia da nossa busca é uma questão de treinamento.

 

Referências:

CAJAZEIRAS, Francisco – O valor terapêutico do perdão. Editora EME: Capivari-SP.

KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB: Brasília-DF.

KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB: Brasília-DF.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita